sábado, 31 de outubro de 2009

O QUASE

AS DESVANTAGENS 
DE NÃO SE CHEGAR AOS FINALMENTES






Outro dia, dirigia pela A1A em direção a meu sorvete predileto em Hollywood, quando ouvi esta pelo rádio: as cervejas teriam seu percentual de álcool diminuídos para 3%. Meu Deus 3%! Não bebo cerveja, aliás não bebo nada alcoólico, nem mesmo vinho, mas para ficar na casa do 3% não seria melhor se beber água?

Imagino os contemporâneos tchecos da cidade de Pilsen no ano de 1839, depois de introduzirem a técnica da baixa fermentação e assim inventaram a cerveja, sentiriam ao ouvirem de seu alcaide a seguinte ordem: Agora baixem para 3% o teor alcoólico deste troço que você inventaram e querem chamar de cerveja.

Nunca gostei destes substitutos: refrigerantes lights, adoçantes, carne sintética, chocolates dietéticos e todos "os quases" que hoje nos são vendidos, com a desculpa de serem melhores que os real things. Que graça tem o quase? Eu quase consegui. Eu quase ejaculei. Eu quase peguei aquela onda. Eu quase passei no vestibular. Eu quase ganhei na loteria. Eu quase li aquela citação. Eu quase comi aquela feijoada. Eu quase provei daquele vinho. Eu quase assisti a vitória do Flamengo. Desculpem meu português, mas o quase é uma merda.

Para todo erro existe um perdão. Para todo acerto uma glória. Para toda tentativa um louvor. Mas para todo o quase, nada, ou quase nada...

Na vida tem que se conseguir, o tudo. Não com ganância, ou em excessos. Mas com o equilíbrio e a harmonia necessária para se completar o circuito proposto. Seja lendo um livro, seja amando a pessoa amada, seja comendo ou bebendo aquilo que lhe apetece, seja simplesmente mantendo-se em paz consigo mesmo.. O quase não o leva a lugar nenhum. A não ser a frustração.


Os norte-americanos intentaram o on the rocks. Imaginem, os ingleses levaram quase um século para tirar a água do whisk, e os seus descendentes, enchem o copo de gelo. Qual a vantagem, deste quase?

Tudo nesta nossa vida, que é muito mais passageira do que muita gente possa supor, é uma questão de finalmentes”. Desculpem, os que não assim acreditam, mas nunca de “entretantos”. Se voc~não está apto a conseguir, siga aquele que o consegue. À lua não foi dada a luz própria, mas ela inteligentemente se deixa refletir.

Nosso controvertido presidente Lula quase foi presidente em três  oportunidades. Mas foi somente na quarta tentativa que logrou seu intento e eliminou sua frustração. Adolf Hitler quase ganhou a sua guerra, mas no final se estrepou. Napoleão quase dominou o mundo e terminou, como Greta Garbo no seu Irajá, a ilha de Santa Helena. O Brasil foi quase campeão do mundo em 50 e vejam a tristeza que o Gigghia causou a todos. Este quase” derruba com o espírito de qualquer um. Ser segundo, as vezes é muito pior de que ser último.

Sei porque isto afirmo. Trabalho com cavalos de corrida e quase vencer uma carreira, acreditem é uma frustração sem precedentes, pois, como tudo na vida, ser segundo por focinho, não o leva a lugar nenhum. É como ser vice presidente. Passados os anos, ninguém se lembra, quem foi o vice do fulano ou do cicrano. Hoje temos um vice-presidente que só entra na mídia, quando sofre nova cirurgia. Só vai ser notícia quando morrer. E assim mesmo se ainda estiver no cargo.

Poucos se lembram quem foi o medalha de prata neste ou naquele evento olímpico. A não ser que seja seu primo ou visinho. Ninguém dá bola para aquele que quase saiu na foto. Quem se preocupa com aquela morena que quase deu? Logo, qualquer tipo de substituto, o quase, apenas vela uma situação que embora inexistente, poderia existir se você tivesse a coragem de encarar epartir para a the real thing.

O diabético que ainda não está no estágio de insulina, tem que abdicar do quase e partir para uma alimentação sadia, e muito exercício, pois, só assim poderá reverter a sua situação. Usar os substitutos, paliativos de uma situação irreversível e comer sem regra mantendo-se escravo de seu sofá e de sua televisão, apenas irá agravar a sua situação.

Fernando Veríssimo, em um de seus raros momentos sérios, uma vez iniciou um quase poema da seguinte forma: “ainda pior do que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase”.

O Brasil, uma pais do tipo quase, têm que definitivamente abdicar de sua eterna posição de pais do futuro e figurar como um pais do presente. Os dirigentes de nossas duas maiores metrópoles têm que abandonar a inércia de que quase resolvem os problemas, quando helicópteros despencam dos céus no Rio de Janeiro e automóveis são roubados - noite após noite - de estacionamentos pagos e dotados de “segurança” na cidade de São Paulo. E nós brasileiros, de uma vez por todas, devemos que abdicar, de nossa condição de eternamente quase e partimos para ser um povo unido e direcionado para um mesmo objetivo. Vocês sabem que eu quase não escrevi este artigo...

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

FAMILIA SÓ É BOM EM FOTOGRAFIA

A FAMILIA






Um dos grandes mestres de minha existência foi o Gabriel Paes de Carvalho, um figura sublime, tão gracioso e delicado qual um sabiá. Um dia, saindo de um teatro em New York ele, chateado que estava com algo acontecido, me disse uma coisa que nunca esqueci: “família é bom só em fotografia”.

Eu pensei um pouco e cheguei a conclusão que o Gabriel estava parcialmente certo. Só na fotografia todos estão unidos, sorrindo e não discutindo. Isto não é uma opinião. Isto é um fato.

Família é uma coincidência biológica. Você não escolhe a família que tem. Felizmente, os amigos sim.

Um de meus primos um dia veio com esta: mãe é bom, mas dura muito”. Conhecendo eu, como conhecia minha tia, não achei que ele estivesse extrapolando. Mas ao mesmo tempo ele era uma cara chato e metido a entender de tudo. Gostava das esquerdas embora não tivesse o mínimo discernimento entre o que era direita, centro e esquerda. Mas era a moda e ele como riquinho de primeira viagem, a seguia.

