Até quando, muitos de nós, se manterão atrelados a moda, a propaganda, ao politicamente certo, ao que usa o vizinho e todas estas distrações que coíbem o pleno funcionamento daquela centelha básica responsável pelo senso de integridade individual?
Os desenhistas fazem com que as mulheres partam para saias curtas, saias longas, saias justas, saias folgadas, calças assim e assado. Será que as mulheres não foi dado o direito ofertado aos homens de poder ter um guarda roupa que dure anos?
Nossa sociedade é escrava de uma tirania. A tirania da moda massificada pela propaganda. Meia dúzia de intelectuais, centenas de políticos e milhares de designers, ditam qual é a forma de se comportar, viver, pensar e até de vestir-se. Estes servem conscientemente ou talvez até, inconscientemente ao sistema. Mas que sistema perguntariam vocês? A todos os sistemas. Você tem que lutar muito para manter a sua individualidade. Para conseguir conhecer-se a si próprio. Isto é uma condição básica para a manutenção de sua saúde mental, que se deteriora com o tempo e o excesso de açúcar e gorduras, que você ingere ao longo de sua existência.
Não existe a síntese absoluta. O modelo ideal de vida, ainda está por ser escrito. Espero que venham em outras tábuas sagradas e sejam recebidas por um outro Móises. Mas até lá temos que sobreviver o mais politicamente correto, possível. E é ai que entramos na dança do sistema.
O primeiro passo seria ir bem devagar procurando descobrir as nossas limitações. Aceitar o fato da possibilidade do fracasso. Acreditar na volta por cima. E finalmente ter a mais férrea certeza que o small is beautiful. Lembram do livro?
Nas mais simples explicações estão as mais verdadeiras respostas. Tenho hoje plena consciência que peca-se mais pelo excesso do que pela falta. Seria como o pecado mortal e o venial. Acho que era assim, que se classificavam antigamente, os pecados na igreja católica.
Vejam um politico brasileiro justificando-se de uma acusação. Não lhe faltam palavras. Adjetivos jorram de sua boca como saliva na boca de um bode. Jargões nem se falam. E sempre terminam seus discursos com o mais famoso de todos; “Renúncia é uma palavra que não existe em meu dicionário”. Mas quando a coisa aperta, e o assento esquenta, para não perder seus direitos políticos – que no Brasil são traduzidos por mamatas – ele renuncia, pois, sabe que será reeleito. O povo sempre esquece...
Mas porque o politico brasileiro seria diferente? Muitas vezes dizem que o politico é a imagem daqueles que o elegem. Seria isto verdade? O brasileiro não é simples. É por demais complexo. Talvez seja por causa da miscigenação de nossa formação. Não temos raízes comuns. Foi lé com cré, desde a nossa colonização.
Logo se não mudarmos, nossos políticos não mudarão. Ficarão a cada dia mais velhos, mais cientes de suas impunidades e fixos a seus exílios internos. Um dia serão substituídos. Mas por quem? Por seus filhos, sobrinhos e netos, criados à sua imagem e semelhança. Acho que alguém usou esta frase com outro intuito...
Qualquer mudança tem que ser feita de dentro para fora. Qualquer Freud do Andaraí sabe disto. Como sabe também que temos em nossas principais metrópoles uma grande parte da população subnutrida, desproteínada e por que não dizer, hereditariamente deformadas em suas mentes. E eles votam.
Enquanto a senhora bem comportada da Vieira Souto tem um filha. Sua domestica tem oito. E destes oitos, cinco meninas, já estarão grávidas antes dos 14 anos. A progressão é geométrica. Se esta senhora não tratar d ajudar a esta domestica na formação de seus filhos, sua neta será assaltada e seviciada pelo neto da domestica que tem acesso a seu edifício de luxo.
Tendo tudo isto em mente, entende-se porque o inigualável Paulo Francis, dizia como é fácil de se entender por que Hamlet mata Polonius.
Temos que estar, o mais tempo possível com nossos pés no chão. Sonhar é preciso, mais tem dia, hora e local. Os pés no chão servem para reconhecermos melhor a realidade que nos cerca. É monótono, porém, mais seguro. Mergulhar de cabeça em piscina vazia, só dá enxaqueca.
Entre a cozinha e o cabelereiro. Entre o porre da noite anterior e o batente, nós, homens e mulheres brasileiros, temos que fazer as coisas mudarem no Brasil. Concordo que estamos melhores do que estávamos antes. Mas imaginem um Brasil sério, sem falcatruas, com o dinheiro público sendo direcionado para as melhorias que o nosso povo de menor renda, necessita. Isto não diminuiria a violência e a criminalidade? Cabe apenas a nós mudar com esta situação. E tudo começa com a conscientização e o voto.