quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

58%


Inchado qual um anfíbio Anura da ordem Bufonidae






Estava sentado na sala de meu apartamento a assistir mais um belo por de sol aqui em Hallandale, quando da televisão ouvi via Globo Internacional, nosso presidente à frente das câmeras dizer, inchado qual um anfíbio da ordem Anura, da família Bufonidae: “Nunca, na história deste pais, o povo teve tanta disponibilidade e poder de compra...” Graças ao bom Deus, estava eu sentado, pois, desfaleci.

Imaginei, por estarmos perto do natal, que num ataque de sinceridade ouviria algo como “Nunca, na história deste pais, as instituições financeiras ganharam tanto dinheiro...”, pois a 58% de juros anual, o que eu vejo são estas instituições enchendo a burra de dinheiro e o povo se endividando cada dia mais até o gogó. Eu disse 58% e carros a um prazo de 72 meses. O que poderá acontecer em 72 meses, em um pais como o Brasil? 


Afinal nossa moeda além de não ser estável, não é ainda aceita em lugar nenhum ao norte do Amazonas. Somente ao sul do Rio Grande do Sul. O dólar flutua e perde valor no Brasil, apenas pelo fato que o governo assim o quer. Quando ele sobe, abre as comportas e o encharca nova mente. Não sou economista, mas como qualquer criança de 4 anos pode notar o fato, eu o noto igualmente.

Isto não é terrorismo psicológico. Isto é apenas juntar dois com dois e ver que sempre dará um quatro. Vou a um exemplo recente. Aqui nos Estados Unidos, antes que a crise tomasse vulto, os cartões de crédito fizeram as pessoas se endividaram, distribuindo-os a granel, sem a menor preocupação de se garantir que as pessoas tivessem um lastro para pagar o que deviam, se necessário fosse. E isto a juros abusivos, que aqui não passam de 20% ao ano.

Carros em 72 meses a 6% ao ano e apartamentos a 30 anos, com 5% de entrada, com juros anuais de 5,5%  e até financiamento em escrow accounts, das taxas de propriedade. Um paraíso. Nunca se construiu tanto no sul da Flórida.

Gente se fartou - como no Brasil de hoje - a comprar. Todos tiveram direito a sua casa própria, a seu individual automóvel e mais do que isto, a tudo aquilo que o cartão de crédito podia adquirir. E eles podiam tudo! Só esqueceram-se que nem a casa era própria, nem o carro era o seu. Todos estavam como colaterais ao banco.

A manicure de minha mulher comprou um apartamento do dobro do tamanho do meu, em meu prédio e disse: “achei melhor investir e se a situação apertar, vendo”. Esqueceu-se apenas de um detalhe. A situação quando aperta apenas para você, dá até para sair perdendo pouco. Mas no caso de uma crise mundial, aperta para todos, é aí a vaca vai para o brejo.  Cessa a atividade do mercado. A oferta se torna solitária, pois, a demanda simplesmente inexiste. Ela desaparece. Se acanha. E aí o banco e as instituições financeiras exercem o seu direito e simplesmente se apossam daquilo que você um dia acreditou ser seu. Seja um apartamento, um automóvel ou mesmo uma TV a plasma.

Não existe melhoria de poder de compra, quando o crêdito está com o juros na casa dos 58%. Existe sim uma coisa chamada endividamento. Qualquer marola de cunho financeiro, se torna um tsunami em sua vida.

Hoje para a economia fluir no pais mais rico do universo, carros japoneses estão sendo oferecidos a 72 meses sem juros e sem entrada. Computadores e eletrodomésticos em 18 parcelas sem juros. E nos malls – e garanto-lhes que de Kendal a West Pall Beach existem no mínimo uma dúzia – só quem compram são latinos. Muitos dos quais que aqui aportam, pagando pacotes de viagem com juros.

Não existe milagre. Tudo tem que ser pago de uma forma ou de outra. A pessoa que se deixar atrair por estas facilidades estará correndo um risco de quebrar a cara logo na primeira esquina de uma crise, vinda de não sei lá onde.

Espero que o Brasil cresça em 2010, o que não cresceu em 2009. Contornamos a crise, mas ela está ainda forte no quintal de nossos principais clientes. E se eles não pagarem? E não obstante aplicarem uma moratória como o fizemos em diversas oportunidades. Quem paga a divida?

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

A ZONA OESTE DO RIO DE JANEIRO





ENGANAR-SE É HUMANO, PERSISTIR NO ENGANO...