Riquinho, mas contra o capitalismo. Para tal, ele se vestia qual um molambo, mas freqüentava o Antônio’s, desfilava em seu carro do ano e no fim do dia, não abria mão de voltar à cobertura de seus pais na Delfim Moreira. Seu quarto tinha as dimensões de uma campo de futebol de salão. Coisa das esquerdas brasileiras. Pregam a igualdade tomando whisk escocês nas coberturas da Delfim Moreira.

Nunca achei o capitalismo um regime ruim, o que o estraga são 70% dos capitalistas que se aproveitam dele. Refestelam suas regiões glúteas no assento de trás de seus carrões e não se abalam que caminho seu sinesíforo irá tomar. Poluem a praça. Pensam apenas nos morros de dinheiro que vão transacionar e agem qual batedores de carteira. Não compartilham da imaginação revolucionária do capitalismo. Trilham apenas seu lado grotesco, sem criatividade alguma, pensando apenas em seus benefícios materiais e a duplicação de seus investimentos. O capitalismo gerou o desenvolvimento do mundo. Até Marx aceitou esta verdade no segundo tomo de seu O Capital. Aquele que a turma da esquerda esqueceu de ler.

Mas meu priminho não era cruel como os 70% que exploravam o capital, nem revolucionário como os outros 29,9% que faziam o mundo crescer. Ele era parte daquele 0,1% que revoltava-se por ter nascido em berço esplendido. A antítese do ponderável.

Acusava-me de ser um alienado, porque tinha uma moto e preferia ir a praia do que freqüentar os porões onde ele se encontrava com a turma do partidão. Paramos de nos falar, por total incompatibilidade de gostos.

Logo no inicio da gestão Medici juntou-se ao grupo de bichos grilos e como falava muito alto acabou sendo uma das primeiras vitimas da repressão dos militares. Outrossim, o dinheiro de meu tio foi suficiente para que ele arruma-se um exílio em Paris. Pois é, Paris. Enquanto alguns exilados se esfolavam a 45 graus abaixo de zero na Criméia, ele morava na Rive Guache, e era rato do La Coupole: Croustilles de gambas aux herbes fraîches, chutney de mangue de entrada. Fricassée de poulet de Bresse au coulis d'écrevisses, légumes printaniers de prato principal e Tarte feuilletée au jus de "citron frais" de sobremesa. Não sentia remorso, pois, segundo ele o maître, que lhe servia, era do partido comunista. Isto m disse depois de ordenar sua refeição em um encontro que tivemos nos anos 80.

O tempo passou, a anistia veio, e meu primo voltou de Paris, sentindo-se um vencedor. Tinha sobrevivido aos 21 anos do poder militar. Sentia-se um injustiçado e clamava por vingança. Como tinha feito um doutorado na Sorbonne, em seu período de "agruras" na capital francesa, graças a seu pai, arrumou um empregão na era Collor, justamente numa das mais fortes vertentes do capitalismo, o Citi Bank. Imediatamente esqueceu-se que o capitalismo selvagem de alguns países, razão pela qual gerara-se ainda mais pobreza no resto da humanidade e que enquanto sua mulher, altamente bem alimentada gerava a apenas um filho, as duas empregadas subnutridas, que a serviam, pariram cinco, cada. A multiplicação das hordas, como diria o inesquecível Paulo Francis. Noblese Oblige.

Outro dia ele esteve aqui em Miami e depois de tomar umas e outras me confessou que o comunismo era uma merda. Que hoje estava ciente que Stalin havia matado mais russos que Hitler e o Czar juntos. Que com o fim do comunismo, todos os russos que estiveram junto ao Kremlim, hoje viviam de forma nababescamente, nas melhores cidades do planeta. Que graças a Deus não havia optado em seu exílio por Moscou e que o capitalismo não era perfeito mas com todos os pesares era ainda o sistema mais adequável ao desenvolvimento que o mundo moderno exigia. Durma-se com um barulho destes.

Se existem os red-necks e os bichos grilos, existem também alguns hilários componentes da esquerda festiva brasileira. E o pior do que isto: os primos que nem em fotografia conseguem sair bem.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

NÃO MAIS VOU AO RIO, APENAS AO LEBLON

IMPOSTOS DE PRIMEIRO MUNDO
SERVIÇOS DE TERCEIRO MUNDO








Outro dia me perguntaram porque sendo eu tão apaixonado pelo Rio de Janeiro, não vinha morar de volta no Brasil. Minha resposta foi imediata: O problema do Brasil é que lá pagamos impostos de primeiro mundo, mas recebemos de volta serviços de terceiro mundo.

Nossas estradas são lastimáveis, o estado de manutenção de nossas avenidas impublicáveis, o trânsito é caótico, a segurança não existe, você pisa em bosta de cachorro, os carros usam as calçadas de estacionamento e tem fila para tudo. O resto é bom.

Nos Estados Unidos, a vida é um tanto ao quanto enfadonha (menos em New York, San Francisco, Chicago e Miami), mas pelo menos você vê para onde vai o seu imposto. Se cai, porque um bueiro está aberto ou devido a um buraco na rua, o governo está em palpos de aranha. As indenizações aqui são pesadas e o mais importante, são pagas. O que acontece no Rio de Janeiro se você cai vitima de uma cratera?

O Rio dos anos 60 e 70, não digo que fosse melhor, mas era distinto. O ritmo era mais brando e se tinha tempo para tudo. Por exemplo, eu não perdia um por do sol no Arpoador. Eu no Arpoador em minha moto e o sol caindo no mar, à esquerda dos Dois Irmãos. Eram espetáculos inesquecíveis. Hoje nem mais de carro você pode chegar ao Arpoador. E se você fica olhando muito para o sol, afanam-lhe a carteira.

