sábado, 17 de outubro de 2009

O NAPOLEÃO DE WATERLOO

O NAPOLEÃO DE WATERLOO






Acho o Domingo um dia de maravilhosa e languida inutilidade. 
Principalmente quando não se há imaginação ou mesmo algo a se fazer.
 Quando chove, em um lugar como Miami ou Rio de Janeiro, 
que basicamente depende da praia, se torna a treva.

Hoje fiquei até tarde da noite olhando a chuva e o lindo espetáculo das descargas elétricas singrando o horizonte. Maravilhoso espetáculo, diga-se de passagem, quando estas descargas se mantém no horizonte. Bem longe de você.

Senti-me possuído pelo espírito Rodriguiano, aquele que uma vez escreveu; “Sou um admirador da derrota e dos derrotados. E confesso: dos vários Napoleões existentes, prefiro o de Waterloo e de Santa Helena e não o de Austerlitz ou o da coroação. Em Waterloo, ele era o miserável que se ajoelha no meio fio, para beber a água das sarjetas...

Tenho bastante piedade para os perdedores, mas somente por aqueles que perdem lutando. Repugna-me aqueles que vivem do sangue alheio qual vampiros incandescentes de ódio e secos para tripudiar em qualquer coisa que lhes amenize a solidão em que estão mergulhados por serem tristes narcisos perseguidores da própria apagada imagem.

Estes obscurantistas, não têm o menor resquício de sensibilidade e normalmente são dotados de um mórbido senso profético para vaticinar conspirações. Pensam por conta própria, opinam por contra própria e levam seus suicídios mentais ao extremo do vandalismo intelectual.

Outro dia me deparei com um roteirista e escritor de novelas nunca editadas, que acusou-me de “cripto fascista”. Intitulou-se o desmascarador” dos mesmos. E que esta era a sua especialidade.

Confesso que tenho a capacidade de reconheçer profissionais liberais, políticos, pensadores e que no mundo do faz de conta detecto até os caçadores de vampiros. Porém, desmascaradores” de “cripto fascistas” foi a primeira vez. Será que se desconta INPS para isto, ou o cara é isento?

Confesso outro detalhe. Minha ignorância. Não tenho a menor idéia do que seja um cripto facista. Sou Flamengo, Salgueiro, arquiteto, jornalista e agente de compra e venda de cavalos de corrida. Não necessariamente nesta ordem. Agora foi me dado um rótulo de cripto fascista”. Será que isto afetará meu imposto de renda?

E tudo isto começou, quando este aprendiz do que quer que seja, rebelou-se com um artigo que aqui escrevi, cobrando do atual governo, uma maior agilidade na restituição do imposto de renda. Um auxilio lavrado em lei, para aqueles que pagaram a mais e necessitam seu dinheiro de volta.

Talvez o citado desmascarador” não pague imposto de renda e pense que esta omissão desavergonhada do governo em devolver aquilo que deve, seja natural. Pois não é. Isto é apropriação indevida do patrimônio alheio.

Isto, guardadas as devidas proporções, não é muito distinto do que o Collor fez a seu tempo e os argentinos idealizaram, muitos anos depois, com o tal do curralito. Eu disse guardadas as devidas proporções. No âmbito geral nada têm haver.

Acho que todo e qualquer perdedor que tem uma causa, luta e perde, é digno de no mínimo respeito. Afinal se você não respeita aquele a quem derrota, fica claro que você não ganhou de ninguém. O imperceptível e crudelísimo detalhe (isto é bem Nelson Rodrigues) que este segundo tipo de perdedor não concegue captar, é que a democracia não é a ditadura da maioria, como o mesmo “desmascarador” fez questão de frisar em sua total ignorância histórica. A democracia é o direito de todos expressarem suas opiniões e de ninguém ser rotulado por mentes hermeticamente fechadas.

Não existe democracia plena. A que mais se assemelha a isto é por incrível que pareça a norte-americana. Aqui rouba-se como em qualquer outro lugar. A diferença é que se você for pego, entra em cana. Tenha os milhões do Maddoff, o poder do Al Capone ou as imunidades de um governador de um estado de enorme potencial financeiro como o de Illinois. Não creio que o mesmo possa ser dito em relação ao Brasil, ainda...

Aqui Michael Moore faz seus filmes e escreve seus livros sentando a puía no governo. Oliver Stone levanta todo o tipo de suspeita de conspirações armadas pela CIA e pelo FBI, e eles continuam vivendo suas vidas. Não são presos. Tente alguém obliterar uma experiência delirante de fazer um filme sobre o rápido sucesso financeiro alcançado pelo filho de nosso presidente e vê se consegue, publicar ou editar para a televisão e para o cinema.

E não é apenas neste governo. O resultado seria o mesmo em relação a qualquer um dos governos anteriores. No tempo da “redentora” eu diria que poder-se-ía batizar-se esta atitude de um suicídio consentido.

Eu também prefiro o Napoleão de Waterloo ao de Austerlitz. E para terminar, diria que o que estes delirantes desmascaradores” de “cripto fascistas” necessitam é de um prolongado banho de mar, ou quem sabe a observação de um incrível por do sol. E se isto não bastar, uma visita a um pai de santo para tirar este encosto e lhe dar uma vida!