Acho que deve ser debilidade mental. Insânia fóbica. Anomalia crônica. Deformidade psicológica. Sei lá o que... Normal é o que não é!

Pensar que pode você possa proteger-se do sol usando uma peneira, é piada. Só não dá para rir, pois, gente anda morrendo. E morte, é triste mesmo para os apáticos governantes que ora temos e sempre tivemos.

Você pode ser lutador de vale tudo. Pode-se intitular-se professor de Jiu Jitsu. Até perito em artes marciais. Não basta nem menos ser preparador do Mike Tyson. Marco Jara que o diga. 
Pois pasmem, isto na Zona Oeste do Rio de Janeiro não vale absolutamente nada. Parou o carro sambou!

Creio que o oeste do Rio de Janeiro parece o antigo farwest norte-americano. Tombstone, Kansas City, o que o leitor escolher. Mais de um século os separam, mas a forma de sobreviver é mais ou menos, a mesma. Pelo menos ainda na ex-cidade maravilhosa. Lei do revolver. Quem o sacar primeiro, leva a melhor. Eu disse mais ou menos? Sim, porque a vitima, na maioria das vezes, nem arma empunha. É fritado de forma inapelável.

E as olimpíadas estão a caminho. Isto é o que me apavora. Pois, revolta-me ver falar-se apenas da festa e não se preocupar com a segurança dos convidados. Os atletas ficam na vila olímpica. Logo, têem uma chance de saírem ilesos. Mas quem se vê obrigado a trafegar pela cidade e ainda por cima para estádios localizados em áreas não tão seguras? Como será?

Pessimismo? Antes fosse. Creio estar mais chegado ao realismo. Porque? Porque nosso presidente não se mostra nem um pouco preocupado. Afinal só não acha, como meses atrás se pronunciou publicamente que segurança não é problema. Trata-se de coisa orquestrada por meia dúzia de pessoas que comandam outra meia dúzia ...” Será que sua excelência estava sóbrio quando assim o professou? Normalmente, é crível que oficialmente o possa estar. Pelo menos é o que garantem os mais próximos. Mas neste caso específico, mesmo que este jurem sobre a Bíblia, tenho as minhas dúvidas.

Por mais indiferente que uma autoridade possa estar em relação ao problema, ele tem que pelo menos fingir que está preocupado com o referido problema e o tentará solucionar no prazo de tempo, mais breve possível. Tentar minimizá-lo para fins eleitorais, não funciona. Apenas encoraja mais a aqueles que vivem da violência.

A morte de um gladiador deve soar como uma alarma para com aqueles que não possuem o treinamento que este rapaz o tinha. Creio que reagir, deva ser a última das opções quando você se vê rendido e acuado. Mas há horas que não existe outra alternativa. Passei por isto e sobrevivi. Não gostaria de viver a experiência uma vez mais. Na época era jovem, faixa marrom de Jiu-Jitsu e mas mesmo assim, sem um terço do treinamento a que Marco Jara se submeteu. Tive sorte. Ele não. Logo, sei do que se trata. Garanto-lhes que não estou falando da boca para fora.

Estamos há um dia da mudança de um novo ano. Sempre que isto acontece sentimo-nos reanimados e prontos para repaginar nossas vidas. Porque os gestores de nossos três poderes não se sentem da mesma forma?

Outro dia li que um presidiário solto pela manhã em Belo Horizonte, foi preso no final do dia ao ser pego em seu quarto furto. Que justiça é esta? Que quando consegue condenar alguém, lhe concede o direito de assaltar durante o dia, alimentá-lo e proporcioná-lo teto a noite? Isto é feito para economizar o almoço?

Espero que neste novo ano, o de 2010, coisas finalmente mudem no Brasil. Não adianta encher o peito e começar toda e qualquer pronunciamento com aquele demagogo e cínico refrão: nunca na história deste pais...” O pior dos pecados é o narcisismo. Aquele em que o eu impera em tudo que lhe está a volta.

Ponto básico: não existe segurança sem ordem. E ordem sem organização prévia não funcionou nem paraíso de Adão e Eva. Sou contra qualquer regime militarista. Nem ao exército servi. Todavia, está escrito em nossa bandeira. E Ordem vem a frente do Progresso. Vocês notaram? Porém, o progresso nos está alavancando e nós o estamos aproveitando sem ordem, pois, falta-nos o básico: saúde, educação e segurança.