Tenho saudades das corridas de submarinos, ali mesmo no Arpoardor, do fim de tarde no Castelinho, das frescuras do Pier, dos biquines da Montenegro, do ambiente do Veloso, da piscina do Copa, do beco das garrafas, do filé com fritas do Antônios, da laranjada do Bob’s, do macarrão amigo da segunda feira no Jirau, da pizza da Fiorentina, da sorveteria Moraes, do sanduíche de pernil com abacaxi do Cervantes, da mansidão da Lagoa, do chocolate quente do Esquilos, do cachorro quente na orla da praia e até da Confeitaria Colombo, a de Copacabana. Enfim, daqueles que eram os pontos de encontro de meu tempo. Mas todos se foram. Com elas minhas memórias.

Morar é conviver. É aproveitar seu quarteirão como este fosse o seu universo. Em New York se você mora no upper east side, entre a Park Lane e a York, você tem todo um mundo a lhe favorecer. Tem a cercania do parque, a do Metropolitan Museum, o Gugenhein e atravessando aquele imenso pedaço de verde, para o sul a Broadway, para leste o Lincoln Center. O que você precisa mais?

Você toma café no E.A.T, tem 30 opções de restaurantes para almoçar e a noite o JJ Mellon para um hamburger e saber o que  acontecera pelo mundo. E durante todo o dia, o mundo vinha a você. O Rio de Janeiro dos anos 70 e 80 era mais ou menos assim. Você via o Tom Jobim, o José Carlos de Oliveira, a Duda Cavalcanti e o Chico Buarque quase que todos os dias. Pareciam até íntimos. O quarteirão era mais amplo, ia da subida da Niemayer ao túnel da Avenida Princesa Isabel. Aquele era o meu mundo. O meu universo. Foi bárbaro enquanto durou.

Vou tentar me explicar melhor. Quando você muito jovem se apaixona por uma menina, tem com elas grandes momentos e um dia a coisa acaba. Acaba. Querer trinta anos depois reencontrá-la e achar que ela é a mesma, e o que os sentimentos e as sensações se repetirão com o mesmo ardor, esqueça. É preferível o que restou nas lembranças do que a tentativa de revivê-los, em carne e osso. Normalmente mais carne do que propriamente osso...

A vida é uma só e se anda apenas para frente. Nunca se deve olhar para trás. Apenas as suas lembranças trazem aquilo que você deixou às suas costas. “Quem muito olha para trás acaba topando à frente numa pedra”, já dizia minha vó Adelina.

Querida Maria Cristina, o Rio de Janeiro é bom demais, tenho incríveis recordações e ainda grandes amigos, mas diria que foi um rio que passou em minha vida...” Sempre que escuto o Sábia, “vou voltar sei que ainda vou voltar para o meu lugar...” me lembro da vaia que o Chico e o Tom levaram, por terem ganho o festival. Acredito que naquele momento eles devem ter se arrependido de ter voltado. O Tom morreu em New York. Um lugar altamente chique para se morrer. O Chico está ainda vivo. Vejo-o quase sempre que vou ao Celeiro.

Criei meus novos pontos. O Garcia Rodrigues, o Marina all Suítes, o Celeiro, quando estou em fúria gastrônomica tribunícia o Fellini, o Antiquarius... como pode se notar estreitei minhas fronteiras. Não mais vou ao Rio. Vou apenas ao Leblon.


quarta-feira, 28 de outubro de 2009

VALE O QUE ESTÁ ESCRITO!



A OUTRA FACE DO FACEBOOK







Me ative recentemente aos red-necks de minha época em Lexington e aos bichos grilos de meu tempo universitário. Dois segmentos humanos que me impressionaram de distintas formas. Vi colegas meus, nos anos 70, desaparecerem torturados por uma fé que na realidade era um otimismo suicida de querer mudar as coisas. Quando na verdade ao amadurecer a gente percebe que as coisas não mudam nunca. Os que sobreviveram - muitos deles traumatizados - os vejo como a geração A-5. Confesso que são expressões rotulativas” e já sou bastante grandinho para saber que não se deve rotular ninguém, quanto mais generalizar quem quer que seja. Pessoas são indivíduos, com vidas particulares e gostos próprios, embora, em meu modo de ver, muitas apresentem um perfil comum. Daí o rótulo.


Entrei no facebook a pouco e curto a falta de introspecção do mesmo. Muita coisa acontece do leve ao pesado e conheci um distinta gama de participantes do mesmo, que na verdade prefere manter suas mais sérias opiniões longe da vista de todos. Da mesma forma que existem os desmascaradores de cripto facistas”, autores de novelas nunca exibidas, que se aproveitam do espaço para tentar expulsar seus demónios publicamente.


Ontem eu soltei esta sem querer: Idéias criam conseqüências. Más idéias, criam más conseqüências.
Tenho plena convicção que muitas mortes, misérias e desilusões teriam sido evitadas se Adolf Hitler não tivesse escrito o Mein Kamph, se Karl Marx não tivesse inventado o Manifesto Comunista e até Niccholò Machiavelli, o Principe.



Não foram poucos o que opinaram naquela comunicação off-broadway que você faz de forma direta, pessoa a pessoa sem que nenhuma outra participe. Considero este tipo de comunicação mezzo. Meia luz. Tipo iluminação pré-Edison, glazé, como nos filmes franceses antigos ainda no tempo de preto e branco. O noir.


Esta é a outra face do facebook. Muita gente que não conhece os meandros do facebook, diria que a utilização do mesmo seria uma espécie de desespero de uma solidão de que nem se tem consciência própria. A necessidade de se comunicar com o desconhecido. Afinal, sempre é mais fácil se dizer algo ao desconhecido do que a seu mais chegado parente. Não penso assim.


Da mesma forma que alguém se diverte em mandar corações, ou trocar vaquinhas em fazendas visuais, este mesmo alguém curte uma boa leitura e uma aprazível reflexão sobre o que alguém que não conhece escreve.


Descobri através dos anos que escrever é desnudar-se perante a uma platéia invisível. Um mergulho no escuro. Quando se é jovem o ato de escrever é um desafio. Aquela necessidade de colocar a vista de todos aquilo que você pensa, esteja seu pensamento certo ou errado. Na minha idade quando realmente descobrimos o peso que as palavras tem, chegamos a conclusão que elas são somente palavras. Atingem a alguns, mas passam a desapercebido a grande maioria. E isto ao invés de o frustrar, o alivia.

