quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

PASSAGEIROS DO VOÔ 3914




TESTE PARA SABER SE VOCÊ É UM HOMEM DE SORTE

Vou fazer uma pergunta a vocês meus parcos leitores de grande importância. Importante porque? Porque se você responder afirmativamente e não ganhou numa loteria até o presente momento, é porque não jogou e está perdendo uma ótima oportunidade de se tornar um milionário.

Prestem bem atenção, a pergunta é simples e direta. Muito fácil de se responder: em alguma vez quando do uso do aeroporto de Congonhas o gate que está designado em sua passagem e nos mostradores, para o avião que você deve pegar, foi o mesmo em que ele estacionou?

Pois é se foi, vá direto a uma lotérica e descarrega o que tem e o que não tem, pois, você é o ser humano de mais sorte neste planeta. Eu nunca consegui ter esta sorte. Por isto nunca ganhei na loteria.


Hoje pela manhã, meu gate era o 06. Estava na passagem e no marcador geral. Me dirigi a ele. Fiz tudo nos conformes. Sentei-me e esperei. Mas quando bati o olho na telinha acima do gate, gelei com aquela palavra que é mortal: previsto. Previsto no Brasil é tragédia, pois, nunca será visto. Se o confirmado, dificilmente se confirma, imaginem o previsto. A única verdade em um aeroporto brasileiro é o atrasado e o cancelado. Estes funcionam que nem a morte. Sem volta.

Ai, quando você abre seu Capitães da Areia e lê dois parágrafos, vem aquela voz enfadonha, de ar blazé de cinema noir francês e avisa que por motivos de taxiamento, todos os passageiros do vôo 3914 deverão se dirigir para o de número 12. Imediatamente como a um só comando todos se levantam e correm. Você e toda a traquitana que trouxe em mãos. Desce a escada, ou tenta descê-la. A turma que está no bar, engole de primeira o sanduíche e abandona metade da cerveja no balcão. E quinas de malas executivas acham joelhos alheios, pois, o problema é que os passageiros do vôo 3216 estão saindo do 12 e vem se dirigindo para o de número 06, ao mesmo tempo que os do 3111 estão se transladando do gate 01 para o 13 e os do 3313 do 7 para o 14. E o formigueiro se bate, se atrapalha, se xinga, pois, evidentemente que a vozinha, com um prazer quase mórbido, só avisa das mudanças encima da hora. Se o fizesse com antecedência, não seria o Brasil. Seria a Escandinávia, o Ceylão ou não sei o que.

Ai você chega no gate, todos ao mesmo tempo espavoridos e acontece aquilo que já expliquei anteriormente. Uma se passa por grávida, outros como deficiente físico, aquele do cartão azul jura que o seu já é vermelho as senhoras de 40 assumem pela primeira vez na vida que tem 65. Tudo para poder entrar na frente, pois, mesmo no Brasil, o passageiro brasileiro não viaja, ele muda.

O lugar está marcado. Não importa. Você tem que achar lugar para a sua bagagem. Evidentemenete que a sua, pois, a minha pequena, a TAM não deixa subir. O violoncelo sim, a minha não. O violoncelo é uma peça rara, os meus pertences não.

Outra coisa que não consigo entender é como numa ponte aérea de 40 minutos de vôo, as companhias brasileiras ainda tenham um serviço de bordo. Fico com pena dos diabéticos, pois, ir ao banheiro se torna impossível. As comissárias de bordo impossibilitam que os passageiros transitem pelo corredor, com seus carrinhos que impedem qualquer movimento.


Para que servir aqueles sanduíches xexelentos? Nos Estados Unidos, nem água se serve mais. Cada um que traga a sua, adquirida no aeroporto.

Outrossim, tem uma coisa ainda mais surpreendente, nesta forma distinta do passageiro e das companhias de aviação interagirem. Agora se sorteiam prendas. Inacreditável, desta feita eram dois panetones ganham pelos passageiros dos assentos 5a e 8b, ambos elementos sentado, que exigiam um movimento geral da fila. E a moça ainda convidou que ambos vencedores viessem a frente do avião para receberem seus formidáveis prêmios. Não seria mais lógico, elas levarem até eles?

Avião é que nem Manhattan: é tudo numerado. Chegariam a eles com um muito menor transtorno. Mas no Brasil a idéia nunca é a de se solucionar. O ponto básico é complicar. A única coisa que me alegra é ver o santos Dumont ligeiramente modernizado, afinal você não tem mais que apanhar chuva para chegar ao terminal. O problema é achar taxi em dia de chuva.

Acho que no dia que chove o taxista se vinga de uma vez por todas como todos os sofrimentos que passa, em seu dia a dia, com os passageiros que tem que transportar. Eles simplesmente desaparecem. A fila do Santos Dumont ia de uma ponta a outra. E vocês sabem melhor do que eu que fila no Brasil, e em especial no Rio de Janeiro, nunca é uma coisa reta. Ela é como uma cobra. Formam-se ilhas em certos pontos, pois, elas incham. Ao mesmo tempo circula para todos os lados e a preocupação maior daqueles que a formam, não é andar para frente e sim evitar que os penetras se aproveitem daquela velhinha que enxerga pouco e se locomove com extrema dificuldade.

Passageiro brasileiro, acredite, você é um sobrevivente.