segunda-feira, 19 de outubro de 2009

DAS ESCADARIAS DE ODESSA, AS LADEIRAS DO MORRO DO MACACO


DAS ESCADARIAS DE ODESSA,
AS LADEIRAS DO MORRO DOS MACACOS






Não sei quantas pessoas tiveram oportunidade de assistir 
a um dos mais importantes clássicos do cinema; 
o Encouraçado Potemkin. 
Coisa antiga, mas de imenso valor cultural.
 O filme é de 1925 e retrata a revolta dos marinheiros em 1905 em plena época czarista. Foram imagens que me marcaram, eu que sou um apaixonado pelo cinema. 
Pouco entendo, mas adoro.

Sergei Eisentein enfoca em pouco mais de oito minutos - talvez os mais impressionantes da história da cinematografia mundial - uma cena desenvolvida nas escadarias de Odessa.

Começa com a chegada do navio de guerra. Os barcos se aproximando do mesmo. Os viveres sendo trazidos para bordo. Total alegria. Perfeita interação reinante entre habitantes e marujos que acabavam de baixar ancoras. Ai cenas distintas de uma senhora com a sombrinha. Um aleijado sem pernas, puxando de seu boné para saldar os recém chegado. Uma mãe incitando a seu filho a largar a cesta e a acenar para os recém chegados. De repente, o close em uma mulher que tomba, sem que nenhum som seja distinguido.

Da alegria ao desespero. Todos descem as escadas. O aleijado pulando qual uma bola de futebol em sua descida desabalada. A sombrinha entrando pela lente e a tomando em todo seu ângulo de ação. Foi quando finalmente o diretor se faz entender sobre o que realmente está acontecendo. O exército chegando por trás pronto para continuar com a carnificina.

O plano de filmagem abre é se observa a população descendo em total desespero. Corpos caem em câmera lenta. A criança que se senta junto ao corpo do pai atingido. Camadas de soldados aparecendo qual uma onda de um tsunami. O impiedoso massacre dos inofensivos. O menino da cesta que é atingido sem que a mãe note. Quando ela chega ao final da escada descobre o que ocorreu. Sua expressão de desespero ao ver o rosto ensangüentado de seu filho chamando por ela e a seguir sendo pisoteado pela massa e pelos soldados é cruel. Os cossacos, montados em seu cavalos, chegando no local para onde todos desceram e terminando o serviço com seus sabres.

O enfrentamento da mãe com o filho morto no colo antes de ser fuzilada pelo esquadrão. Outra mãe, ainda jovem que é ferida e com a queda de seu corpo deixa o carro de seu bebe descer pela escada, cena esta que certamente influenciou o diretor de os Intocáveis no take da Penn Station.

O encouraçado Potemkin e suas cenas marcantes. Aí eu me pergunto. Seria esta cena parecida com a que aconteceu sábado na velha Vila Isabel de Noel Rosa, nas cercanias das ladeiras de acesso ao morro dos Macacos? Os jovens voltando da festa no carro adquirido no dia anterior e sendo chacinados pelo bando de Fabiano Anastácio.

Fabiano Anastácio, estava preso. Foi deixado sair da cadeia, neste sistema idiota de meia liberdade, muito antes de ter terminada a sua pena. Olha no que deu. Ele desapareceu e por anos é procurado. Não seria a justiça que lhe deu a possibilidade de horas de liberdade, tão culpada como a gangue, liderada por ele, que tentou tomar o morro dos Macacos?

O que isto pode prejudicar nossa imagem como cidade olímpica? Imediatamente alguns objetarão que em Londres, no ano de 2005, exatamente um dia depois de ser escolhida como cidade olímpica, na capital Inglaterra, uma série de atentados a bomba, ceifaram a vida de mais de 40 pessoas. Mas eu diria que foi um atentado político. Outros não se verificaram desde então. No Rio de Janeiro é distinto Isto é uma cena do cotidiano. Diferenciada apenas, desta feita, pela queda de um helicóptero. Isto a tornou maior as vistas da população. E qual é a reação de nossos dirigentes? De estupefação.

Estupefação com o que? Será que eles não esperavam que um dia isto acontecesse?

Mais perplexo fiquei eu com um comentário do senhor nosso presidente, que já provou que em tempo de crise ele está fora! Não sei como o presidente Lula se saiu em aritmética quando passou pela escola. Mas quando ele afirma que o processo degenerativo carioca impetrado pelo crime organizado é produto de meia dúzia de pessoas que comandam outra meia dúzia e que são estes poucos que denigrem a imagem do Brasil no exterior”, penso que seu erro aritmético e de avaliação são brutais.

Que me perdoe o presidente, mais diria que são mais de meia dúzia a comandar outra meia dúzia. O crime organizado é hoje um exército. Querer minimizar a situação com estes comentários, perdoe-me, mas é no mínimo achar que toda a população brasileira é formada por idiotas. Talvez até o seja, pois sua aprovação nas pesquisas, parece excessivamente  grande.

O que dá para sentir é que o presidente Lula é excelente para se ter em um casamento, mas por favor nunca o convidem para um enterro. Ele fará do morto, um ser nada importante, possivelmente até inoportuno. E você ainda terá que arcar com as despesas de repor seu estoque de bebidas.