Idéias criam conseqüências. Más idéias, criam más conseqüências...

E você pode algum dia embotar em uma má idéia.
Considero estas comunicações pelo  facebook, extra publicas, igualmente importantes. Pessoas que tem a ânsia de informações, de trocar opiniões,  as vezes até esclarecimentos, de partilhar a memória de algo que considerava só seu, mas que descobre que passa pela cabeça de outrem, que nunca conheceu e que na maioria das vezes nunca chegará a conhecer... acho bárbaro.


Sou de família italiana, daquela que só se senta a mesa com gente que conhece. O ritual de uma raça. Mas não me intimido em conhecer mais gente e convidá-la à minha mesa. O facebook é uma grande mesa, onde zilhões compartilham, lêem o que você escreve na proteção de uma propensa ininteligibilidade. Logo, quando alguém tira a cabeça para fora e interage sobre algo que escreveu, de alguma forma você alcançou o seu objetivo.


Existe uma gama de profissionais da escrita, que dita abusivamente que quem escreve de graça é burro. Discordo. Escrever é uma forma de tocar outras pessoas e acima de tudo, tocar a si próprio, pois, é muito mais fácil dizer o que se pensa do que pensar colocar no papel aquilo que todos irão tomar conhecimento que está dentro de você. Resumindo, o que se passa para o papel e se publica, se transforma em documento de bicheiro: vale o que está escrito!”


Palavras se perdem no ar. Confundem-se no disse, me disse. Frases publicadas, não. Ficam para sempre. Mesmo as esquecidas nas prateleiras de uma biblioteca.


Inteligência não é sexy e cultura muito menos, assim sendo, cada vez mais as pessoas diminuem sua carga de leitura. Toma tempo, necessita-se de uma paz e não trás benefícios financeiros. E convenhamos, tempo, paz e atividades sem fins lucrativos para muitos não coadunam com os tempos modernos.


Dizia Paulo Francis que as vicissitudes unem os de mais idade. Talvez ele tenha razão. Eu penso que todo homem deve pagar por seus prazeres, mas também que existem prazeres na vida que não tem preço. Ler é um. Escrever é outro.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

O BICHO GRILO




Existe uma grande diferença entre fé e otimismo. Vocês duvidam? Vamos a um exemplo. Fé é você nesta altura do campeonato, torcer pelo São Paulo e achar que pode ser campeão brasileiro. Otimismo é torcer pelo Corinthias e achar que existe uma grande chance de ganhar o campeonato, pois ainda é matematicamente possível. Dois parâmetros distintos.

Havia muito otimismo em meu tempo de estudante universitário, em relação a queda da ditadura. Uns confundiam este otimismo com fé. Big Mistake! Diria, mesmo sendo muito jovem naquela época, já tinha consciência que as chances do Corinthias ser campeão este ano, eram maiores do que se derrubar o governo Médici naquela época.

O citado senhor tinha o nome e a pinta de um verdadeiro papa da era medieval. Daqueles que achavam que o mundo lhe pertencia. Ia para o Maracanã com radinho de pilha torcer pelo Flamengo. Vejam só, ele nasceu em Bagé, de uma família basco-italiano oriunda do Uruguai. Logo, ele poderia torcer para o Nacional de Montevideo, pelo Grêmio ou Palmeiras, nunca pelo Flamengo. Vou muito a Bagé – área de criação de cavalos de corrida - e não conheço ninguém que seja Flamengo. Mas porque escolheu o Flamengo? Por que parecia ser o mais conveniente. Um otimista com certeza.

Nunca fui político e muito menos politizado. Naquela época detestava toda e qualquer discussão sobre as teorias de Marx, Engels, Nietzsche, Lênin, e outros reis da cocada preta da época. Evidente que neste tempo eu não discutia por não entender e muito menos por não gostar. Hoje que entendo, um pouquinho, acho ainda mais triste discussão destas teses que levaram o mundo a virar sua pernas para o ar.

Idéias criam conseqüências. Más idéias, criam más conseqüências.

Tenho plena convicção que muitas mortes, misérias e desilusões teriam sido evitadas se Adolf Hitler não tivesse escrito o Mein Kamph, se Karl Marx não tivesse inventado o Manifesto Comunista e até Niccholò Machiavelli, o Principe.

Na Santa Úrsula onde estudei a coisa era branda. Escolhinha de gente que não queria se comprometer. E eu era um deles. Mas na Nacional no fundão, havia os chamados bichos grilo, que estudavam vivamente todas as correntes de esquerda e queriam provar as de extrema direita que estes estavam errados. Até aí tudo bem, pois, se o cara quer enfrentar, de livre e espontânea vontade um tanque se utilizando de um estilingue, o problema é dele. Só que isto que ele acredita ser ilibada fé, na verdade não passava de um otimismo suicida. Mas afinal, o cara um dia leu a bíblia e descobriu que qualquer David podia derrubar um gigante com uma funda.

Eu diria que só na Bíblia o David abateria o Golias...

Pois bem, o problema é que o bicho grilo não queria apenas enfrentar a ditadura. Ele queria convencer a você que: primeiro ele estava certo e segundo que você tinha que acompanhá-lo. E assim formaram-se as pequenas heróicas brigadas bracaleônicas.

Vocês se lembram do filme, o incrível exército de Brancaleone, com o Vitório Gazmman e seu cavalo amarelo?

Houve uma outra facção que reagiu. Bem mais organizada e muito melhor equipada. E mesmo assim foram dizimados. Sucumbiram, pois, a força militar naquela época era bastante grande.

Não cabe a mim discutir a ditadura. Sempre achei que lugar de militar é no quartel. Todavia, quando eles acharam que o Brasil era um grande quartel, senti que estava no pais errado. A classe media deu o nosso Brasil de mão beijada a eles, e o Jango Goulart, apenas foi a última gota, que fez a água transbordar.

Getulio previu o que aconteceria e ao se suicidar, simplesmente adiou a eminente revolução que os militares, apoiados pela UDN, tinham já alinhavado. A tentativa de não deixar Juscelino assumir, a queda de Jânio, a nova tentativa de não deixar Jango assumir com a renuncia de seu antecessor, não tiveram o respaldo do povo da forma que os militares desejavam. E os mentores desta revolução se mantiveram aquartelados. Mas o Jango pisou na jaca e o motivo lhes sorriu, finalmente.

