FELIZ NATAL, MEU BRASIL
Estamos pertinho do Natal. Faltam praticamente horas para as comemorações, que no Brasil, são mais fluentes na noite do dia 24. Esta é uma tradição de nosso pais, que nós é trazida por nossos pais e avôs. E naturalmente fomentada pelo comércio.
O natal nos Estados Unidos é comemorado, mas não com a intensidade que se verifica no Brasil. Este aqui, não é um pais católico. Existem católicos, mas são minoria. Aqui o grande dia de reunião família é o Tanks Given. O dia de dizer obrigado a Deus por tudo que se recebe. Outrossim, o comércio daqui força a barra, para que até os não cristãos coloquem a mão na carteira.
A estrutura familiar do norte-americano é distinta da do brasileiro. Aqui a família tem menos reuniões diárias. Cada um almoça e janta a hora que lhe é mais conveniente e ainda no inicio da juventude, os jovens desmamam. Diferente do Brasil, que mulheres muitas vezes saem de casa para casar, e homens depois apenas ao se formar na faculdade. E quando isto acontece, pelo menos moram na mesma cidade e podem se ver nos fins de semana. Toda a característica italiana...
Aqui, nos Estados Unidos, o cara, no mais tardar aos 18 vai para a universidade. Desmama de uma vez por todas. Se ele mora em New York, naturalmente escolhe uma universidade na Califórnia e vai viver a sua vida no campus, longe dos seus. Ai quando se casa, se transfere com sua mulher que é de Chicago, e que a conheceu na universidade para Miami e lá tem seus filhos, que um dia, com idade universitária, migrarão para Boston ou quem sabe Detroit. E o Thanks Given é o dia que se encontram e normalmente ajustam suas diferenças. Vemos isto nos filmes e nas descrições dos amigos.
O Brasil é ainda um pais de fé. Os Estados Unidos de ação. Maneiras distintas de vivenciar a vida. No Brasil temos maior apelo à família. Nos Estados Unidos este apego está mais ligado a sua carreira. Temos formações distintas, por isto metas e diretrizes são tão diferentes. Logo, achar que o que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil, torna a coisa um pouco utópica e porque não dizer, perigosa.
Comparar estas duas nações é como querer traçar parâmetros entre o trabalho de Rubens e de Picasso. Ambos foram bons naquilo que faziam, mas em estilos diferentes. Temos, portanto que ter a nossa própria vida e interagirmos com outros países que tem uma forma distinta de agir e de pensar. Somos o que somos e ninguém tem o direito de nos criticar. Por este motivos historicamente sempre fomos mal interpretados por brazilianistas, sejam eles norte-americanos ou europeus.
Recalcitrei em escrever esta coluna, tão perto do Natal, mas acho ela lógica, pois, funciona qual um ato de contrição pelo que fomos até aqui e um dia quem sabe seremos, em um futuro a médio prazo.
Houve uma determinada época, que não éramos sequer notados. Aí veio a segunda guerra mundial e nosso apoio foi exigido. Getulio optou pelo lado que lhe poderia trazer mais lucro e foi assim que Volta Redonda nasceu. Saímos do estágio de provedores de mão de obra e nos transformamos em pais de produção. A um preço não superior a umas centenas de vida de pracinhas em Monte Castelo e cercanias e de uma base para oa aliados em Natal. A inoportunidade da guerra pelo menos nos deu um solavanco na direção certa.
Tivemos nosso namoro com a esquerda. Esta cegou-se ante o que Stalin fez em sua nação e os seus. Paciência, a nossa festiva, só vislumbrava diante de si, o imperialismo norte-americano. Era o inimigo. Mas não deixava de ir a Disneyworld. Veio a revolução e de uma maneira inaceitável tentou acabar com este idílio poético da esquerda, que em sua grande maioria era, como frisei, apenas festiva. Creio que a partir de Collor, passamos a ter a nossa identidade, mesmo sendo este presidente um dos maiores tiros no pé que demos em nós próprios.
Os avanços que tivemos em várias áreas, provenientes mais dos brasileiros do que dos dirigentes que se seguiram, calou a voz daqueles que negavam internacionalmente nossas possibilidades e nosso direito de crescer como uma nação independente. O inevitável ruir do muro de Berlim e consequentemente a derrocada do obsoleto comunismo, cessou em parte com aquelas picuinhas insolventes, de cunho políticas. Não tínhamos que ser de direita ou de esquerda. Tínhamos que ser nós mesmos e creio que estas foram as grandes contribuições de Fernando Henrique Cardoso e Luis Inácia Lula da Silva.
No dia em que demos provas suficientes para aplacar as dúvidas e inquietações do capitalismo dominante, passamos a ser um pais visto como emergente por parte das grandes potencias mundiais. E hoje diria até que respeitados. Não foi O FHC e muito menos o Lula - este que assim piamente acredita. Fomos nós brasileiros, que como sempre, demos a volta por cima.
Meu Brasil, um bom natal para você. Você cresceu, amadureceu e creio está bem perto de graduar-se como nação.