Quantos outros elementos altamente treinados como Marco Jara, teremos que assistir ser assassinados por menores, para que nos convençamos que precisamos exigir de nossos governantes uma solução que elimine o problema? Ou pelo menos o minimize?

Continuar a ouvir a cantilena presidencial minimizadora do “…meia dúzia que orquestra outra meia dúzia...” não lhe garantirá a sobrevivência ao final do dia. E aí o que você irá dizer a São Pedro: Era quatro horas da tarde e eu parei o meu carro para pegar algo na mala...

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

CHICO SEMPRE CHICO






É UMA LASTIMA VIVER-SE NUM PAÍS ONDE POUCO SE LÊ

Estas foram as palavras de um homem, que considero um dos maiores cérebros já nascidos neste pais, e que foi o inicio do belo prefácio que ele fez para o meu livro, O SUBMARINO DA LAGOA RODRIGO DE FREITAS. Com tremendo orgulho repito seus primeiros parágrafos.

“É uma lástima viver-se num país onde pouco se lê. É profundamente triste que este livro do Renato Gameiro esteja, como a grande maioria de obras interessantes publicadas pelo país afora, sujeito a um eventual esquecimento numa prateleira qualquer das nossas livrarias.

É melancólico imaginar-se que as pessoas que podem (e deveriam) ler, não aproveitem as delícias desta história cuja narrativa nos prende e nos agrada. Quem sabe se essas pessoas “não leitoras” não devessem fazer parte da tripulação deste submarino que a imaginação de Renato fez mergulhar na Lagoa Rodrigo de Freitas?

Uma delícia, é a melhor definição que encontro para o texto, já que tive a glória de viver a época em que o livro está ambientado...”

Chico sempre soube a ampla significância destas palavras, pois, vários livros escreveu e segundo ele próprio, poucos foram sequer lidos.

Chico um nome que rima com poesia, muito afetivo. Você se torna mais facilmente amigo de um Chico do que um Francisco. Seja este Chicoseguido de Buarque de Holanda, Mendez ou mesmo Anysio. Estas 5 letras inspiram irremediável confiança.

Do interior do Ceará para o mundo ele marcou a todos que com ele tiveram a sorte de interagir. Casou-se em muitas oportunidades. Uma vez na ponte aérea deixou claro que de mulher entendia pouco, mas de casamento estava formado. Foi da corista e ministra, pois, sempre teve a capacidade de atingir a qualquer tipo de publico. Muitos são seus filhos, milhões são os seus fans.

Para mim Chico Anysio sempre foi e sempre será um ídolo, pois, a coisa mais difícil de se conseguir é fazer uma pessoa rir. Fazê-la chorar, é fácil. Até um pontapé o consegue. Mas extrair de dentro de uma pessoa, preocupada com seus próprios problemas, aquela alegria contida e fazer com que ela se extravase num sorriso ou quem sabe numa gargalhada, é necessário se ter um dom. O dom da comunicação, da palavra certa na hora oportuna, o pace exato. Nem uma palavra a mais ou a menos e creio que Chico nisto, foi inimitável.

Ele faz rir do menino de 8 anos ao idoso de 70. Seus personagens hoje tem identidade própria. ALBERTO ROBERTO, AZAMBUJA, BOZÓ, O PROFESSOR RAYMUNDO, COALHADA, DIVINO, JEAN PIERRE, LOBO FILHO, VELHO ZUZA. PAINHO, POPÓ, BRUCE KANE. JESUÍNO O PROFETA ... Estes são apenas alguns de uma infinidade de personagens bem brasileiros, que minha memória conseguiu reter.

Em Agosto deste ano assisti a uma apresentação improvisada do Chico e um de seus filhos em uma reunião de criadores e proprietários em um teatro do Rio de Janeiro. Ele nos fez rir, embora nem levantar-se conseguiu de sua cadeira. Por isto cativei-me com a noticia que apresento abaixo, pois, sei quanto difícil deve ter sido para ele, representar aquele que pode vir a ser o seu último grande show televisivo.

É delicado o estado de saúde de Chico Anysio. O humorista, de 78 anos, que sofre de enfisema pulmonar, deu trabalho à direção da Globo durante a gravação do especial Chico & Amigos, que será exibido no próximo dia 29.

Atores como Lima Duarte, Totia Meireles, Alexandre Borges, Antonio Fagundes e Dira Paes se emocionaram durante as gravações no Projac, zona oeste do Rio. Para Carol Castro, o artista surpreende pela vontade de viver.