Os bichos grilos de minha época não sacaram que era inevitável a ditadura naquele momento, como o foi no Chile, na Argentina e em outros países da America do Sul. O mesmo havia acontecido, décadas antes na Europa com Salazar, Franco, Hitler, Tito, Stalin, Mussolini e com Getúlio e Perón em nosso continente.

Mas os bichos grilos puxavam de seus livros escondidos em suas mochilas para defender Marx, Engel, Nietzche, Freud e até Betty Friedan entre outros menos votados.

Nunca perdi a fé, mas sempre tive plena consciência onde ela terminava e iniciava o otimismo suícida. Detestei a ditadura embora não tenha sofrido com a mesma. Sabia, como todas as outras um dia teria o seu fim. Pois, regimes como estes, tendem a se desmanchar que nem leite Glória. Não tem ideologia nem consistência. O que realmente me encheu o saco, foram os bichos grilos de minha época.

Dos Antolhos a Cegueira





Dos antolhos à irremediável cegueira, é menos que um passo. Mas são passos que os povos do terceiro mundo, galgam em todos os lugares onde houver um resquício de subdesenvolvimento financeiro ou intelectual.

Pois é, eu acho que vocês não esperavam pelo intelectual, não é? Mas existe o subdesenvolvimento intelectual, sim. Este é o mais perigoso de todos, porque pode se dar no primeiro, segundo, terceiro e até quarto mundos. Ele independe da situação política e financeira de uma nação. Ele é produto de uma febre local: a febre do acreditar que apenas o que está a sua volta é o que interessa.

Esta febre tem como base o bairrismo e o nacionalismo acerbado, sejam eles ricos ou pobres, católicos ou protestantes, negros ou brancos. Acreditem, os Estados Unidos da America do Norte é o seu maior depositário.

Os Estados Unidos é composto de dois países, os estados das costas (este e oeste) e o centro norte sul. Creio que ambas as costas são dominadas por seres pensantes. O centro-Norte Sul, por acatadores” de ordens, em sua maioria.

Morei por 20 anos em uma cidade do estado de Kentucky: Lexington. Logradouro aprazível, mas nada cosmopolita, embora em quatro épocas do ano, as mais ricas fortunas do universo ali convergem para comprar cavalos de corrida. Lexington, é a sede mundial do cavalo de corrida. Existem outros grandes centros, como a Normandia, Newmarket, Oceânia, Argentina e Count Kildare. Mas Lexington é um centro. Outrossim, não o foi sempre. Cresceu em importância depois da segunda guerra mundial.

As vendas de cavalos nos estados Unidos até então eram feitas no Spa de Saratoga, ao norte de New York. Com o advento do conflito gerado por Adolf Hitler, os criadores de Lexington tiveram que vender seus produtos em sua própria idade, já que o custo do combustível para levar sua produção a Saratoga tornou-se proibitivo.

As vendas em Keeneland, uma associação de criadores locais sem fins lucrativos, estabilizou-se e hoje e lá que são levados a efeito, os mais importantes leilões de cavalos da chamada raça thoroughbred.

O sucesso do cavalo norte-americano a partir do fim da década de 60, transformou Lexington. Cavalos de 5 dígitos no meio dos anos 70, atingiram cifras de seis dígitos e no final da mesma chegaram a sete! E aquele sujeito que até então ordenhava vacas e alimentava a seus próprios cavalos, de um hora para outra passou a ter avião particular e ser visitado pelos sheikhs e até pela rainha.

Mas a melhoria financeira não se reverteu em cultural. Kentucky continua sendo um depositário de red-necks. Pensa em duas coisas: basketball e as vendas de seus cavalos. Pois, é existe esta gama de norte-americanos, os chamados pescoços vermelhos. O red-neck de Lexington acredita piamente que o sol nasce e morre no Kentucky River. E não o faz por mal. O faz por total e completo desconhecimento. Do berço ao tumulo ele personifica o crasso idiota. Se veste qual um idiota, pensa qual um idiota, mantém aquela expressão própria de um idiota. E o pior de tudo é um idiota. Seu horizonte está a 5 metros de seu nariz. Existe gente que acredita que Marx, foi o despertador dos idiotas que até então não tinham ilusões. Sonhavam no máximo em preto e branco, mas depois de acreditar naquilo que o pensador alemão chamava de igualdade, passaram a opinar e com o tempo se revoltar.

O red-neck, não se despertou até o presente momento com nada. Esta é a sua grande virtude. É apenas um idiota.

Uma vez, a senhora de um grande criador sabedora que eu constantemente a New York, me perguntou estupefata: O que que New York tem que Lexington não tem? Eu não me aguentei e respondi: TUDO!!!

Perdi o cliente mas não minha identidade com a realidade.

Acho que a cultura pode estar no fundo de uma favela e simplesmente não existir dentro de um castelo. Em Lexington, ela não existe em lugar algum, pois a maioria de seus habitantes tem medo de conhecer o que está fora da bolha em que vivem e então descobrir que vivem em uma cidade normal. Não na metrópole que imaginam viver.

Neste ponto acho que nós brasileiros estamos mais abertos. Temos a capacidade que querer conhecer aquilo que nós é desconhecido. A descobrir novos horizontes. A dividir experiências. Somos seres complicados, mas factíveis a mudanças. O norte-americano do centro, principalmente o red-neck, não é complicado mas está vedado dentro de si mesmo e por isso votam em quem votam e se mostram reacionários a qualquer mudança, mesmo as menos radicais.

Nós votamos mal, por que queremos. Não por falta de informação...

domingo, 25 de outubro de 2009

PARA TER FON FON, TRABALHEI TRABALHEI...

Quando o Brasil cantava mais






Uma das tentativas da ditadura de manter as suas anomalias embaladas como coisas normais, para inglês ver, foram os festivais das canções. Eles formaram uma época dentro de nosso contexto cultural e foram imensamente importantes no lançamento de uma nova geração de compositores e cantores.

