QUEM FALA O QUE QUER…
Muita gente acredita que os velhos ditos populares são a base
de uma da filosofia de um pais.
Afinal eles passam de geração por geração pela veracidade
de seus sérios ensinamentos.
Eu tenho minhas dúvidas se todos realmente assim o são. Por exemplo, minha vó Adelina sempre me disse “que nos menores frascos estão os melhores perfumes”. O perfume que mais gosto, e uso, é o Creed – Green Irish. Pois ele tem um frasco grande. Como explicar?
Vocês naturalmente conhecem este outro: “Quem não tem cão, caça com gato”. Pois, bem, eu diria que quem não tem cão, caça COMO gato. Vocês não acham que seria mais racional e com mais chance de sucesso? Acredito que sim.
Outro muito dito por minha vó era aquele: “Quem tem boca vai a Roma”. Ainda pequeno estando pela primeira vez na rodoviária - então ainda na Praça Mauá, do Rio de Janeiro - a caminho de Teresópolis, arrisquei a perguntar ao motorista como ir a Roma, e ele não sabia. Aquilo se transformou em um trauma juvenil. Talvez fosse a minha boca, pensei aturdido…
Quando ainda menino, uma tia quando queria definir uma cor indefinida dizia: “Cor de burro quando foge”. Desacreditei nessa específica tia, quando pela primeira vez em uma fazenda, vi um burro fugir e sua cor nada tinha com as cores que perguntara anos antes.
São estas pequenas coisas que traumatizam um ser ainda em crescimento e formação.
Novamente voltando a minha vó, nunca entendia porque ela dizia: “seguro morria de velho”, a cada estrepulia que eu me propunha a fazer. Quando meu avô, que não fumava, não bebia, era vegetariano e bastante seguro com o dinheiro que ganhava, morreu aos 45 anos de câncer. Achei que era melhor viver do que se privar de viver e morrer cedo da mesma forma.
“Cão que ladra não morde”. Tenho até hoje uma marca em minha perna que prova ao contrário.
Cresci numa época que roubar era crime e feio para burro. Ser chamado de ladrão era o mesmo que um tiro na testa. E minha vó Adelina prevenia: “a oportunidade faz o ladrão”. O que ela queria dizer era que só quando uma oportunidade se apresentava, a pessoa se tornava um ladrão. Quando comecei a sacar um pouco do que acontecia na política, descobri que não era necessária sequer uma oportunidades, para que os políticos roubassem, E nos atuais dias, pega mal não fazê-lo. Atestado de otário.
“Quem ama o feio, bonito lhe parece”. Sei que é possível, e porque não dizer louvável, mas quase chegando aos sessenta confesso que ainda não me acostumei muito com esta ideia. Penso muito naquela frase do Vinicius: “Beleza não põe a mesa, mas eu não como no chão”.
O mais bisonho de todos era aquele que lembrava: “Quem tudo quer nada tem”. Será que quem disse isto pela primeira vez, não conhecia o sistema capitalista?
Todavia um dos que mais impressionaram quando ainda usava calças curtas era aquele que soava como um piano sobre a sua cabeça: “Mentira tem perna curta”. Agora que uso calças compridas vejo que esta norma se aplica em Brasília. Lá a mentira tem pernas longas e ninguém a consegue pegar.
Mentiras. Como o Planalto tem a capacidade de fabricá-las. Uma coisa dou o braço a torcer ao Collor quando ele congelou o meu depósito e do resto dos brasileiros. Ele afirmou que estava usando o nosso dinheiro. Pois bem, hoje a coisa acontece da mesma forma, porém velada, em certa escala da população. Aquela faixa de brasileiros que faz este pais funcionar, com o peso do pagamento de suas taxas. A carne do leão. Uma faixa de brasileiros que não onera o governo com programas de bolsas família, cestas básicas e outros que não tiro a validade, mas que igualmente são populistas e angariam votos. Explico-me melhor.
Esta certo que não exista uma lei que marque a data da devolução - de responsabilidade do governo - ao contribuinte, que teve seu imposto cobrado a mais. Outrossim, usar como desculpa que a restituição está atrasada pelo menor faturamento obtido pelo governo, me lembra outro ditado nordestino, aquela que diz que “a desculpa do amarelo é comer barro”. E nosso presidente como bom nordestino que é, o conhece bem. Logo, não é desculpa. O faturamento não é o problema. Nunca o foi e nunca será. O Brasil é uma vaca de enormes tetas que não para de jorrar leite. Logo, o problema é o excesso de gastos públicos, para manter nem bem a vaca, mas sim um alto índice de popularidade para a presidência.
O dólar está barato, porque entraram investimentos este ano em nossa economia na casa dos 60 bilhões de dólares. O chamado dólar branco. De investimentos. Não de especulação. Assim sendo, não carece deixar atrasar a devolução de quem contribuiu com o suor do próprio corpo.
Desculpem aqueles que fomentam a comilança de um lado e o atraso do ressarcimento do que é devido, do outro. Isto é cascata da grossa. Desculpem-me, mas “quem fala o que quer, ouve o que não quer”.
Este ditado eu garanto que não falha.