terça-feira, 29 de dezembro de 2009

CHICO SEMPRE CHICO






É UMA LASTIMA VIVER-SE NUM PAÍS ONDE POUCO SE LÊ

Estas foram as palavras de um homem, que considero um dos maiores cérebros já nascidos neste pais, e que foi o inicio do belo prefácio que ele fez para o meu livro, O SUBMARINO DA LAGOA RODRIGO DE FREITAS. Com tremendo orgulho repito seus primeiros parágrafos.

“É uma lástima viver-se num país onde pouco se lê. É profundamente triste que este livro do Renato Gameiro esteja, como a grande maioria de obras interessantes publicadas pelo país afora, sujeito a um eventual esquecimento numa prateleira qualquer das nossas livrarias.

É melancólico imaginar-se que as pessoas que podem (e deveriam) ler, não aproveitem as delícias desta história cuja narrativa nos prende e nos agrada. Quem sabe se essas pessoas “não leitoras” não devessem fazer parte da tripulação deste submarino que a imaginação de Renato fez mergulhar na Lagoa Rodrigo de Freitas?

Uma delícia, é a melhor definição que encontro para o texto, já que tive a glória de viver a época em que o livro está ambientado...”

Chico sempre soube a ampla significância destas palavras, pois, vários livros escreveu e segundo ele próprio, poucos foram sequer lidos.

Chico um nome que rima com poesia, muito afetivo. Você se torna mais facilmente amigo de um Chico do que um Francisco. Seja este Chicoseguido de Buarque de Holanda, Mendez ou mesmo Anysio. Estas 5 letras inspiram irremediável confiança.

Do interior do Ceará para o mundo ele marcou a todos que com ele tiveram a sorte de interagir. Casou-se em muitas oportunidades. Uma vez na ponte aérea deixou claro que de mulher entendia pouco, mas de casamento estava formado. Foi da corista e ministra, pois, sempre teve a capacidade de atingir a qualquer tipo de publico. Muitos são seus filhos, milhões são os seus fans.

Para mim Chico Anysio sempre foi e sempre será um ídolo, pois, a coisa mais difícil de se conseguir é fazer uma pessoa rir. Fazê-la chorar, é fácil. Até um pontapé o consegue. Mas extrair de dentro de uma pessoa, preocupada com seus próprios problemas, aquela alegria contida e fazer com que ela se extravase num sorriso ou quem sabe numa gargalhada, é necessário se ter um dom. O dom da comunicação, da palavra certa na hora oportuna, o pace exato. Nem uma palavra a mais ou a menos e creio que Chico nisto, foi inimitável.

Ele faz rir do menino de 8 anos ao idoso de 70. Seus personagens hoje tem identidade própria. ALBERTO ROBERTO, AZAMBUJA, BOZÓ, O PROFESSOR RAYMUNDO, COALHADA, DIVINO, JEAN PIERRE, LOBO FILHO, VELHO ZUZA. PAINHO, POPÓ, BRUCE KANE. JESUÍNO O PROFETA ... Estes são apenas alguns de uma infinidade de personagens bem brasileiros, que minha memória conseguiu reter.

Em Agosto deste ano assisti a uma apresentação improvisada do Chico e um de seus filhos em uma reunião de criadores e proprietários em um teatro do Rio de Janeiro. Ele nos fez rir, embora nem levantar-se conseguiu de sua cadeira. Por isto cativei-me com a noticia que apresento abaixo, pois, sei quanto difícil deve ter sido para ele, representar aquele que pode vir a ser o seu último grande show televisivo.

É delicado o estado de saúde de Chico Anysio. O humorista, de 78 anos, que sofre de enfisema pulmonar, deu trabalho à direção da Globo durante a gravação do especial Chico & Amigos, que será exibido no próximo dia 29.

Atores como Lima Duarte, Totia Meireles, Alexandre Borges, Antonio Fagundes e Dira Paes se emocionaram durante as gravações no Projac, zona oeste do Rio. Para Carol Castro, o artista surpreende pela vontade de viver.

- Ele apresenta cansaço para andar, falar e fazer atividades físicas, mas é um gênio do humor. Apesar das limitações, não perde o rebolado.

Chico & Amigos se passa em um navio, onde o humorista contracena com alguns dos seus principais personagens e também com convidados...”

Estejamos no dia 29 ligados televisivamente a este homem que tantos grandes momentos nos deu com sua perspicácia, sua picardia e sua alegria. O Aplaudamos de pé. Mesmo que ele não nos ouça. Agradeço a Globo por esta iniciativa, ela que andou deixando Chico meio de lado nestes últimos anos.

Ao grande homem do palco, das letras, dos cavalos de corrida, eu tiro o meu chapéu esperando que no fim de 2010, de 2011, de 2012, venha assistir mais um de seus grandes shows.