Houveram vários Festivais, mais penso que da Excelcior, da Recorde, o Universitário e o Internacional da Canção, que era o maior e que atraía um maior público, foram os que realmente bombaram.

E na voz de Hilton Gomes
A coisa assim começou
“Atenção, Rio! Atenção, Brasil
Atenção países participantes do I Festival Internacional da Canção Popular!
5, 4, 3, 2, 1!
Boa Sorte, Maestro!”

O Internacional da Canção funcionou de 1966 a 1972, tinha como palco o Maracanazinho e em sua primeira edição foi transmitido pela TV Rio, até se tornar posse da Globo. Como tudo que dá certo no Brasil.

Era dividido em duas partes. A primeira nacional, que determinava a música que nos iria representar na segunda parte, a internacional que contava com a participação de artistas e compositores estrangeiros. Era uma festa. A disputa do Galo de Ouro. Tinha até torcida organizada. De lá saíram grandes músicas como Saveiros (Dori Caymmi e Nelson Motta), Dias das Rosas (Luiz Bonfá e Maria Helena Toledo), Margarida (Guthemberg Guarabira), Travessia (Milton Nascimento), Carolina (Chico Buarque), Sabiá (Tom Jobim e Chico Buarque), o Sonho (Egberto Gismonte) e outras.

Houveram momentos marcantes. A vaia dada ao Sábia, pois, o povo alvoroçado em demonstrar à ditadura, que não coadunava com ela, resolveu abarcar o Caminhando - Para não Dizer que falei das flores de Geraldo Vandré, foi estrondosa. Foi coisa de furar tímpanos. Tom e Chico recém vindos de Nova York e Roma, foram vaiados de pé. A patuléia não se conformou com a derrota de Caminhando, uma musiquinha demagoga, para o poema que era o Sábia. O tempo provou que o júri tinha razão, o Sabiá ficou para sempre, o Caminhando é peça de museu.

Outros grandes momentos foram o de Fio Maravilha de Jorge Bem que simplesmente fez o Maracanazinho explodir, num trenzinho que rodou por todo ele. Outrossim o momento culminante foi Wilson Simonal fazendo 40,000 cantar no ritmo por ele ditado.

O da Excelsior durou apenas duas versões, mais foi de lá que saiu em 1965, seu primeiro ano, o Arrastão de Edu Lobo e Vinicius de Moraes, e que projetou uma jovem gaúcha que respondia pela alcunha de Elis Regina.

No da Record, disputava-se o Sabiá de ouro, e creio que nenhum outro festival lançou tantas músicas boas e tanta gente que se tornou famosa, como o da Record, que funcionou de 1966 a 1968. Imaginem:

A Banda e Roda Viva (Chico Buarque), Disparada (Geraldo Vandré), Ponteio (Edu lobo), Domingo no Parque (Gilberto Gil), Alegria Alegria e Divino Maravilhoso (Caetano Veloso), Gabriela (Francisco Maranhão), Lapinha (Baden Powell), Sinal Fechado (Paulinho da Viola) e muitas mais.

Pois é, o Brasil cantava muito mais. O Simonal foi marginalizado com a alcunha de ser um alcagüete dos militares, coisa que foi provada não ser verdadeira, mais o bom crioulo nunca mais teve chance de voltar ao lugar que um dia conquistou por merecimento. Jorge Ben mudou de nome. Chico e Edu hoje não parecem estar mais concentrados em compor. Tom e Vinicius morreram. A turma da tropicália que nasceu praticamente a nível nacional nos festivais da Record, igualmente andam em outra. Um chegou a ser ministro e o outro quase que um modelo.

Foi um grande momento de alegria, criação e espetáculo, vivido dentro de uma das épocas mais tristes de nossa história política.

A ditadura incentivava os festivais como Nero incentivava os jogos no Coliseo. Mas cantou-se muito. E mesmo quando o governo censurava e proibia que certos cantores interpretassem algumas de suas músicas, eles se silenciavam, mas o povo cantava para eles, como no caso de Cálice de Chico Buarque e Milton Nascimento.

Sobre esta última música vale a pena se ver no you tube o clip de Stigmata Zuzu Angel. Uma obra prima em minha humilde maneira de ver.

Um tempo de molecagem

“E nada como um tempo após um contratempo

Pro meu coração

E não vale a pena ficar, apenas ficar 

Chorando, resmungando, até quando, não, não, não

E como já dizia Jorge Maravilha.
Prenhe de razão

Mais vale uma filha na mão

Do que dois pais voando

Você não gosta de mim, mas sua filha gosta

Você não gosta de mim, mas sua filha gosta”.

O Brasil precisa voltar a cantar. Não sei se agora em forma de festivais, porque eles eram produto de uma época. Talvez, de outra forma.

Mas da forma que for. A Musica Popular Brasileira e a Bossa Nova, necessitam ressurgir. Novos talentos deveriam florescer e nova alegria necessita voltar. O Brasileiro é festeiro por natureza. O que ele precisa é voltar a cantar.

sábado, 24 de outubro de 2009

BE SMART, NOT HARD


Be Smart, not Hard






Quando se é jovem, e eu já fui, a gente é mais hard do que smart. 
Isto é, no idioma das lusitânias, mais duro do que vivo. 
Arrumamos encrencas, nunca fugimos dela, procuramos problemas, 
enfim sempre escolhemos o lado mais difícil a se trilhar. 
Porque? Porque esta é a natureza do jovem.

Ser jovem é compartilhar de um sentimento imortal. É ter um agudo sentido profético que nada irá se antepor em seu caminho. Quando ainda jovens, temos, de vez em quando, frêmitos genéticos de lucidez, mas na maioria das vezes deixamo-nos levar pelo otimismo desprimoroso e pelos instintos abusivos da idade. Partilhamos de uma inexaurível necessidade de descobrir e nem sempre de construir. Tornamo-nos cristalinos idiotas perante as mais secretas pusilanimidades e assumimos a invisibilidade de um vice presidente perante a assuntos que exijam maior responsabilidade.

