sábado, 10 de outubro de 2009

DE EINSTEIN A EXU, SEM MAQUIAGEM

De Einstein a Exu
sem Maquiagem






Meus parcos mas queridos leitores, tenho algo de grave a lhes reportar. 
Sentados? Melhor assim. 
Pois, aqui vai o resultado de minhas últimas e diligentes averiguações: 
O MUNDO MUDOU. 
Pasmem, em certos aspectos, para pior.

Aceito que isto seja apenas uma questão de opinião que como todo nariz, cada um tem o seu, em diversos tamanhos, matizes e formatos. Mas isto é apenas a minha opinião. O meu nariz. Que, pelo menos para mim, é importante, Pois, sou eu que o assôo.

Todavia, a inversão de valores que comentei aqui mesmo neste blog a dois dias atrás, está fazendo com que num futuro muito próximo, ninguém mais queira ser um médico, um engenheiro ou mesmo um arquiteto. Melhor é chutar uma bola ou quem sabe, soltar a voz no mundo e ver no que dá. E como fazer rap é muito mais mole que uma sinfonia em breve teremos  milionários Bethoveens do morro do Alemão e conceituados Mozarts da Rocinha. Se já não os temos.

Sergio Porto estava certo. O Brasil é um samba de crioulo doido. Estou sendo crassamente realista. Do berçário a cova, muitos brasileiros estão assumindo a inconcebível vileza do antigo habitante de Roma. Aquele que sentava no Coliseo, assistia os cristãos serem engolidos pelos leões e mantinham-se felizes, alegres e em perfeita harmonia com os seus gordos indicadores direcionados para baixo.

Inconfessa abjeção. Duvido muito.

O esportista futebolístico hoje age como um atravessado pela luz divina. Nada de mal lhe pode acontecer, pois, é um iluminado. O mesmo vejo acontecer com duplas sertanejas e certos artistas globais. Imbuídos pela possibilidade de terem sido cingidos com talento, exorbitam em suas possibilidades e pisam na jaca sem se importar. Ungidos pela mão divina, mantém o seu sucesso, pois, o povo paga para vê-los. O mesmo povo que aperta suas economias para sobreviver o dia seguinte. O mesmo povo que vive de uma cesta básica.

Muitas vezes um cara, que não reconhece a mínima diferença entre Einstein e Exu, a não ser o fato que ambos tem as mesmas iniciais, num piscar de dedos alcança o sucesso. Ótimo para ele. Nada tenho de contra com o seu sucesso. O que me entristece é que professores e demais profissionais liberais, estudam, se especializam, dão um duro danado e cospem sangue para poderem manter as suas famílias. Seria isto justo? Estaríamos vivendo em uma sociedade harmônica?

Sei que isto é um fenômeno mundial. Mas não estou me importando com o mundo e sim com uma pais de que se acha emergente, e na verdade está se afundando nos itens educação e cultura, mais que o meu submarino na Lagoa Rodrigo de Freitas.

Talvez, seja esta a razão dos brasileiros até hoje não terem conseguido ganhar um Premio Nobel sequer. A Argentina, se não me engano, já ganhou oito. Mas ganhamos um punhado de Copas e o pais vizinho apenas três, sendo uma no grito. Não vejo incentivo para que nossas mentes se tornem mais hábeis. Não sinto da parte do governo – e não é apenas este governo, são todos os governos – uma ótica que se sensibilize com a necessidade de aprimorar as nossas mais bem dotadas mentes. Assim como a nada dotadas. Prestigiamos mais os esportes do que as faculdades. Parece que o simples fato de manter a ignorância é um prenuncio de mais votos trocados por cestas básicas e auxilio família.

A ninguém se dá a vara de pescar. O negócio é distribuir diariamente as sardinhas, para mantê-las eternamente dependentes. Não sou daqueles que clamo pela penalização de eventos. Acredito que devamos ter uma Copa e uma Olimpíada, mas não creio que devamos apenas maquiar a cidade por alguns meses, para que aqueles que nos visitam, se enganem do que está acontecendo em torno de si. Temos que gastar o que vamos gastar em estágios, também em transporte, educação, saneamento básico, enfim em tido aquilo que possa melhorar o nível de vida de nosso cidadão.


Com o que se vai gastar com os novos aviões caça, - para que, nos defendermos da Bolivia e da Venezuela? -  não daria para melhorar algo em termos de educação?

Maquiar não dá certo. Pode-se até confundir Einstein com Exu, mas nunca tente maquiar o fato. Se ele existe, tentemos suavisá-lo, aplicando educação e cultura no povo.


Lembro-me de Winston Spencer Churchill, um líder que nunca teve um percentual de aceitação por parte de seu povo, que o mantivesse tranqüilo em sua cadeira de primeiro ministro. Mas ele ganhou a sua guerra. Em um jantar, já mais para lá do que para cá, foi abordado pela senhora que estava a seu lado de uma forma rude:

-       O senhor sempre foi e sempre será um bêbado.
-       Minha senhora, a senhora é feia para burro. Minha vantagem é que amanhã estarei sóbrio. E a senhora sem esta maquiagem, ainda mais feia.

Isto é o efeito que a maquiagem age perante gente que raciocina.