domingo, 8 de novembro de 2009

UM PAIS QUE POUCO LÊ

O LEITOR DE ORELHA DE LIVRO






Falo muito e uso exemplos de Nelson Rodrigues, de Rubem Braga, de Paulo Francis, de Carlos Heitor Cony, de Rubens Fonceca, de Hélio Pellegrino e tantos outros de nossos escritores. Porque o faço? Porque acho que a nossa literatura assim o merece. Ela é formada de gente espirituosa e eclética. Ela é boa demais. Só não vê, quem não quer.

Não acredito que cultura seja como resfriado, que se pega na esquina num piscar de olhos. Cultura é na verdade um pouco que se fica, do muito que se sabe. E para saber muito é necessário tempo, disposição e dinheiro. Infelizmente três fatores que a maioria de nossa população não pode se dar ao luxo de usufruir.

Seria um trabalho intenso dos governantes e a perseverança de toda da parte mais abonada de nossa sociedade para se virar esta mesa. Não se faz uma população de baixa renda se educar de um dia para o outro.

Uma vez li em algum lugar alguém que escreveu uma nota séria e curta. Quando aprendemos a usar as palavras, notamos que não nos servem mais”. É triste mas, é verdade. O vernáculo, modifica-se, envelhece, caduca. Assim como as pessoas que o usam com esmero.

O escritor vende as suas ideias, obsessões, e até recalques via aquilo que escreve e publica. Muita gente escreve e não publica, por medo, timidez ou simplesmente por não encontrar quem as publique. Mas depois que foram criados os blogs, esta última desculpa não cola. Não torna publico aquilo que escreve, somente aquele que não quer.

Tem muito leitor que não tem tempo e apela para a orelha do livro. Conheço outros que dissertam sobre certos livros sem nunca tê-los lido. Não passaram da orelha. Mas para eles foi mais do que suficiente. E se acham cultos. Outros preferem ler o resumo critico escrito por este ou aquele formador de opinião literária e com este rude conhecimento vão armados para as festas nas coberturas da zona sul do Rio de Janeiro e propagam suas opiniões. Que na realidade não são suas. São de alguém que leu. Ou disse que leu...

Nada tenho contra os críticos. Acho que eles tem uma função válida e afinal todos nós temos que ganhar o nosso pão de cada dia. Outrossim, não sou leitor de criticas. Acho que tanto no cinema como nos livros, você tem que ter a sua própria opinião. Ir lá, mergulhar na obra e ter o tempo para pensar sobre ela.

A isto considero uma obra. Algo que prende a sua atenção e o faz pensar nela, mesmo depois de tê-la terminado. Um grande filme e um grande livro, são como uma sinfonia. Não terminam nunca. Você sempre tem em seus ouvidos, alguns acordes.

A literatura brasileira é rica. Outrossim, apenas o Paulo Coelho soube promover-se. Temos escritores brasileiros desconhecidos do grande público. Temos verdadeiras obras de arte relegadas a empoeiradas estantes e à lembrança de uns poucos. Vamos tirar isto a prova?

Quantos livros desta lista você leu?

1.    O Tempo e o Vento de Érico Veríssimo.
2.    Os Velhos Marinheiros de Jorge Amado.
3.    Crônica da casa Assassinada de Lúcio Cardoso.
4.    Angústia de Graciliano Ramos.
5.    Agosto de Rubem Fonseca.
6.    A menina Morta de Cornélio Penna.
7.    O Anjo de Pedra de Octávio de Farias.
8.    A Quadragésima Porta de José Geraldo Vieira.
9.    Quarup de António Callado.

Existe a possibilidade de alguns de vocês não reconhecerem sequer alguns destes escritores. E a culpa é sua? Evidentemente que não. É daqueles que deveriam badalar estes livros, reeditá-los e colocar sobre a carteira de nossos estudantes.

Machado de Assis, até pode se dizer que teve sorte. Não foi pelo menos esquecido e ainda conta nos currículos escolares. Lima Barreto não teve tanta. Poucos dele se recordam. E ambos eram homens de cor.

A leitura e o conhecimento de sua literatura é ponto pacifico para os alicerces culturais de uma nação. Temos primeiro que ler o que é nosso, para depois, então partir para o que é dos outros. Pois, não se mora em sua própria casa, construindo-se a do seu vizinho.

Sou um obcecado pela leitura. Confesso que já li muito livro ruim. Por isto a necessidade para alguns dos críticos literários. Poupam o tempo. Mesmo os grandes autores tem seus livros de menor valor.

Escolhi muito livro apenas pelo titulo. Outros pelo assunto exposto na contracapa. A maioria dos mesmos por indicação de um amigo. Existem formas de você chegar a aquilo que é bom e vale a pena ser lido.

Ler é o primeiro passo para solucionar os problemas culturais de um pais. Mas para que isto aconteça, é necessário inicialmente ensinar a ler a grande massa. E infelizmente ainda estamos neste estágio...