A certeza da infalibilidade é outro dom do jovem. Em sua mais insolente desfaçatez ele assume a certeza da mesma e faz de sua juventude um fixação canibalesca de viver cada minuto como este fosse o último a se respirar. Ou como os hippies de meu tempo, que se deixaram tomar por uma alienação insuportável, que fazeram até as varejeiras se desinteressarem  de pousar em suas sandálias enlameadas.

Mas eu falo dos jovens do meu tempo. Tenho muitas vezes, erroneamente eu próprio como exemplo, o que realmente não vale, pois, nunca servi de exemplo para quem quer que seja.

Hoje existe uma nova gama de jovens. Mais atualizados, que deixam ainda quando crianças, de acreditar em papai Noel, ou que foram trazidos por uma cegonha. Que perdem suas virgindades físicas, espirituais e psíquicas muito antes da puberdade. Que têm acesso a todo e qualquer tipo de informação. Que estão devidamente atualizados com o tempo e o mundo que os cercam. Este é um novo tipo de jovem. Made na modernidade.

Eles não me parecem apresentar a fúria tribunícia dos jovens de outrora. Não precisam mais de lambretas, costeletas e casacos de couro para provar que estão vivos. James Dean e Marlon Brando são peças da história, não mais ícones a serem adorados, copiados e seguidos. Sabem distinguir com rara sapiência, ainda no horizonte, o grupo de cretinos que se aproxima. São a juventude safa! Aquela que sabe o que quer e o mais importante: o que não crer.

Podem distinguir a deslavada escroqueria intelectual do que realmente tem nexo. Por isto o comunismo, o fascismo, o nazismo e todos os ismos que um dia fervilharam nas veias de outros jovens, não recebem mais o eco que estavam acostumados ter. E foi por esta razão, todos, sem exceção, foram para o brejo. Não se faz um revolução com velhos, com o povo e muito menos com os militares. As revoluções são feitas pelos jovens, comandadas pelos velhos, ministrada pelos militares e governadas pelos de sempre, que mudam apenas de identidade. E o povo? O povo é sempre o povo...

O que colou em 1919, onde ninguém tinha noção do que acontecia a 30 quilômetros de onde morava ou nas décadas subseqüentes, onde o horizonte de conhecimento passou a ser 100 quilômetros, não cola mais. O jovem não mais se imbuíu de uma obtusa pertinácia heróica ou de uma cegueira política. Ele passou a suportar com maior vigor o peso de suas próprias palavras. Exigiu respostas as suas perguntas e soube escolher melhor em quem confiar. Por isto o mundo hoje é outro.

Os jovens do meu tempo eram um idiotas. Não tão como os de tempo de meus pais, e certamente em muito melhores condições de avaliação, que os do tempo de nossos avós. A dessemelhança entre estas três gerações, chega a ser escandalosa, para não se dizer escalafobética.

Como dizia Nelson Rodrigues todo o líder é um canalha. Continuam sendo. Neste ponto nada mudou, pois o canalha é uma instituição milenar, criada desde os tempos do paraíso. Caim a fundou. Outrossim, entre os canalhas profissionais são os políticos aqueles que brilhantemente sobressaem. Pois, da política eles se locupletam pelo resto de suas existências, formando feudos familiares e extra curriculares.

Está na hora dos nossos jovens - os brasileiros a que me refiro - darem um basta, como os norte-americanos aqui o fizeram. Temos que dar um chega a toda esta imunda calhordice. Obama, pode não ser perfeito, mas ele é a resposta ao fim da era George Bush, como FHC o foi em relação a Collor. O problema é que nos Estados Unidos, quando o cara se esborracha, dificilmente volta. Está fora do baile pelo resto de sua existência. O mesmo não pode ser dito em relação ao Brasil. Com o tempo, o canalha estará de volta pela porta da frente e vira até, mestre de cerimônias.

Como é bom ser jovem. Ter esta certeza em mudanças. Esta garra para virar a mesa. Esta intuição quase suicida do que pode estar certo ou errado. Eu, um homem muitas dúvidas e de poucas certezas, tenho uma em que aposto; os jovens desta geração ainda hão de mudar o Brasil. Pois, ao contrario de nós, eles são smart e não hard como nós éramos. 

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

A DESPEDIDA DE UM GÊNIO

Caros amigos,

Leiam, reflitam e se possivel sigam estas palavras, endereçadas a todos vocês
que compõem a humanidade, escritas por um homem que padece de um cancer linfático.
Ele que a meu ver foi o mais mais importante homem de nosso continente,
no relativo as letras, merece de nós esta resposta a ser dada na forma de
O LER, O SEGUIR E O AMAR.

Obrigado Gabriel Garcia Marques.





Se por um instante Deus se esquece-se de que eu sou uma marioneta de trapos e me presenteasse com mais um pedaço de vida, eu aproveitaria este tempo o mais que pudesse.

Possivelmente não diria tudo o que penso, mas definitivamente pensaria tudo o que digo.

Daria valor às coisas, não por aquilo que valem, mas pelo significam.

Dormiria pouco, sonharia mais, porque entendo que por cada minuto que fechamos os olhos, perdemos sessenta segundos de luz.

Andaria quando os demais se detivessem, acordariam quando os demais dormissem.

Se Deus me presenteasse com um pedaço de vida, deitava-me ao sol, deixando a descoberto, não somente o meu corpo, como também a minha alma.

Aos homens, eu provaria quão equivocados estão ao pensar que deixam de se enamorar quando envelhecem, sem saberem que envelhecem quando deixam de se enamorar.

A um menino eu daria asas, apenas lhe pediria que aprendesse a voar.

Ao velhos ensinaria que a morte não chega com o fim da vida, mas sim com o esquecimento.

Tantas coisas aprendi com vós homens… Aprendi que todo o mundo quer viver no cimo da montanha, sem saber que a verdadeira felicidade está na forma de subir a escarpa.

Aprendi que quando um recém nascido aperta com sua pequena mão, pela primeira vez, o dedo de seu pai, agarrou-o para sempre.

Aprendi que o homem só tem o direito a olhar outro de cima para baixo, quando está a ajudá-lo a levantar-se.

