domingo, 29 de novembro de 2009

VOCÊS SE LEMBRAM DA VARIG? E DA PANAIR?

SAUDADES DA VARIG




Viajar, depois de uma certa idade enche o saco. Quanto mais você viaja, quanto mais você enfrenta aeroportos e balcões de companhias aéreas, mas você passa a dar valor a sua casa e a seu entorno. Não sou ainda um dinossauro, caminho para isto mas na atual conjuntura, me movimento bem. Como diria uma de minhas sobrinhas, sou um cara safo. Principalmente em aeroportos. Todavia, por mais bom humor que você tenha, por mais paciência que consiga manter, diria que cada dia fica mais difícil interagir com todos os problemas de uma viagem lhe trás.

Entendam, sou do tempo da Panair. Mesmo levando-se em consideração que as viagens, eram bem mais longas, os aviões não tão equipados e as conexões desumanas, mesmo assim viajar era ainda um prazer. Você se sentia um individuo, uma pessoa, um ser humano e não, como hoje, um número de poltrona. Vocês podem até não acreditar, mas até comia-se bem dentro dos aviões.

Pois é, a Panair se foi, mas um consolo: ficou a Varig. O problema é que com o tempo a Varig também se foi e não ficou ninguém. Quando digo ninguém é ninguém mesmo! Com direito a ponto de exclamação.

Quando estive sediado em New York, usava a American para vir para o Brasil. Quando transferido para Chicago, a United. Em meu longo período em Lexington a Delta e nos meses que vivi em Chantilly, a Air France.

Mas como todo bom brasileiro estou sujeito a decaídas e sentimentalismos baratos. Resolvi me utilizar a TAM. Nunca fui chegado a companhias aéreas que puxem para o vermelho ou o laranja, outrossim, por iniciativa própria, sem indicação de quem quer que seja, decidi que iria viajar TAM. Afinal eles apregoavam que tinham o meu jeito de voar. E eu estava curioso para saber que jeito era este.

Fui, como sempre faço, para a Internet. Bato no tam.com e de repente me vi dentro de um página, que pensava ser da TAM. Era toda vermelhinha, tinha fotos apenas dos aviões da TAM. Mas não era. Era de um companhia que vendia TAM e que só descobri no final, naquelas letrinhas mínimas do rodapé. Mas fui bem atendido, consegui um bom preço, nada a reclamar.

Meu segundo erro. Aceitei um vôo diurno. Afinal, tinha que estar em São Paulo no sábado, e quinta feira era thanksgiving, me sobrou apenas esta opção, já que a pontualidade nunca foi, e acredito que nunca o será, o ponto forte das companhias aéreas brasileiras. Aliás, de qualquer brasileiro. Mas como a Varig nunca primou pela pontualidade, com poderia não ser diferente, assim preferi me precaver e chegar na véspera de meu encontro, pois, como diria minha avó Adelina, missa se espera na igreja.

O vôo era as nove, cheguei as dez para a seis, com apenas 2 horas de sono, pois na véspera fui a uma festa em Kendall que fica a 60 quilômetros de minha residência. Haviam três passageiros sendo atendidos e eu era o primeiro da fila. Ao lado a United tinha umas 25 pessoas já na fila. Pois, creiam ou não, a vigésima quinta pessoa da fila da United foi atendida antes de que eu fosse atendido na TAM. Pasmem 32 minutos e os três passageiros iniciais se mantiveram sendo atendidos.

Atrás de mim se formou uma fila monumental. E vocês sabem, o brasileiro que vem a Miami não viaja. Ele se muda! Cada casal com seis malas parrudas e estufadas, caixas de carrinho para bebes e todo e qualquer artefato eletrônico que o leitor possa imaginar. Aliás, este deve ser o nosso maior produto de importação. Carrinhos de bebê. Todos os levam. 


Atendido pela pouco eficaz atendente, descobri que embora minha mala de mão fosse pequena, teria que desembarcar pois excedia as normas da ANAC que eram de no máximo 5 quilos. Olhei para a fila da United e todos - com raríssimas exceções - tinham as suas duas malas de mão, como é de praxe. Mas a ANAC não é da mesma opinião. A fadiga dos controladores de vôo do espaço aéreo brasileiro, os choques no ar de aviões e as panes constantes no sistema ante diluviano que usamos, parecem não serem as prioridades da ANAC. A mala de mão com mais de 5 quilos sim.

Moral da história tive que desembarcar minha pequena mala de mão, sabedor que mofaria a espera da mesma em Guarulhos, cuja lentidão em trazer as malas sempre foi seu maior destaque. Só perde neste item para o Galeão, mas este é hours concours.

Mas isto é só o começo. O espaço desta minha coluna se extinguiu, mas não as peripécias desta odisséia que é se tentar ir ao Brasil, utilizando-se de uma companhia que conhece o seu jeito de voar...