quinta-feira, 23 de junho de 2011

LATIM OU ESPERANTO?

Pode ser acusado de tudo. Menos de ser um retrógrado.

Já entrei nos meus 60 anos e consigo conviver com gente de todas as idades. tenho mais facilidade até com os mais novos que eu, do que propriamente os mais velhos. E porque isto é possível? Por que tento me adequar as mudanças que o mundo o obriga a aceitar, década após década, sendo elas do genero político, musical ou mesmo social. Mas para tudo, tento usar o pouco bom senso que ainda me resta.

Que idéia doida é esta, de unificar o idioma português em um só?

Impossível para mim unificar uma bicha. Sim foi o que eu disse, já que em Portugal bicha é apenas uma fila. E aqui para nós é uma outra completamente diferente. Ou mesmo uma trolha, que para nossos irmãos do além Tejo é um ajudante de pedreiro. E que tal o linguado, que para nós é um peixe, e para eles um beijo, onde as referidas línguas interagem uma penetrando na boca de outra?

Já acho o problema da adequação ortográfica difícil de ser levar adiante, mas pelo menos não a vejo como uma missão impossível. Difícil mas não impossível. E vamos em venhamos, depois de mais de 500 anos a gente ter que reaprender a sua própria língua, para mim soa, como uma iniciativa de publicadores de dicionários.

Tá certo que chamar um guri pequeno de miúdo, não é uma tarefa tão difícil para qualquer um se adaptar, ou mesmo passar a chamar um terno de fato. O que me deixa ligeiramente de saco cheio, é achar que com isto a turma de Portugal, Mocambique, Sri-Lanka ou Angola, vão se entender com a gente se vai um longo e tenebroso inverno.

Parece que a mirabolante ideia originou-se em Portugal. Não me levem a mal, mas não creio que grandes ideias possam ser originadas de Portugal. Falo isto com o devido respeito, que o povo que nos descobriu merece. Ademais não vislumbro vantagem alguma nesta iniciativa. Continuaremos a falar uma língua que é um código. Não seria então melhor fazer estes países adotarem como língua obrigatória, o inglês ou o espanhol?

Vejo esta situação como se de repente alguém no mercado comum europeu, resolvesse unificar a língua de todos aqueles que nele participassem. Poderia ser o latim, ou quem sabe o esperanto.

Desculpem, mas sou contra esta mudança. Cada pais teve suas origens, se adapta as necessidades inerentes ao local e com o tempo toma uma identidade própria. E isto é que caracteriza, um povo, uma nação: identidade própria.  LÍngua própria, comportamento próprio, moeda própria e bandeira própria. Um alemão sempre será um alemão, mesmo que nasça negro. Um inglês, um inglês. Um japonês, um japonês e nós brasileiros seremos sempre brasileiros, tendo ou não o passaporte a que temos direito, o de Portugal. Novamente peço desculpas, mas pouco temos haver com os portugueses, além de semelhanças dentro de um idioma que nós foi trazido, desde os tempos de Pedro Alvarez Cabral.

Um cafona sempre será um cafona para mim. Nunca um piroso. Não combina. E puto para mim - com todo respeito - tem apenas um sentido. Sendo filho ou não da mesma.

domingo, 19 de junho de 2011

CARTA AO FELIPÃO

Vocês sabem porque um técnico consagrado como o Felipão, não está hoje na Broadway como deveria estar, por tudo que provou em termos de capacidade técnica, e sim no Irajá? Porque um treinador de seu nível, deve responder não só pelo que demonstra em campo, como fora do mesmo. E o Felipão fora do estádio e principalmente a frente dos microfones, é um desastre.

A começar pelo excessivo número de erros de concordâncias, o que nos faz lembrar ser ele um discípulo intelectual do ex-presidente Lula. Segundo por sua constante impaciência,  principalmente quando contrariado ou encurralado para explicar uma má atuação de seu time, o Palmeiras. O que prova que ele poderia fazer parte do atual ministério montado pela Nula. Se fosse uma mulher, já teria sido convidado. Terceiro por sua completa falta de ética quando tece comentários sobre seus companheiros de trabalho e times co-irmãos. O que faz dele, presidente honorário do PT.  E finalmente por assumir posições que não lhe competem, o que novamente reforça as semelhanças entre ele e o nosso ex-presidente Lula.

Afinal quem é ele, para dizer que o assunto Kleber está definitivamente encerrado? Tem ele procuração do presidente de seu clube para tomar este tipo de decisão? Teria ele os direitos comercias do atacante para decidir o seu futuro? Não seria este mesmo Kleber que no inicio deste ano era por ele duramente criticado? Desculpe, mas o que o Felipão está pensando da vida? Não está ele satisfeito com o que ganha? Seria pouco? Ou ele está revoltado por não estar no Chelsea ou no Real Madrid?

Felipão, Felipão, não concordo com 90% da critica especializada que afirma que seu tempo já passou. Está na verdade passando, mas eu acho que você tem ainda muito a contribuir para o nosso futebol. O Palmeiras com um elenco reconhecidamente de segunda categoria é o maior exemplo disto. Sem você poderia estar até na segunda divisão. Você deu alma e força a um time, que parecia off-broadway.

Mas é por estas suas atitudes fora dos estádios, que você perdeu sua chance de provar-se na Europa. Não levou Portugal a lugar a algum e ficou devendo na Inglaterra. Não foi por sua indubitável capacidade técnica. Foi por esta sua forma de se expressar. Não acho que isto o priva de voltar a seleção. Acredito que existam forças ocultas por traz disto, mas neste caso que acho que você é que estar na razão. Política nunca foi o seu forte e para aquela posição, não basta apenas conhecimento e qualidade técnica. tem que se ter jogo de cintura e afabilidade.