São todas as coisas que pude aprender com vocês, mas agora, realmente de pouco me irão servir, porque quando me guardarem dentro desta caixa, infelizmente estarei morrendo…

Sempre diz o que sentes e faz o que pensas.

Supondo que hoje seria a última vez que te vou ver dormir, te abraçaria fortemente e rezaria ao Senhor para ser o guardião de tua alma.

Supondo que estes são os últimos minutos que te vejo, diria-te. “Amo-te” e não assumiria, loucamente que já o sabes.

Sempre existe um amanhã em que a vida nos dá outra oportunidade para fazermos as coisas bem, mas pensando que hoje é tudo o que nos resta, gostaria de dizer-te quanto o quanto te quero, que nunca te esquecerei.

O amanhã não está assegurado a ninguém, jovens ou velhos. Hoje pode ser a última vez que vê aquele que amas. Por isto, não esperes mais, fá-lo hoje, porque amanhã pode nunca chegar. Senão lamentarás o dia em que não tiveste tempo para um sorriso, um abraço, um beijo e o teres estado muito ocupado para atenderes este último desejo.

Mantenha os que amas junto a ti, diz-lhe ao ouvido o muito que precisas deles, o quanto lhes queres e trata-os bem, aproveita para lhes dizer, “perdoa-me”, “por favor”, “obrigado” e todas as palavras de amor que conheces.

Não serás recordado por seus pensamentos secretos. Pede ao Senhor a força e a sabedoria para nos expressar.

Demonstra a teus amigos e seres queridos o quanto são importantes para ti.


Envia isto a quem entendas

Se não fazes hoje, amanhã também não o farás.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Um país que deveria ser, mas nunca foi e quiçá, nunca o será.

Um país que deveria ser,
mas nunca foi e quiçá,
nunca o será.






A critica nem sempre é bem vista por aqueles que são criticados e seus adeptos. Paciência. Sempre existirão pessoas frustradas, sem luz, e reacionárias, 
que ainda pensam que a democracia e´ a ditadura da maioria. 
Pobres coitados. Seres sem cor ou luz, sedentos por suas 
tendências vampirescas de sugar o sangue alheio.

A democracia é a capacidade que um povo tem de discutir entre si, e com seus dirigentes. Mesmo a grande maioria, em um dado momento, pode mudar de opinião. Isto faz parte do jogo político.

Dois dos grandes críticos de situações governamentais, Paulo Francis e Arnaldo Jabour são, em minha opinião, dois jornalistas que têm amor pelo Brasil e pelas coisas de nossa gente. Seus rompantes sobre as articulações do Planalto, em distintas épocas de nossa história, eram e são, reflexos de suas revoltas, pelo pais que deveria ser, mas nunca foi e quiçá, nunca o será.

Foi publicado recentemente no Globo que os impostos e contribuições federais caíram em 11,29% pelo décimo primeiro mês consecutivo. Evidentemente que parte deste negativo percentual deve ser atribuída a queda de nossa produção industrial para o ano de 2009. O que em outras palavras quer dizer que o efeito da crise econômica mundial, pouco a pouco, vai também marcando a nossa economia. O que em outras palavras sugere, que a onda é bem maior que a marolinha apregoada pela chefe da atual gestão. Mais um belo erro de avaliação.

O dólar mantido baixo, com certeza cria uma dificuldade de preço de comercialização de nosso produto no exterior. Não sou economista, mas tenho bom senso. Aí eu pergunto, qual o incentivo que o pequeno industrial está tendo para poder enfrentar um tsunami, se este algum dia bater em nossas praias?

Moro na Flórida e por aqui nos malls, só se vê brasileiro comprando. Com certeza os bens de consumo estão mais caros no Brasil. Ao passo que os preços por aqui, dia a dia se mostram mais atrativos. Todavia, este dinheiro gasto aqui, é dinheiro que falta ai. Dinheiro que o pequeno industrial e comerciante vê esvair-se entre os dedos. Se o dólar tivesse caro, o consumo dentro de nosso território seria maior e as chances de exportação do que produzimos em nosso parque industrial, melhores ainda. Não entendo bem porque o dólar é mantido tão baixo no Brasil.

Por sua vez, existe outro detalhe a ser observado. O otimismo gera otimismo, mas muitas vezes cega a realidade. AIDS não pode ser tratada como um simples resfriado, querendo ou não o governo, vender este diagnóstico à sua população para efeitos eleitorais. Acredito na sanidade econômica de nosso pais. Ela teve seus alicerces implantados no governo FHC. O governo Lula, teve a inteligência de manter as bases de crescimento e só pecou pelo gigantismo da divida pública. Quase duplicamos o número de ministros, ministérios e demais congêneres. Decretos secretos são um fato comum no Senado e na Câmara. Afinal, faz parte da máquina de apoios, cobrada pelos partidos que participam da coalizão governamental e naturalmente precisam de cargos e empregos, para distribuição própria.
Parece que ninguém no Brasil apóia politicamente sem ser apoiado financeiramente. Esta é a grande verdade.

Não sou partidário do presidente Lula, mas aceito o fato que muita coisa boa foi feita em seu governo. Mas estas avaliações baratas que nosso presidente profere para manter o otimismo em torno de si, nem sempre funcionam.

Muita gente afirma que a bomba vai estourar na mão da próxima gestão. Não serei tão apocalíptico. Acho que o Brasil tem hoje finalmente uma estrutura. E como arquiteto que fui, afirmo que não se derruba uma obra bem estruturada no solo, com um sopro. Precisa-se um anárquico tufão.

Temos dois grandes eventos mundiais vindo por ai, separados apenas por dois anos. Eventos estes que trarão imensas divisas ao pais e que em sua elaboração irão dar trabalho a muitos brasileiros, principalmente nos setores de construção, hotelaria, turismo e serviços. Mas temos que dar o retorno, principalmente em nosso sistema de segurança. Imaginem os atentados que o crime organizado pode impetrar a turistas e atletas que nos visitam.

Necessitamos iniciar ontem, este processo, que por muitas décadas manteve-se estacionado. Preso a apatia do setor publico em enfrentá-los. Volto a repetir, isto não é problema deste governo. É um problema de vários governos que simplesmente vem crescendo como uma bola de neve, montanha abaixo.