quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

O BISPO DA IGREJA ANGLICANA






ENQUANTO O FLAMENGO FOR CAMPEÃO...

Vocês em algum momento de suas vidas ouviram falar no bispo da igreja anglicana? Pois, é existem vários, mas nenhum deles como este a que quero me referir. Ele há meu ver é único. Inigualável. Joga, bebe, fuma e faz tudo aquilo que um homem gosta de fazer. E o faz exageradamente.

Tem seus conceitos próprios. Acha o artesanato de São Miguel horrendo e a Índia um pais que nunca vai dar certo. Por isto, quando se vê preso ao tráfego da marginal de São Paulo, não entende porque as obras são tão lerdas. Falta de pessoal? Possivelmente. Porque então não trazer para São Paulo os artesões de São Miguel e um milhar de indianos, que estão por lá morrendo de fome?

A idéia é boa, mas o conceito impraticável. Mas o citado bispo da igreja anglicana, assim não o pensa. Ele age. Ou melhor apronta.

Fiquei impressionado com os estragos que a chuva fez nas duas maiores metrópoles brasileiras. Não foi forte. Certo que foi intermitente, mas nada que pudesse fazer supor que teríamos duas novas Venezas no ar. Imaginem um hurricane ou um tsunami. Colapso total.

Talvez, o bispo da igreja anglicana tenha a solução. Ele sempre tem. As vezes não tão centradas, nem menos equilibradas, mas são soluções. Vamos deixar claro o sentido da palavra solução. Solução e a resposta a um problema. Mas isto não quer dizer que a solução encontrada possa resolver o problema. Umas solucionam, outras não. Isto é a face do Brasil, um pais cheio de soluções que nada solucionam. São paliativos utilizados por governos que se esmeram na arte de empurrar com a barriga todo e qualquer problema que possa ser gerado.

Um dos melhores livros que li em minha vida foi Capitães da Areia de Jorge Amado. Nele, o grande escritor baiano expõe de maneira realística a vida levada por garotos abandonados na cidade de São Salvador, sobreviventes de uma sociedade que os nega como seres humanos. Este livro foi escrito em 1937. Pois bem, estamos quase em 2010 e pergunto: houve alguma mudança neste quadro? Acabaram-se os Pedro Balas, os Sem-Pernas, os Pirulitos? Diria que não. Eles multiplicaram-se.

No livro de Jorge Amado, os capitães da areia, tinham pelo menos uma norma de conduta e um caráter. Roubavam para sobreviver. Os Pedro Balas de hoje, não tem uma norma de conduta e muito menos um caráter. Não roubam e matam para sobreviver. O fazem para prosperar e por não terem o menor apego a vida humana.

Logo em 73 anos, quais foram as soluções que solucionaram os problemas da marginalidade mirim? Haveria alguma? Houve sequer uma tentativa? Duvido. O que houve sim, foram centenas de promessas e milhares de medidas paliativas, para inglês ver e para o povo votar.

Agora fala-se de aquecimento do planeta. Que o mundo não passa de 2012. Que várias regiões serão dizimadas com o degelo da calota polar. Cento e noventa e dois países se reúnem em Kopenhagen por nove dias para no final não chegarem a acordo nenhum. Pois, sempre assim o foi desde Kyoto, por que agora será distinto. Apenas por George Bush ter sido convidado a se retirar da Casa Branca. Alguém em sã consciência acredita que a China s desviará de seu desenvolvimento? Que o próprio Brasil abrirá mão de seu descontrole total sobre a Amazônia?

Se não conseguimos sequer fazer que nossas duas principais metrópoles tenham uma vida normal após uma chuvinha de verão e desde o alerta de Jorge Amado em 1937 nada foi feito pela criança abandonada e marginalizada, qual seria o nosso papel? O do sempre eterno pais passivo, do samba, do café e do futebol?

Toda revolução, toda a mudança, tem que ser feita de dentro para fora. Tem que ser gerada por aqueles que vivenciam o problema diariamente. E não sinto esta vontade esta obstinação por parte da gestão que ora dirige o Brasil. Vejo sim muito oba oba, muito deixe comigo, muito nunca houve na história do Brasil... Mas ação e diretrizes que são o que se espera de um pais que se julga emergente, neca de pitibiriba.

Enquanto o Flamengo for campeão e o Coríntias se manter na primeira divisão, tá tudo legal.

Acho mesmo que talvez o bispo da igreja anglicana, dentro de suas aberrações mentais, possa estar com a razão. O ser humano efetivamente não deu certo. O que se discute em Kopenhagem é a prova cabal disto. Talvez devemos deixar até de procriar como ele, o bispo, cantou em odes e versos. E assim darmos um final condigno a uma humanidade que destrói seu próprio mundo.