quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

A POSTURA DE UM POSTE





FACÃO SEM CABO

Ouve-se na voz popular, que os Estados Unidos é o pais das grandes oportunidades. Seria isto verdade?

Para aqui me mudei em 1987 e posso dizer pela experiência vivida que esta assertiva é verdadeira. O cara neste pais que trabalha, acha o seu lugar e para tal tem, ou pelo menos tinha as chances para desenvolver todo o seu potencial, pois, podia adquirir sua casa própria com 30 anos de financiamento a juros de 5,5% anuais e uma entrada que até um ano atrás era de 5%. Formava-se auxiliado pelo governo em programas que poderiam ser pagos cinco anos depois de ter iniciado suas novas funções profissionais. Tinha uma carro financiado em 4 ou 5 anos a juros de menos de 4% anuais. Enfim, a esta pessoa eram dadas as ferramentas básicas para ele florescer. Evidentemente se as possuísse, pois, neste pais ainda não foi criado aquela instituição que dá luz a cego. Dada não. Pois aqui tudo tem seu preço. Diria gentilmente facilitadas, por que aqui não existe o sistema paternalista da sardinha de graça sobre a sua mesa. Você recebe pelo que paga. Dá-se o valor a aquele que o prova merecer.

Outrossim, não muitos ficam ricos, da noite para o dia. Apenas os que ganham na loteria. Tudo é alcançado a médio e longo prazo.

Para mim o pais das oportunidades é o Brasil. Porque assim afirmo? Vejamos. Um cara pode ser um auxiliar de gerência em um zoológico em Campinas e de repente monta uma empresa virtual - daquelas que só existem no papel - e vende 50% da mesma a um forte grupo de telecomunicação por milhões de dólares, bastando para tal seu pai ter força no governo. Talvez o termo país das oportunidades não seja o que melhor defina o Brasil e sim o país das tacadas.

Tacada aqui modifica de um dia para o outro o status social e financeiro de qualquer cidadão se ele for muito bem relacionado. Para se ter uma ideia, no meu tempo, qualquer pai gostaria que seu filho fosse, médico ou engenheiro. Hoje prefere que ele seja politico, ou advogado, pois, depois dos banqueiros são as classes que mais ganham dinheiro no Brasil. Pois, nunca se roubou tanto neste pais como agora, em uma gestão que para angariar poder e mantê-lo, faz alianças com qualquer que seja, daquelas que minha vó Adelina intitulava as de coça as minhas costas que eu coço as suas. Não há mais preocupação com ideologia, credo ou interesses sociais. Coça a minha que eu coça a sua e pronto. Está estabelecida uma sólida aliança. Currais eleitorais são somados e eleições garantidas.

Viu seu Collor, o seu erro foi tentar organizar e afunilar esta pouca vergonha por um canal, que não era feito de PVC e sim de PC. Se você deixasse todo mundo colocar a mão, fluir em um grande pomar e não apenas em um jardim particular da Dinda, poderia tranquilamente ter completado 8 anos de mandato. Foi egoísta, lhe racharam ao meio.

O Brasil é o pais das tacadas. E pasmem, me lembra muito a antiga Roma. Esta conquistava algum pais alhures, o delapidava, dividia o lucro entre seus mandantes e seu exército e mantinha o povo contente propiciando a eles espetáculos circenses, tais como: corridas de bigas, alimentação dos leões tendo como cesta básica os cristãos, embate de gladiadores e outras coisitas mais. Nós temos o carnaval, o futebol, a bolsa família, a cesta básica, etc...

Não sei onde isto nos vai levar. Sei apenas onde foi levada Roma...

O gaúcho tem uma expressão própria e regional quando a gente quer dizer que alguém está se fazendo de grande coisa, sem ter as condições mínimas de bancar suas pretenções: A esta situação a turma do Guaíba denomina Facão sem cabo. Pois é o Brasil me parece um Facão sem cabo. O povo na verdade come mais, os ricos se tornam mais ricos e a classe média é achatada. Pois não tem as armas como a venda de uma sentença para montar apartamentos em Miami, a oportunidade de cobrar juros de 60% ao ano, ou um mensalão que lhe mantenha um extra salário que propicie seu novo chalé na Suíça.

Vamos falar sério meu Brasil. Com toda esta chavecada, o atual presidente que consegue se manter no alto das pesquisas – e a máquina do PT bem sabe como - ganhou as últimas eleições apenas no segundo turno de um candidato que tinha o carisma de um lagarto desbotado. Creio que um empurrãozinho e esta turma que hoje se mantém, Deus sabe como, no poder, se esborracha no chão. Ainda mais que vão impingir uma candidata que nem a postura e a seriedade de um poste, consegue ter.