SEIS POR MEIA DÚZIA
Qual seria em sua opinião a palavra mais conhecida da língua brasileira? Saudade, carnaval, Futebol? Creio que estas são realmente as mais populares. Porém, existe uma, que a cada ano e a cada década, aumenta gradativamente sua importância dentro de nosso contexto de vida, pelo número de vezes que é escrita, dita e ouvida: impunidade.
Sim impunidade. E porque? Porque ela impera em nosso pais. Não há um dia da semana que você não abra um jornal ou ouça na televisão esta palavra. Ela está na boca de todos e diretamente ligada a vida política brasileira. E o pior; já nos acostumamos a ela, batemos ombros e nos conscientizamos que não há como lutar contra ela.
Exagero? Creio que não. Basta tomar conhecimento do caso do senhor Arruda.
Ah senhor Arruda... Não basta os vídeos e as provas já reunidas. Nada disto importa. O senhor Arruda é intocável. Afinal, a legislatura criou mecanismos para que elementos como ele, estejam protegidos por aqueles que fazem parte de sua gang particular. Sim, como os quarenta ladrões decidissem o destino de Ali Baba. E pelo que entendi no Distrito Federal a coisa fica ainda mais difícil.
Talvez seja a proximidade do Planalto, onde tudo acontece. Juscelino quando criou Brasília no meio de um deserto, em uma terra de ninguém, não poderia imaginar estar igualmente criando o reino do “coce as minhas costas que eu coçarei a sua”. Nem Alice encontraria um país com tantas maravilhas. Sim porque o Distrito Federal é um pais dentro de outro pais. Um feudo onde o poder tudo pode. Terra de insolvíveis querelas. Habitat de homens inteligentes, espertos por sua vivência, calejados pela vida e que colocaram em suas respectivas cabeças que o Brasil é um pais inviável. Logo, é tirar o que puder, antes que ele acabe. Esta é a tônica de sobrevivência.
Scerpico naquele environment não duraria uma semana sequer. Estes elementos que ora são parte de nosso poder legislativo não crêem no Brasil. Estão inteiramente convencidos que não temos direito sequer a um opção. Destino zero.
Porejam negatividade. Exalam pessimismo. Se investem de uma austeridade espúria, fisionomia de uma crueldade cínica que hoje faz parte da cena nacional. Ninguém é culpado. Todos são vitimas.
Geograficamente e etnicamente estamos fadados a permanecer no patamar do terceiro mundo. Já somos ilhados pela língua. Que tal aumentarmos este “ilhamento” com a insolubilidade do judiciário, a insolvência do legislativo e a passividade do Planalto?
Aqui nos Estados unidos, Washington, o Distrito Federal, é considerado uma Babel. Eles assim a batizaram, pois, não conhecem Brasília. Porque afirmo isto? Porque ao contrario dos Estados Unidos não nos bastaria apenas punir os corruptos. Tira-los de seus assentos não resolveria o problema com um todo. Seria apenas uma resposta imediata. O mal permanece, pois, estes homens serão capazes de serem substituídos pelo voto popular, por sua mulher, seu filho ou o asponi que mais lhe agradar. Outros elementos de menor ou nenhuma valia serão os seus substitutos, pois, os currais eleitorais já estão montados e erigidos com sólidos alicerces da corrupção e da impunidade.
Não encaramos a situação a longo prazo. Ansiamos pelo imediatismo, que embora necessário, pouco virá a resolver. Temos que fazer como os norte-americanos: cortar o mal em sua raiz. Afinal, o Dirceu foi cassado. O Collor renunciou. O Sarney continua ai e aquele a quem substituiu hoje é a voz em defesa da austeridade e limpidez dos atos do legislativo. Vejam a que pontos chegamos. O do lugar nenhum. Eles voltam, ou melhor, são trazidos de volta, pelo voto popular.
Insânia? Ausência de opções? Será que vejo fantasmas? Será que ninguém se dá conta que somos uma terra imensamente grande, quase continental, com reservas naturais inimagináveis, com uma economia que há mais de 15 anos deixou de ser microscópica, mas de uma política confusa, cuja inexpugnabilidade de seus dispositivos a faz pouco respeitada?
O único pais do mundo que o empregado trabalha 11 meses, recebe 13 e onde grande parte do funcionalismo publico nem 11 meses trabalha? Onde os impostos abusivos, fazem o preço de qualquer produto ser o mais caro em comparação com o resto do mundo. E o nosso presidente em Portugal afirmou sobre o caso do video do senhor Arruda recebendo uma bolada: "imagens não falam por si". O que fala então, senhor presidente?
O teto do Planalto parece ser de vidro...
O teto do Planalto parece ser de vidro...
Uma vez Augusto Frederico Smith escreveu: “As nações vivem certamente do trabalho de seus filhos e do seu poder criador, mas também do prestigio que lhes dá a projeção externa, a capacidade de compreender as coisas, a visão antecipada dos acontecimentos”.