- Ele apresenta cansaço para andar, falar e fazer atividades físicas, mas é um gênio do humor. Apesar das limitações, não perde o rebolado.

Chico & Amigos se passa em um navio, onde o humorista contracena com alguns dos seus principais personagens e também com convidados...”

Estejamos no dia 29 ligados televisivamente a este homem que tantos grandes momentos nos deu com sua perspicácia, sua picardia e sua alegria. O Aplaudamos de pé. Mesmo que ele não nos ouça. Agradeço a Globo por esta iniciativa, ela que andou deixando Chico meio de lado nestes últimos anos.

Ao grande homem do palco, das letras, dos cavalos de corrida, eu tiro o meu chapéu esperando que no fim de 2010, de 2011, de 2012, venha assistir mais um de seus grandes shows.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

A LIÇÃO DO FEOLA







ERRAR É HUMANO, PERSISTIR NO ERRO...

Ontem me ative ao amigo de juventude Osvaldo, que por força do destino fez valer a sua eterna vontade de ser chamado e reconhecido como Oswald, no decorrer de sua existência. Outrossim, o grande ensinamento de vida que ele me deu, foi o de mesmo nadando contra a forte correnteza, ter conseguido ser aquilo que sempre sonhou. Antes tarde do que nunca.

Tentar ser aquilo que não é, me parece ato falho. Destituído de qualquer racionalidade. Pode-se seguir a principio um caminho, seja ele qual for, mas tem que se ter a hombridade de reconhecer seu erro ou que aquilo que você realmente está exercendo, não foi designado para você. Aquilo que não tem o seu perfil, muito menos a sua cara, tem que ser abolido de sua existência. Imaginem o Picasso médico, o Dr. Pitangui puxador de escola de samba, o Garrinhcha escritor e a senhora e ex-terrorista Dilma, ministra ou presidente de uma nação! Realmente não combina.

O que o presidente Lula está tentando fazer é o mesmo que o pai do hoje Oswald, tentou fazer, com seu filho Osvaldo. Ou mesmo, para se dar um exemplo de maior significância, o que o Feola tentou fazer no inicio na Copa do Mundo de 1958. Escalar o time errado.

O time que entrou em campo para estrear contra a fraquíssima Áustria, como pode ser visto na foto de abertura foi Gilmar – De Sordi, Bellini, Orlando e Nilton Santos – De Sordi e Didi – Joel, Mazzola, Vavá e Zagallo. Ganhamos de 3x0 mas não convencemos a ninguém. Quanto mais a nós mesmos. A seguir empatamos com os perna de paus dos inglêses em 0x0. E teríamos a seguir que enfrentar os favoritos daquela competição; a Rússia. Aí o gordo Feola foi acordado e chamado a razão, dizem as más línguas pelo Didi e o Newton Santos, que dentro do campo, sabiam melhores do que ninguém que o motor estava batendo pino. E o Brasil, mudou naquele ponto, ganhou da Rússia e terminou a Copa, sagrando-se pela primeira vez campeão do mundo com Gilmar – Djalma Santos, Bellini, Orlando e Newton Santos – Zito e Didi – Garrincha, Vavá, Pelé e Zagallo. Deu para se notar a diferença? Como pode ser visto na foto que s segue.






Errar é humano, persistir no erro é que difere o inteligente do imbecil, ou moderando o termo, do mal intencionado ou mal preparado.

Se existe uma coisa que não podemos vestir o presidente Lula é a carapuça de ser um imbecil. Longe disto. Ele tem a vivacidade do homem que viveu na rua e soube trilhar o seu destino. De alta didática, provou estar preparado para manejar política, mesmo não entendendo patavina de qualquer área de seus ministérios.

Sempre defendi a tese que se Einstein fosse o presidente da Microsoft, ele a arruinaria em dois anos. O presidente de uma república, como o treinador de uma equipe de futebol, tem que ser o homem que escala bem a sua equipe e sabe equilibrar os egos daqueles que a compõem dentro e fora do campo. Muitos dos quais que se julgam gênios.

Que as feministas me desculpem – embora eu acredite que nem para as feministas, a candidata do nosso presidente agrade – mas não dá para aceitar a tese que a senhora Dilma tenha capacidade de gerenciar uma nação continente, emergente e tão complexa como o Brasil.

