sábado, 3 de outubro de 2009

O DIABO ESTAVA CERTO . NÃO ACONTECE NADA!

O DIABO ESTAVA CERTO.
NÃO ACONTECE NADA!




A função de qualquer forma de mídia seria promover o mercado em que trabalha,
e criticá-lo quando necessário se fizer.
Sempre mantendo controle das emoções.
Desta forma passará a ter credito, pois será reconhecida
como uma idônea prestadora de serviços.

Tem que demonstrar em tese e provar na prática, estar dotada da plena consciência de seus limites conquanto à qualquer promoção ou critica.

Logo se abster da emoção é um exercício que o analista deve fazer todos os dias para regrar-se. Mas há de se convir que “honra sem dinheiro” - como diria Racine – “é apenas uma doença”. Existirão sempre os lobistas e os patrocinadores...

Concordo que possa existir alguém como Kafka que escrevia imaginando que nunca seria lido, mas existe também Sheakespeare que o fazia para ganhar dinheiro e o Paulo Coelho para ganhar muito dinheiro. Infelizmente não coaduno com esta tese.

Acho que a função precípua do analista é emitir sua verdadeira opinião. Torná-la publica. Despir-se à frente do invisível que o medirá por suas observações. Confesso que até certo ponto é aterrorizante. Mas aquele que tem medo, e por isto procura escrever aquilo que o público quer ouvir e omitir aquilo que este público não o queira, será escravo da inexatidão e vitima de seus valores morais. Mas como Aristóteles em seu trabalho Ética afirmava, “acreditamos que os valores morais são um mero produto do hábito e cultivamos os piores possíveis”. Logo, o problema será a inexatidão.

Todo e qualquer individuo que se destaca terá adeptos e críticos. Aquela história do ônus e do bônus. Igualmente tenho certeza que nunca não tornaremos tão ridículos como quando pretendermos ser aquilo que não somos ou escrevermos aquilo que não sentimos, por razões outras. Pegar em uma pena ou acionar as teclas de um computador pré disposto a qualquer coisa que seja - mera critica ou farta adulação - não funciona. Torna-o um detrator do óbvio ou um adulador do ego alheio. Você tem que estar aberto ao fato e fechado às suas emoções. Não é fácil, mas o tempo o faz aprender. Vamos falar de alguém que escrevia muito e falava, pouco. Mas quando falava ou escrevia, era atentamente ouvido e lido.

Rubem Braga, talvez o maior cronista da era moderna uma vez resolveu ter um papo com o diabo, e assim o transcreveu em uma de suas crônicas:

“...Imagine isto: uma cidade pequena onde há sempre um prefeito, o mesmo prefeito. Esse prefeito nunca será deposto, nunca deixará de ser reeleito, sempre será prefeito. E há também um homem que lhe faz oposição. Esse homem uma vez quis depor o prefeito, mas foi derrotado e o será sempre. O povo da cidade teme, aborrece, estima, odeia o prefeito: não importa. Pois é isto...


... Fiz uma revolução contra Deus. Perdi, fui vencido, fui exilado; nunca tive nem implorei anistia. Deus me venceu para todos os séculos, para a eternidade. É o prefeito eterno, ninguém pode fazer nada. Agora se tem coragem imagine isto: em saio do meu inferno uma bela tarde, junto meu pessoal, faço uma campanha de radiodifusão, arranjo armamento, vou até o Paraíso e derroto aquele patife. Expulso de lá aquela canalha, todas aquelas 11 mil virgens, aquela santaria imunda. O que acontece?...


... Acontece isto, seu animal: não acontece nada...”

Pois é meu caro Rubem Braga, se você vivo estivesse saberia que o diabo estava com a razão: não acontece nada mesmo! Mudam-se os tempos, as pessoas, mas nada acontece. Principalmente em se tratando dos políticos brasileiros. Vejam a idade media dos mesmos. No Brasil idade não é sinônimo de sabedoria. É sim, sinônimo de oligarquia.

"... Pensa que quando me revoltei, foi a toa? Conhece o meu programa de governo, sabe quais foram os ideais que me levaram a luta? Pode explicar porque, através de todos os séculos, desde que o mundo não era mundo até hoje, até hoje, fui eu, Lúcifer, o único que teve peito para se revoltar? Você sabe, que modéstia a parte, eu era o melhor da turma? Eu era o mais brilhante, o mais feliz, o mais puro, era feito de luz. Porque é que eu me levantei contra ele, arriscando tudo? O governo atual diz que eu fui movido pela ambição e pela vaidade. Mas todos os governos dizem isto de todos os revolucionários fracassados...


...Deus me derrotou, me esmagou e nunca nenhum vencedor foi mais infame para com um vencido... o que ele fez até agora? A vida que ele organizou e que ele dirige não é uma miséria? ... Os homens não sofrem, não se matam, não vivem fazendo burradas? É impossível esconder o fracasso. Deus fracassou, fracassou mi-se-ra-vel-men-te! E agora, vamos, me diga: por pior que eu fosse, acha possível, camarada, que eu organizasse um mundo tão ridículo, tão sujo?...”

Com a palavra o Senhor.
albatrozusa@yahoo.com