E O GRÊMIO, DEU OU NÃO DEU?
O meu Flamengo, que terminou o primeiro turno, feliz por estar fora da zona de queda para a segunda divisão, acabou arrumando para si, um hexacampeonato, depois de 17 anos de jejum. E o fez da maneira mais surpreendente. Sem lenço e sem documento, no peito e na raça e na simplicidade, no equilíbrio de um senhor chamado Andrade e com dois gols obtidos pela zaga.
Escrevi isto dias atrás: “estamos a horas da decisão do campeonato brasileiro e a inana continua. O Grêmio entrega ou não entrega? Dá ou não dá? Parece até aquelas histórias de final de férias no interior. O rapaz da cidade canta, a menina da terra. Ela refuga e dia após dia se monta um enorme quebra cabeça na mente da mesma: entrega ou não entrega, dá ou não dá? O dia final, na despedida a situação requer uma decisão. Normalmente ela dá”.
Será que alguém em sã consciência pode afirmar que o Grêmio entregou a rapadura? Se o fez, o fez de maneira teatral. Marcou o primeiro gol, seu goleiro fez três defesas impossíveis e um gol perdido quase no final poderia decretar um empate. Para quem pensava em entregar o jogo, na verdade o Grêmio jogou muito.
Houve desconfiança quando vários de seus titulares não foram escalados. Mas os jovens que assumiram a responsabilidade em campo, parecem para mim que tentaram ganhar o jogo.
Não creio neste tipo de entrega. Creio sim, que muito time usou sapato alto, muito cedo. O Palmeiras teve a sua chance, chegou a ter cinco pontos de vantagem e entrou em parafuso. O São Paulo chegou a depender apenas de si próprio. A ambos faltou algo que se chama competência. O Internacional, hoje vive de gols de bolas paradas, conseguidas por um exímio batedor chamado Andrezinho. Em campo não apresenta aquele vigoroso futebol da era Neimar. Logo, se chegaram a dois pontos do primeiro colocado, faltou-lhe méritos para se acercar mais. Suaram sangue para ganhar na rodada anterior do pior time do campeonato, o Sport. E foram salvos mais uma vez por santo Andrézinho.
Outrossim o que mais me preocupa, é a violência que está cada dia tomando conta de nossos estádios. Ingressos falsos fizeram dos portões do Maracanã, um verdadeiro caos. A queda para a segunda divisão do Curitiba no Couto Pereira, transformou o estádio numa réplica do inferno. Batalha campal entre coxas e policiais. Depredações de um património deles próprios. A troco de que?
O futebol não pode se transformar num cano de escape para violências. Estes vandalismos devem ser coibidos, assim como estas histórias de que fulano vai entregar o jogo para sicrano, pois, é ferrenho rival de beltrano.
O Flamengo ganhou, com um time de pouca inspiração, mas de muito coração. Sua torcida foi fundamental. Apoiou o time em todos os estádios em que ele se apresentou. Aceitou as derrotas e vibrou nas vitórias. Só acreditou na possibilidade de se tornar campeão a cinco rodadas da final. Cobriu-se do manto da humildade. E acabou vencendo, graças a mediocridade de seus rivais. Não acredito que tenha havido entrega.
Quando o Flamengo ganhou do palmeiras em São Paulo, do Atlético em Minas, houve igual entrega?
Que me desculpem São Paulo, Palmeiras e Cruzeiro, mas eles têm times que não considero superiores ao do Flamengo. Estão todos nivelados por baixo. O Inter que poderia ter algo especial com Giuliano e Andrezinho, andou rebolando e acertou-se quando já era tarde. Hoje culpam seu maior rival por sua incapacidade de ter chegado lá a frente dos demais.
Creio que esta pequena fatia do povo brasileiro, que vai aos estádios prontos para implantar uma guerra campal, deveria ser identificada e banida de uma vez por todas dos jogos de futebol. Fizeram isto na Inglaterra e os estádios passaram a não mais sofrer as depredações de antes. Da mesma forma que aqueles que acusam outros times de entregar jogos deveria ser calada.
Futebol deveria ser alegria. Não acerto de contas. Futebol deveria ser esforço, não um banco de entregas, para prejudicar A, B, ou C. Somos os maiores nestes esporte, mas não damos a nós mesmos o devido respeito. Depredamos, acusamos, brigamos e volta a perguntar: a troco de que?
Estava escrito nas tábuas de Moisés, que o Flamengo seria campeão. Nem o Bispo da Igreja Anglicana que odeia o artesanato de São Miguel, e importas pobres indianos para trabalhar no asfalto da cidade de São Paulo, poderia usurpar este titulo, que nasceu rubro-negro.
Ronaldo que não me parece mais um fenómeno, mesmo assim se sentiu campeão este ano como jogador pelo Coríntias e como torcedor pelo Flamengo.
Com esta declaração, pelo menos para mim, ele voltou a ser um fenômeno.