Para quem não acredita eu perguntaria. Você tem um banco, uma industria ou mesmo um supermercado, para quem você daria os plenos poderes de decisão, a dona Dilma ou ao senhor Serra? Vamos esquecer de preferências pessoais. Vamos nos ater apenas na capacidade profissional demonstrada, até o presente momento, por cada um. Esquerda por esquerda, ambos lutaram contra a revolução. Logo, não há como diferi-los. Dona Dilma dirigiu algum Estado, alguma prefeitura. Foi eleita para algum cargo importante de gerenciamento pela força do voto popular? Eu acho que não existe chance da preferência racional recair nesta senhora.

Eu era bem pequeno quando o Brasil ganhou a sua primeira Copa. Me lembro que estudava no primário do Colégio Santo Ignácio, no Rio de Janeiro, e recebia as informações dos resultados dos jogos, durante as aulas, pelo diferença de horários entre a Suécia e o Brasil. Não havia televisão, apenas rádio. Rádio exagerava, mas não mentia.

O Feola nos deu uma lição. Se obrigado ou não, não cabe a mim julgar. O que interessa é que redimiu-se de seu erro inicial e teve a grandeza de mudar. Por isto ganhamos aquela Copa e outras mais.

Aprendi com esta lição, que tudo na vida tem uma razão de ser. Você nasce com dom. Cabe a cada um descobrir o seu. Quem o faz cedo, vive mais tempo feliz consigo mesmo. Quem o exerce por prazer, acaba obtendo melhores resultados. Mudei da arquitetura para os cavalos de corrida, em minha vida profissional, pois, isto era o que eu queria. Foi o meu chamado. Não me arrependo. Hoje igualmente escrevo, pois, isto me dá prazer. Mas nunca seria chefe de uma nação porque o cara assim o quis.

Se não sou gênio, Deus instituiu-me pelo menos com o senso do ridículo.

domingo, 27 de dezembro de 2009

CONSEGUIR AQUILO QUE O DESTINO A PRINCIPIO O PRIVA DE SER



O OSVALDO, SEM W E D MUDO
OU O ENCONTRO DE VELHOS AMIGOS


Sempre li muito e confesso quem mais me impressionava, entre os que escreviam na minha época de impressionar-me com tudo, eram os cronistas. Aquele que tinha uma coluna diária no jornal, era para mim um ser especial. Acostumei-me mal, Castelo, Nelson Rodrigues, Sabino, Paulo Mendes Campo, Antônio Maria, Stanislaw Ponte Preta, Cony, Rubem Braga, e tantos outros que se citados em sua integra, encheriam o espaço que aqui tenho para expor esta minha tentativa de crônica.

Porque eles causavam-me tanta impressão? Pelo simples fato de acreditar que a arte de ser cronista é a de dizer aquilo que vem a sua cabeça diariamente. O que pode passar a desapercebido por alguém, não pode nem deve passar por aquele que se propõem a ser um analista do cotidiano. Um caricaturista do momento. O olho critico da história.

Creio que de tanto ler e depois escrever, acostumei-me com este fato e ao menor detalhe as vezes me vem um desarquivamento de uma informação que parecia perdida naquela parte obscura de seu cérebro. Vamos a um fato destes.

No dia 25, entrou para o meu rol de amigos, no facebook, o professor João Beserra da Silva, que como todo homem vivido, como eu sou, não têm receio de colocar seu ano de nascimento na sua parede de apresentação. Ele é de 36. Sou de 50. E imaginem que existe muita gente de 1975 para cima, que já se acha velha...

Isto mesmo Beserra com S, e não com Z, como muita gente poderia esperar. Mas o nosso bom professor Beserra com S, parece ser um ser motivador, que não se arrepende de sua existência e que parece tê-la vivido intensamente. Prega coisas bonitas como este seu projeto de vida: “O meu maior projeto de vida é VIVER, motivar as pessoas a amarem cada vez mais a vida. O meu grande propósito é demonstrar a empresários, a liberais e a todas as pessoas que elas podem aumentar os seus anos de vida, vivendo cada dia...

Quando se passa dos 80, muitas vezes a gente exala empatia, dificilmente simpatia. E o nosso Beserra me parasse ser uma pessoa in. Para cima. De bem com a vida. Que exala simpatia. Como todo ser respirante deveria ser, pois, não há coisa mais gratificante do que estar vivo e simplesmente vivendo a sua vida.

Estar bem com todo mundo é uma arte que ainda não consegui dominar, embora minha esposa Cristina, seja uma catedrática nesta questão. É capaz de fazer amizades em um elevador, se mais do que três andares tenha que ser vencido. Mas não é este o caso.

