terça-feira, 12 de janeiro de 2010

DUBAI


Sheik Mohammed


DUBAI É BOM, MAS IPANEMA É MELHOR

Entende-se que a diferença primordial entre o homem e o guri, é o preço de seus brinquedos. Pois bem, isto posto diria que a diferença de Dubai para a Disneyworld, é precisamente o preço do ingresso.

Nada em Dubai parece ser real. Tudo é fabricado. Você pode esquiar na neve enquanto sua mulher o faz no mar sob um abrasivo sol, exatamente no mesmo dia. Eles tem a vantagem do sol perene, só precisam construir uma montanha e colocá-la dentro de uma cúpula em uma temperatura de inverno suíço. Simples, é apenas uma questão de dinheiro. Para nós, que vivemos no mundo do turfe, reconhecemos bem a forma de agir dos membros da família Maktoum, os rulers de Dubai. Afinal os cavalos de corrida são a sua grande paixão. Neles, não medem nenhum sacrifício para obter os melhores.

Dos quatro irmãos que formavam inicialmente o clã, apenas dois permanecem nos cavalos de corrida. Um morreu e outro se mantém num escala muito pequena. Os que permanecem, Sheik Mohammed e Sheik Maktoum, gastam entre compras e criação de seus próprios cavalos, algo em torno de US$250,000,000 ano. Grana para ninguém colocar defeito. Mas creio que podem ser rotulados de visionários. Foram criados na Inglaterra e sabem que para colocar o nome de seu pais no mapa, teriam uma tarefa difícil a cumprir. Arregaçaram as mangas e o fizeram.

Dubai era uma pequena colônia de pescadores. O petróleo os elevou a posição que ora se encontram, outrossim, o óleo está cada dia mais escasso e existe o problema da água potável. Praticamente inexistente. Abu Dhabi – o primo rico - de alguma forma ajudou a erguer Dubai e este pais se transformou, dentro dos Estados Unidos Árabes. em um misto de Suíça, Las Vegas e Disneyworld. A principio para proveito local, agora a nível internacional.

Não há jogo em Dubai, mas existe todo o tipo de diversão. Para atrair o turismo internacional, Dubai se transformou no mais importante centro de arquitetura moderna. Seus edifícios, seus malls, seus hipódromos, seus hotéis, seus autódromos, tudo enfim, é  moderníssimo e dotados do que há de melhor a lhe oferecer. Pecam pelo excesso. Não possuem o dom do minimalismo e muito menos aquela norma que pouco já é muito. E tudo isto num desenvolvimento celerado.

Lá as mulheres se vestem à moda ocidental e os homens desfilam em suas Ferraris. Os camelos existem, mas são usados por outra classe social. As citadas mulheres que pegam o avião em outros países árabes, entram vestidas a moda de seus países e tão logo estão no ar, vão ao banheiro e sofrem uma metamorfose. Saem ocidentais cobertas de Louis Vitton, Ferragamo e Prada por todos os lados, pintadas e sorridentes, como houvessem abandonado o inferno.

Conheço a Arábia Saudita e creio que sua grande diferença para com o inferno, é ter um pouco mais de calor.

Ouro é vendido a granel. Seu brilho é também pouco natural. No verão dá para se fritar um ovo no asfalto. O ar condicionado aqui é o bem maior.

Tenho ido constantemente a Dubai, nestes últimos dez anos, e cada vez que por lá passo, fico mais surpreendido com as mudanças. São constantes. Ano após ano, eles se modernizam. E o que é construído há dez anos atrás, é substituído por algo de mais moderno. Sua história é ontem. Avançam no mar para desenvolver projetos  habitacionais de altíssimo luxo, onde você topar com um Schumacker ou o Federer.

Qual a sensação que você tem quando em Dubai está? A de estar fora do mundo, ou vivendo um filme ou um sonho. A única diferença é que o custo é exorbitante.

Dubai cativou em parte o interesse do turismo de nível A ásiatico e da Europa. Mas turismo é coisa passageira. Hoje você se encanta com A. Amanhã com B e em anos com C. O turista não é fiel. Quer sempre desfrutar de distintos prazeres. Logo, você não pode apenas viver do turismo e parece que Dubai tem o mesmo como sua principal atividade financeira. Por isto, passa pelos problemas financeiros que ora vive. Crescer, numa época de crise, e querer a cada ano oferecer coisas novas é custoso.

Por isto enfrentam os problemas que enfrentam. A água do golfo é cristalina e quente. As areias, finas, claras e em grandes extensões. Mas aqui entre nós, prefiro Ipanema. É mais perto, mais barato e tem muito mais graça.