segunda-feira, 2 de novembro de 2009

FÊ-LO PORQUE QUI-LO


FÊ-LO PORQUE QUI-LO






Eu gostaria de ter sido um Einstein, mas infelizmente Deus não me concedeu seu cérebro. Mas pelo menos descobri, que por mais revolucionário que possa ser sua formação interior, por maior que seja o seu compromisso com a liberdade, por mais brilhante que possa ser a sua inventiva, em qualquer pais e sob qualquer tipo de governo, somos e sempre seremos peças subservientes da engrenagem. Porque? 

Porque o processo evolutivo, sócio-econômico-político assim o determina e nós, dentro de nossas parcas limitações humanas, para sobrevivermos dentro de todo e qualquer sistema, de uma forma ou de outra, adequamo-nos a ele. É sintomático. É humano.

As atrocidades que somos obrigados a assistir diariamente nos noticiários dos jornais e televisões brasileiras, passam depois de algum tempo, não mais no tirar o nosso apetite. Somos capazes de saborear uma bela de uma macarronada, olhando uma chacina levada a efeito na televisão, a respeito de uma das favelas que avistamos da janela de nosso apartamento. Mas como não foi no nosso edifício, achamos que estamos imunes ao problema. O raio caiu no quintal do visinho. O barulho parece até estalinhos daqueles que as crianças gostam de pisar.

A atual formação demográfica do Brasil alcançou um dos maiores desequilíbrios sociais, que se pode notar em países emergentes. Não consigo visualizar hoje, em nossas principais metrópoles condições para a manutenção de sociedades comunitariamente humanas. E a razão é fácil de se entender. Está transbordando gente pelo ladrão e assim fomentando-se miséria, e todos os demais problemas correlatos que este gigantismo gera e atraí para dentro de si.

A concentração industrial, a formação de empregos, o êxodo rural ante um latifúndio explorado por poucos e explorando a muitos, são agentes indutores de uma super população em nossos grandes centros. A transformação geo-política nas periferias é caótica para não se dizer alarmante.

O Rio de Janeiro, por sua formação de morros foi induzido a portar favelas, junto aos mais elitistas bairros da zona sul da cidade. Os bairros não podiam mais crescer pois, haviam excedido às áreas a eles destinadas. Mas as favelas sim. Cresceram, cresceram, cresceram... E o que aconteceu? Desequilíbrio.

Em idos governos, tentou-se uma re-organização geográfica, nada política. As favelas da Praia do Pinto e do Pasmado foram transferidas, sem a aceitação de seus moradores para bairros distantes. Resultado, o mentor desta atitude nunca mais se elegeu para nada. Em política não se faz muito, mas se aprende bem rápido. Os governadores seguintes resolveram assentar as favelas e em ações populares mantiveram as mesmas aonde já estavam e tentaram melhorar as condições de vida na mesma. E o que aconteceu? Estabeleceram-se as cabeças do tráfego de narcóticos e vendas de armamento, no topo das mesmas. Uma outra forma de desequilíbrio. Morei durante anos em São Conrado e vi como os barracos subiam em horas durante a madrugada.

Fê-lo porque qui-lo!

Más idéias, más conseqüências.

Situações não podem ser resolvidas com idéias próprias e de cunho meramente político. Seja este cunho para agradar gregos ou troianos. Sem um estudo aprofundado das necessidades, gente pode sair ferida, ou revoltada ferir alguém. E o que acontece hoje no Rio de Janeiro. Uma cidade violenta graças ao desequilíbrio astronômico. Graças a falta de visão de vários de nossos dirigentes. Graças a inércia de nosso sistema de segurança. E existem ainda aqueles que nos tempos de hoje, se surpreendem quando um helicóptero é abatido. E ai aquela história cínica de que se tratam de meia dúzia, que comandam meia dúzia e que são os responsáveis de propagar um mal nome do Brasil no exterior... Durma-se com um barulho destes.

Não se tratam de meia dúzia. São hoje milhares ou quem sabe milhões, gerados e multiplicados sim, graças a meia dúzia de políticos populistas sem preparação técnica alguma. E outros tantos acima destes que aparecem com citações bombásticas de um falso otimismo enervante. Mas que colam no gosto popular.

O Rio de Janeiro e as outras grandes metrópoles brasileiras afetadas por favelas, núcleos de gangs, cracolândias e demais anomalias populacionais, não podem permanecer eternamente à mercê de políticos despreparados que assumem posições de dirigentes e deixam que o desequilíbrio se manifeste da maneira como está se manifestando. É irracional. É inconcebível. É injusto. Três is que devem ser banidos de nosso dia a dia.

Depende apenas de nós, reverter esta situação, com a força de nosso voto e de nossa escolha. Podemos até nos dar o luxo de sermos peças subservientes da engrenagem. Mas a engrenagem tem que ser boa, saudável, útil, próspera.

Existe algo no Brasil que o torna um pais distinto dos outros. Somos predestinados a alguma coisa. Sinto isto. Não sei para que, mas somos, somos. Algo que ainda não se definiu, mas que esteve latente em algum ponto de nosso passado e pronto para se tornar dominante em um futuro a médio prazo. E afinal côo dizem a boca pequena, Deus é brasileiro...