Pois, é a grafia do nome do professor Beserra me fez lembrar de um amigo, que não vejo há muitos anos, o Osvaldo. Para os mais novos, na época que o Osvaldo nasceu, chique era ser batizado como Oswald. Com W no meio e D mudo no final. E creio que esta grafia off-broadway para a época o afetou em muito. Pois, em meu modo de ver, ele sempre tentou ser aquilo que nunca foi preparado para ser.

Quando se é criança, normalmente se é cruel. O mendigo sem braço bate à sua porta para pedir um prato de comida e você indaga onde ele perdeu o membro. Novamente aos mais jovens, da década de 50 lembro que era normal que quem morava em casa, como eu, recebesse a visita de pessoas que necessitavam de ajuda. Minha mãe tinha o menu do mendigo e sempre um ou dois pratos de comida junto ao forno. Hoje recebemos a visita do ladrão e temos que ter pronta a carteira do ladrão, aquela que tem os trocados que não lhe fazem falta.
Mas voltemos ao nosso Osvaldo, com V, no meio e O, no final.

Seu apelido era Vavá. Logo querer ter a pretensão de ter o W era por se dizer inútil, já que ninguém pode ser chamado de Wawá. E ademais que quando jogávamos bola na rua, e isto já nos situa no final da década de 50 e inicio da de 60, o grande centro-avante brasileiro se chamava Vavá. Que não era Osvaldo e sim Edvaldo Izidio Neto.

Não é a toa que o nosso Vavá, era um péssimo centro avante, mas aquilo parecia ser o que ele queria ser, pela similitude de apelidos. Embora como lateral batesse uma bola bem acima da média. O mesmo aconteceu em sua vida profissional. Ele tinha um talento bárbaro para as artes. Desenhava bem, mas seu pai, um nativo de Trás dos Montes, que de tamanco atendia seus fregueses em seu bar, queria que seu filho fosse doutor e em médico nosso Osvaldo se formou a contragosto. Casou cedo, com uma contra parente por  iniciativa das famílias e foi assim que o perdi de vista

Um dia, por volta dos anos 90, li que o nosso Osvaldo estava expondo pela primeira vez em uma galeria na zona sul do Rio. Fui lá. O encontrei o abracei e lembramos dos velhos tempos. Ele deixara a medicina e se divorciara da prima de terceiro grau. parecia um menino em um parque de diversões. Faltava-lhe algo como pintor, mas o importante é que o vi, pela primeira vez, feliz. Pleno de si.

Descobri que o velho amigo, finalmente conseguira ser aquilo que o destino o privara no início de ser. Sua assinatura no canto inferior esquerdo de sua obra, tinha finalmente a grafia que ele merecia; Oswald.

sábado, 26 de dezembro de 2009

VIOLÊNCIA SO PODE SER COMBATIDA COM ORGANIZAÇÃO




OS GIULIANIS E OS GAROTINHOS

A Internet proveu um milagre no mundo. A das pessoas se falarem se vendo nas telas de um computador. Isto revolucionou as formas de comunicações entre parentes, amigos e mesmo no mundo dos negócios. Tudo se tornou mais perto, mais tocável, enfim, menos eletrônico e mais pessoal. Imaginem, todavia, na época de nossos pais, a carta era a forma mais crível de comunicação.

Hoje tenho acesso a amigos e a novos amigos feitos pelo fenômeno chamado internet. Evidentemente que ela igualmente nos escravizou. Nos mantém mais tempo ligados, sentados com os olhos fixos na telinha e ávidos por informações. Ela acabou com os dicionários e as enciclopédias. E respectivamente com a profissão de vendedores das mesmas. Pois, ela trás a todos nós, as respostas as nossas perguntas. Basta apenas pesquisar. Ela ativa nosso cérebro e isto de alguma forma irá atrasar nossas deficiências da mente com o aumento da idade. Ao mesmo tempo estraga nossos olhos. E em muitos casos a nossa coluna. Quanto ao coração, o tempo o dirá, já que sempre haverá um tempinho para levantar e exercitar-se. Quem não o fizer, que não me venha no futuro culpar a internet.

Tudo na vida é factível a interpretações e erros. Menos a morte. A internet tem os seus. Aliás, se a grande ciência exata as vezes se confunde, porque não a eletrônica. Os matemáticos brasileiros não tem como explicar, por exemplo, o Fluminense que a uma altura do campeonato tinha apenas 1% para não cair e o Flamengo 8% para ser campeão, contradisseram seus cálculos.