Desculpe dizer, mas você não é dono da verdade, e fora os conhecimentos futebolísticos, não creio que alguém possa estar muito interessado em suas opiniões particulares. Chutar microfones, ofender a repórteres, abandonar entrevistas coletivas, são atitudes de estrelhinhas do Irajá incapazes de ter luz própria. O que não é o seu caso. Equilibre o seu temperamento, já que o seu português, me parece tarde.

Mire-se na forma de se conduzir fora das quatro linhas de seu goleiro Marcos. Talvez o mais querido jogador brasileiro.  Ele faz por ser o que é, com opiniões equilibradas e sempre procurando manter o bom humor, tanto na vitória quanto na derrota. Não menospreze a sua torcida que vai a campo, e que lhe garante o bom salário que você recebe, no final de cada mês. dizer que ela pode dizer o que quiser que você não está nem aí, é no mínimo rude.  Não diminua a qualidade de seus atletas, com quem conta no momento, abrindo o verbo sempre quando é cutucado, que o Palmeiras precisa de muitos reforços, pois, tem um elenco limitado.  Não vejo o Murici, o mano Meneses e mesmo o Luxa, fazendo o mesmo. Faça o seu trabalho como profissional e não como um galinho de briga que vê suas galinhas indo, uma a uma, embora. Lembre-se que não são muitos que aceitam o Irajá.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

SANTO DE PÉS DE BARRO? OU FOLIADO A OURO?


Eu tinha 15 anos e procurava por heróis. E de repente achei um dentro de um esporte que nunca me chamou a atenção, o box.

Sonny Liston era o campeão mundial dos pesos pesados, depois de ter dado uma sova em Floyd Petterson, um lutador, igualmente negro e dotado de muita habilidade, mas também de um queixo de vidro.

Sonny, não tinha técnica alguma, apenas força. Na verdade era um troglodita, ex-criminoso, com ligações suspeitas, e que passou a ter dificuldades de arrumar adversários que o quisessem enfrentar depois de conquistar o titulo. Foi quando trouxeram à sua frente, um jovem de 22 anos, muito falante, com cara de galã, invicto em 18 embates e que havia conquistado uma medalha de ouro nas olimpíadas de Roma. Seu nome Cassius Clay.

A luta foi levada a efeito em Miami com Sonny Liston feito franco favorito para vencê-la em três rounds. especulava-se quem seria o próximo adversário de Sonny depois do massacre que ele impetraria sobre o jovem aspirante. Mas Sonny parecia lento e Cassius Marcellus Clay, Jr. rápido demais. Sonny teve um corte no quarto round, totalmente dominado por Clay e a famosa solução Monsel, usada para estancar o sangramento, parece que foi igualmente espalhada nas luvas do mesmo. E assim no quinto round, Clay quase se viu cego, ante a inflamação de seus olhos. Conseguiu sobreviver a queda, quase por milagre.  Refeito no sexto round, ele partiu para cima do campeão e lhe deu uma verdadeira sova. Com técnica e velocidade. Sonny Liston não voltou a luta. Desistiu da mesma alegando estar com um problema no ombro.

Imediatamente o zum zum zum se formou, como aquela luta fosse parte de uma grande marmelada. Que as ligações não muito boas de Sonny Liston, o haviam obrigado a perder, já que estavam jogados no azarão da contenda. E uma fortuna havia sido ganha na trapaça.

Não assisti a luta, mas tenho gravada a imagem de Cassiux Clay, subindo nas cordas e de braços erguidos gritando para seus críticos: Eu sou o maior. Eu choquei o mundo! Anos mais tarde comprei a fita com as duas lutas.

Cassius Clay, uma semana depois trocou seu nome para Muhammed Ali e avisou o mundo de sua nova crença religiosa.

Foi ordenada uma revanche. Queriam um tira teima para apagar a imagem de marmelada em relação ao primeiro embate. Ela se deu em Maine, e menos de 2.500 pagantes compareceram ao pequeno ginásio de Lewiston. O menor publico já comparecido a uma final mundial de pesos pesados. E com menos de um minuto do primeiro round, Sonny Liston foi ao chão, não mais se levantando até a contagem dos 10 segundos. E esta, que deve ser a mais famosa fotografia do esporte, Sonny no chão, Muhammed Ali de pé, o encarando de cima para baixo, o desafiando e lhe avisando para não levantar, eu a tive durante anos em um poster em meu escritório. Para mim um clássico. Muhammed Ali foi o meu herói dos quinze anos!








A emenda foi pior que o soneto. Novamente a onda de criticas sobre uma nova trapaça se instaurou e imediatamente a idéia que Muhammed Ali era uma farsa passou a ter eco na comunidade do box.

Santo com pés de barro ou foliado a ouro?

Pois bem, Muhammed Ali provou ter sido o maior de todos os tempos. O que determina que muitas vezes as pessoas tomam posições infundadas por desconhecimento ou por pressa de querer se chegar a um veredito. O fato de Muhammed Ali deixar de ser Cassius Clay e ingressar numa minoria, não muito bem vista, criou em torno de si uma certa antipatia. Seu jeito moleque e sua prepotência, aumentaram ainda mais a animosidade que tinha para com grande parte do povo norte-americano. E quando se recusou a servir na guerra do Vietnam entornou de vez o caldo.

Mas isto o fez menor do que foi?