terça-feira, 3 de novembro de 2009

O BANHO DE TRÊS MINUTOS

CADA UM TEM O ESTADISTA QUE MERECE




Essas me deixaram tonto. E olha que eu já me achava escolado. Mas receber estas duas noticias num mesmo dia no meio de um jantar, me pareceu forte demais. É para quem tem coração ainda não combalido e imaginação ilimitada.

Fui informado pelo Jornal Nacional, que um garoto de 14 anos chefiava uma quadrilha de distribuição de drogas em plena cidade de São Paulo. Para mim foi uma surpresa. Ademais que o ponto ficava a meio quarteirão do quinto distrito Policial.

Lembro-me de meus 14 anos. Eu seria incapaz de liderar uma gang juvenil para jogar bola de gude. Mas parece que a modernidade trouxe uma aceleração no amadurecimento dos jovens. Jovens não. Crianças! Mas isto não foi nada. Escutem esta.

Agora finalmente entendo porque o presidente Lula se identifica tanto com o presidente Chavez da Venezuela. Vejam a desculpa de seu companheiro venezuelano para com a crise de energia que ora assola seu pais. Chavez afirma que a razão dos problemas de falta de água, são provenientes de prolongados banhos. Para esta sumidade - que segundo o presidente Lula foi o que de melhor aconteceu à America do Sul - três minutos são mais do que suficientes para que uma pessoa tome o seu banho. E explicou: um minuto para se molhar, um para se ensaboar e um para enxaguar.

Imaginem o tempo que ele reserva para uma lavagem de mão e para um escovada de dente. Dificilmente aos venezuelanos será dado o direito de fazê-lo, qualquer uma destas atividades, em mais de uma oportunidade ao dia.

Na Venezuela, o culpado é o povo, segundo seu dirigente maior. Não foi o pouco investimento de seu governo em energia, que está causando apagões e falta de água. Governo este que vende um volume imenso de petróleo, mas que cada dia mais desassocia a fortuna que fatura com aquilo que gasta para a preservação e melhoria de vida de sua população. No Brasil, pelo menos o culpado é sempre a oposição, segundo nosso dirigente maior...

Vocês já foram a Caracas? Sua favelas são piores que as dos Rio de Janeiro. Suas ruas estão em estado deplorável. Os edifícios públicos caindo aos pedaços. Os transportes coletivos e o trânsito são arautos do caos. E a violência impera, sem que o governo faça absolutamente nada. E o presidente Chavez consegue falar mais do que o presidente Lula. O microfone parece ser a extensão de sua língua. E esta é afiada.

Agora imaginem, um diz que a violência em nossas metrópoles é produto de meia dúzia que comandam outra meia dúzia. O outro que a razão da falta de água em seu pais é porque as pessoas levam muito tempo no banho. Que estadistas nós somos obrigados a suportar... Evidentemente que aqueles que elegemos.

Existe uma grande diferença entre inteligência e vivacidade. Chavez não me parece um ser humano inteligente. Com a devida vênia, por suas atitudes destemperadas, não se parece sequer com um ser humano. Mas ele tem vivacidade. A vivacidade ganha na sarjeta da vida. Outrossim, isto não me parece bastante para alguém dirigir um quitanda, que dirá um país, com um dos maiores mananciais de petróleo.

Se eu tivesse que escolher entre viajar numa cabine com Al Capone um marginal de 14 anos, ou o presidente Chavez eu juro que arriscaria ir com o italiano. Pelo menos, você saberia do que ele seria capaz. Um marginal de 14 anos e o presidente Chavez são incontroláveis, com certeza imprevisíveis,  e completaria que infinitamente inimagináveis. Suas reações deixariam a todos boquiabertos.

São por estas e por outras que embora eu seja um apaixonado pelo Rio de Janeiro e adoro o pais em que nasci, que nos dias de hoje prefiro visitá-lo, a morar nele. Na atual conjuntura, quando depois de uma semana a anomalias próprias de nossa cidade maravilhosa começa a irritar, já está na hora de levantar acampamento e seguir para o Galeão.

Tanto o presidente Chavez quanto o presidente Lula em um rinque de boxe, seriam nocauteadores. Mas a experiência de vida prova que a maioria das lutas é vencida por pontos. Soluções nem sempre podem ser rápidas e de maneira alguma radicais, como são levadas a efeito na Venezuela de Chavez, mas felizmente não mais no Brasil a partir de FHC.

Acredito que quando o presidente Lula, em defesa de seu colega venezuelano que estava sendo criticado aqui no Brasil, afirmou a frente de dezenas de microfones que ele, Chavez, era o melhor que havia acontecido para a América do Sul, certamente perdeu uma ótima oportunidade de permanecer calado.

O jornalista Paulo Francis uma vez disse que política é a atividade mais humana que existe, e reflete as perplexidades e fabilidade do ser humano”. Se o emocional do presidente Chavez, não fosse tão atrofiado, até que daria para se fazer um perfil do mesmo.