Pois, bem partindo-se do principio que existem atos falhos, vou me ater a um que considero factível: o do termino dos focos que geram a violência em nossas principais metrópoles.

Manhattan, estava uma determinada época se tornando um caos. O prefeito Giuliani, abraçou a causa de limpá-la e o fez. New York não é um paraíso, porém, longe de ser hoje, o inferno que estava se tornando dia após dia. Estamos falando de menos de duas décadas. Mas se quisermos nos ater a muitas décadas antes, vejam que aqui mesmo nos Estados Unidos no inicio do século passado, estava sendo dominado pelas forças do crime. Mike Mcdonald, chegou a ser o czar de Chicago, logo após a guerra civil. Ike Rynders, no início do século anterior, o XIX, um jogador do Mississippi, assumiu a chefia das gangs de New York. Jerry Bassity era o vice lord de San Francisco. Batidos eles foram a principio substituídos pelas gangs de judeus e irlandeses, mas sua organizações foram igualmente destruídas, tão logo seus chefes foram capturados ou mortos. A única coisa que se manteve navegando em águas mornas e tranqüilas, foi a Máfia que chegou depois de todos , mas se organizou como Rockfeller ou Morgan o fizeram na área financeira. Assim, mesmo com a queda de Capone, Torrio, Costello e Luciano, a Máfia sobreviveu. E prosperou.

Sobreviveu por ser melhor organizada, aparelhada e gerenciada que as organizações governamentais da época. Prosperou, pois o sistema que a deveria repelir, custou a organizar-se. Resumindo, as organizações governamentais têm que se organizar, se aparelhar e serem melhor gerenciadas para lhes fazer frente. Trata-se de uma guerra civil e como tal tem que ser vencida pelo aparelho governamental, para que a nação e a sociedade, que nela habita, possam viver em paz.

A Máfia ainda existe, outrossim mais sem sua importância original. Acabou transformando seus negócios em investimentos legais, pagadores de seus impostos. O FBI coibiu sua ingerência, no momento em que os substitutos de Edgard W. Hoover deixaram de perseguir artistas de cinema e os John Dillinger e os Ma Baker da vida e se concentraram em desbaratar a Cosa Nostra, após o assassinato do presidente John F. Kennedy.

Logo, achar que o comando vermelho, ou qualquer nome em que os grupos  de quadrilhas brasileiras estejam agindo, são inexpugnáveis é desculpa esfarrapada. A Máfia e os bandidos antes citados, nos Estados Unidos tiveram seus dias contados quando gente que queria resolver o problema, resolveu agir.

Aí está o x do problema: gente que queira resolver o problema, e resolva agir. Não vi esta vontade em ninguém e em nenhuma gestão. Nunca o Brasil esteve tão atado a violência como agora. E a turma do planalto fala, fala, mas nada é efetivamente feito. Não existe organização, muito menos vontade.

Frank Costello, um dos boss da Máfia, afirmou em 1951: “Eu amo este pais. E porque não? Somente na America pode um grupo de vagabundos como nós, em poucas décadas, criar um império nacional de crime organizado.

Acredito eu, que os Escadinhas e os Beira-Mar da vida, de alguma forma pensam, ainda hoje, da mesma maneira. 60 anos depois...

Mas como diria Papai Noel, aqui são os Giulianis da vida, ai os Garotinhos...


sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

PRESENTE DE GREGO




O BRASIL E O SEU NATAL

A imaginação do brasileiro não tem fronteiras. Iria mais longe, não respeita limites. Para tudo, uma brincadeira. Para tudo um comentário bem humorado. A maior das catástrofes para o brasileiro tem o seu lado pitoresco. Tenho certeza que nascemos de bem com a vida e não há nada que nos faça nos transformar num povo triste e amargurado. Somos o pais do samba, do frevo, nunca do tango e muito menos da guarânia.

Deus quando nos fez, naturalmente perdeu a forma. Ou então, ela foi armazenada no Rio de Janeiro e conseqüentemente roubada.

Hoje é dia de natal. Dia para festejar e se sentir vivo, principalmente se você tem a felicidade de estar entre aqueles que mais ama. Dia de receber e trocar presentes, que mais valem pela lembrança, do que propriamente por seu valor de aquisição. Agrada-me pouco apenas o efeito comercialização da data, tremendamente explorada pela mídia e pelo comércio. As pessoas deixam aparentes suas fobias em adquirir seus presentes, chegando ao cumulo de fazer filas de madrugada em feiras e a porta de certos shoppings. Como isto fosse uma obrigatoriedade. Uma verdadeira olimpíada titânica em preencher listas.

