domingo, 1 de novembro de 2009

A ARTE DE VIVER BEM

O ESPETÁCULO DO DIA A DIA






Quem me acompanha, sabe que eu sou, sempre fui e acredito que sempre serei, um dependente do sol. Ele age sobre o meu humor, minhas vontades e até no desenvolvimento de minhas atividades mais corriqueiras. Sou mais rápido quando ele está a pino. Não sou um cara de chuva e muito menos da neve.

Neve é que nem família. Muito bonito em fotografia. Tudo branquinho, agradável de ser ver, mas terrível de se conviver.

No final do ano, quando o inverno chega no hemisfério norte, sofro, pois, as vendas de cavalos de corrida que tenho que comparecer em Newmarket (Inglaterra), Deauville (França), Goff (Irlanda) e Keeneland (Lexington-USA) são permeadas de muito frio e geralmente debaixo de neve. É porque gosto muito do que faço, senão já teria jogado para o alto e tentado alguma coisa qualquer.

O por do sol é um dos espetáculos mais importantes criados pela natureza. Ele deve ter sido bolado por um arquiteto maior. Alguém com uma visão transcendental do que pode ser grandioso e simples. Alguém que realmente sabe das coisas. Aqui no sul da Flórida, ele vai a cena no mesmo canal, à mesma hora, todo o santo dia, e o mais importante de tudo: não existe cobrança de ingresso. É grátis e dura cerca de 5 minutos. Logo, não o é enfadonho. Passa exatamente acima de sua cabeça o que facilita a não necessidade de translados. E vocês acreditam que a grande maioria das pessoas, não se dá ao tempo de parar e admirar?

Talvez se um ingresso fosse cobrada como na Broadway, o pessoal desse mais valor. Afinal, o que é pago, custa. E o que custa, normalmente requer maior atenção.

Temos espetáculos realmente espetaculares providos pela natureza. Os canais National Geografic e Discover que o digam. Mas tudo que eles apresentam, - dentro por exemplo de uma metrópole - pode ser assistido por cada um de nós. Basta olhar e se tentar ver. Muita gente olha, mas não capta. Não tem tempo de ver e registrar. As cenas lhe passam como pano de fundo. E na realidade não o são. Tudo que tem vida e não é inerte, colabora com a harmonia do dia a dia.

Concordo que a modernidade trouxe muita poluição visual. Excesso de oferecimentos e muita perda de horizonte. O horizonte é algo que igualmente considero transcendental. Você caminha em direção a ele e nunca o alcança. Ele parece ser, um ser difícil. Como mulher bonita. Você tem que lutar para chegar até ela, e na verdade nunca chega. Ela é que se deixa chegar. Por isto adoro a praia. Um logradouro feminino. Ninguém vai para o praia. Você vai para a praia. Tem sol, tem água, tem brisa e tem horizonte. Como uma mulher bonita nada lhe pode faltar. Nada é preciso lhe somar. Talvez algo gelado para se beber...

Prezo a natureza sem exageros. Odeio os caçadores de baleias e golfinhos. Acho uns verdadeiros sanguinários. Mas não vou me suicidar se, por exemplo, o mico leão for extinto. Paciência. Acho apenas que qualquer ser vivente, seja uma árvore, um animal ou um ser humano, foi colocado na terra com uma razão. Não entendo muito a utilidade das baratas e dos tubarões, mas deve existir alguma. Apenas não fui ainda vivo o suficiente para decifrá-la.

Existe uma beleza em tudo. Do sorriso de uma criança, ao rugir de um leão. Do florescer de uma pétala de rosa ao por do rei maior. Do requebrar de uma mulata a rigidez de uma palmeira imperial. Basta você parar, se concentrar, observar a nível de detalhe e registrar em sua mente, ou em sua câmera fotográfica.

Os momentos se sucedem, segundo a segundo. Sempre haverá algo de belo acontecendo à sua volta. Perca alguns segundos de seu tempo ocioso para notá-los. Isto fará sua vida mais alegre e sua faina menos pesada.

Os espetáculos que a natureza e os seres que nela vivem nos propiciam todos os dias, são sem dúvida alguma bárbaros. Excedem a qualquer imaginação. Mas não diria que são as melhores sensações que podemos ter. A melhor sensação que alcançamos é de descobri-los e desfrutá-los. Quando isto acontece, respira-se fundo e se tem a mais límpida e cristalina certeza que estamos vivos e que vale a pena viver.

A vida é curta e passageira. Passa quase que num relâmpago. Hoje somos jovens, amanhã não mais. Todavia, o que você tem que se lembrar, é que o chão que você pisa, já foi pisado por muita gente que hoje descansa em outra dimensão. E é sempre bom se lembrar disto, ao perder a calma com o cara que o fecha no trânsito, ou aquele visinho que coloca música excessivamente agressiva a seus tímpanos.

A vida é uma só, e nós temos que vivê-la com a minima dignidade. Preferivelmente, vivenciando o nascer e o por do sol.