Mas de outro lado, são igualmente nestas épocas que o brasileiro se sente inspirado a pilheriar. Recebi a dias esta brincadeira. Vou passá-la como veio a mim. Sem omissão de virgulas ou pontos:

O sujeito se chama Marc Faber.  

Ele é Analista de Investimentos e empresário.                             

Em junho de 2008, quando o Governo Bush estudava lançar um projeto de  ajuda à economia americana, MarcFaber encerrava seu boletim mensal com um comentário bem humorado:

"O Governo Federal está concedendo a cada um de nós, uma bolsa de U$600,00."  

Se gastarmos esse dinheiro no Wal Mart, esse dinheiro vai  para a China.                                                               
Se gastarmos com gasolina, vai para os árabes.                              

Se comprarmos um computador, vai para a Índia.                                     

Se comprarmos frutas e vegetais, irá para o México, Honduras e Guatemala.   

Se comprarmos um bom carro, irá para a Alemanha ou Japão.                   
Se comprarmos bugigangas, irá para Taiwan...                                           

E nenhum centavo desse dinheiro ajudará a economia americana.

O único meio de manter esse dinheiro na América é gastá-lo com prostitutas  e cerveja, considerando que são os únicos bens ainda produzidos por aqui.   

“Estou fazendo a minha parte...”  

Resposta de um brasileiro igualmente bem humorado:                        
"Realmente a situação dos americanos parece cada vez   pior."

Lamento informar que, depois desse seu e-mail, a  Budweiser foi comprada  pela brasileira AmBev... portanto, restaram apenas as prostitutas.                                   

Porém, se elas (as prostitutas) repassarem parte da verba para seus  filhos, o dinheiro virá para Brasília, onde existe a maior concentração de filhos destas senhoras do mundo.

Anômino.

Aqui entre nós, em toda brincadeira sempre existirá um fundo de verdade. Brasília, o talvez seja melhor dizer, nossos três  poderes, já estão se tornando um ponto comum na boca do povo. Mas tem mais, o que vocês acham desta que exponho abaixo? Para mim direta, sucinta e por assim dizer regada a verdade:

Gente, perguntar não ofende!
Ué, vão cobrar ingresso no filme do Lula? O horário eleitoral não é gratuito?

Este é o espírito brasileiro, o de enfrentar tsunamis ou a maré boa.

O que me espanta é que o próprio governo perdeu a vergonha. Antes coisas como um filme, eram propaganda subliminar. Agora virou descarada propaganda. O artigo de 20 de Dezembro no Globo de Miriam Leitão, intitulado O Velho e o Novo, bem retrata o que se faz para se aparecer politicamente. Seja nas telas brasileiras, seja em um palco em Copenhagen. Acredito que este deva ser lido e se torne artigo de reflexão. Aqui alguns trechos:

... COP não é palanque. Aqui, em Copenhague, travou-se uma batalha de sutilezas escorregadias, de detalhes técnicos complexos, de linguagem cifrada. Numa situação assim, é fundamental conhecer o terreno, a técnica e o tema. Dilma Rousseff é recém-chegada à questão climática. Na verdade, seu histórico é hostil à causa que motiva todo esse esforço. Ao ser escolhida, ela imprimiu à atuação brasileira um amadorismo insensato. Além disso, neutralizou alguns dos nossos mais bem treinados negociadores...


... Dilma, nos primeiros dias, se dedicou a atividades políticas para a
delegação brasileira, que tinha o extravagante número de 700 pessoas. Fez discursos políticos para os aplausos dos áulicos em que confundia conceitos elementares do mundo climático, ou tropeçava nos atos falhos. A atividade formal à qual tinha que ter ido era a abertura
oficial do segmento ministerial. Ela era a brasileira nesse segmento.

Na hora da reunião com o secretário-geral da ONU, Ban Ki Moon, o príncipe Charles e a Nobel Wangari Maathai, Dilma convocou uma coletiva, na qual se dedicou a criticar a proposta feita pela senadora Marina Silva e pelo governador José Serra, seus prováveis competidores
nas eleições de 2010...

... houve momentos constrangedores. Quando chegou à primeira reunião, para ser informada do que estava acontecendo na negociação cuja chefia ela iria assumir, a pergunta feita por Dilma Rousseff foi: Qual é a agenda da Marina e do Serra?...

Fraquinha esta senhora, não? Será ela nosso cavalo de Troy?