quarta-feira, 25 de novembro de 2009

A VERDADEIRA FACE DE UM SUBDESENVOLVIMENTO

O PARAFUSO OU O TAPETE

 Evelson de Freitas


A mais produtiva fábrica estabilizada no Oriente, um dia deixou de funcionar. De um momento para outro, simplesmente pifou. O CEO da mesma, dentro de sua alta capacidade de resolver problemas, os mais cabeludos existentes, mandou imediatamente vir aquele que a havia construído e apavorou-se com o fato do mesmo não ter conseguido fazê-la voltar a funcionar. Assim como os dez engenheiros mas bem dotados do mundo, intimados  nas semanas subseqüentes, também não o terem conseguido. Terrível constatação.

Inanimado, como a própria fábrica que dirigia, estupefou-se com o palpite dado por um varredor, que vendo seu cruciante desespero, instruiu-o a chamar seu compadre que era brasileiro, eletricista e que se transferira para a China a dois meses.

“Um eletricista?” perguntou com total desdem próprio daqueles que não estão acostumados a ouvir aquilo que não querem. "E ainda por cima brasileiro?" completou incrédulo.

O humilde varredor concordou com a cabeça. O CEO deu uma gargalhada e voltou a pesquisar outros nomes em sua lista de opções. Mas após outras infrutíferas tentativas, que foram de cientistas a mecânicos especializados, finalmente rendeu-se a sua total impotência e pediu que o compadre do varredor viesse dar uma olhadinha sem compromisso.

O velho homem, sem tocar em nada andou por toda a fábrica por horas e examinou cada palmo daquele velho edifício com assoberbada diligência, até que estancou a frente de um parafuso. Depois de mirá-lo por segundos, pegou em seu bolso a velha companheira chafe de fenda e apertou o parafuso. Como por milagre tudo voltou a funcionar.

Feliz com o resultado o CEO, convidou o compadre do varredor a comparecer em sua suntuosa sala e perguntou quanto ele cobraria por seus serviços com o cheque já aberto a sua frente e a mão gorda segurando a caneta de ouro que ganhara por bom serviços, do grupo que detinha a propriedade da fábrica. O compadre, coçou a cabeça, fez alguns ruídos com sua boca e depois de refletir, mandou a queima roupa; “US$ 10 milhões está de bom tamanho”.

“Dez milhões para apertar UM parafuso?” reclamou o CEO, estupefato e agora gotejando por todos os seus poros.

“Desculpe-me, mas eu não apertei UM parafuso. Eu apertei O parafuso. E o senhor pode fazer o cheque nominativo a Eriberto Damaceno da Silva”.

Apertar O parafuso é muito diferente de apertar UM parafuso.

Infelizmente existem muitos parafusos a serem apertados no Brasil. Sejamos honestos. A atual gestão apertou alguns, não muitos, mas pelo menos alguns. Principalmente aqueles que chamam maior atenção e com especial ênfase àqueles que rendem  um bom número de votos.

Mas nos itens educação e segurança, alguma coisa foi feita? O mínimo a se exigir seriam respostas tais como: Qual foram os investimentos? Qual seriam os resultados? O que mais teria que ser feito?

Me lembro do tempo que quando o presidente Lula era oposição, criticava as viagens de seu predecessor. Hoje o que FHC viajou é fichinha, perto do que ele viajou e ainda pretende viajar. Afinal a melhor maneira de não ter que resolver problemas é se afastar dos mesmos. Outrossim, o que realmente me preocupa é um e-mail que recebi de um amigo intitulado Qual é a diferença entre essas duas imagens?


Pete Souza, fotografo da Casa Branca


Na reunião do presidente dos EUA, várias pessoas - Obama inclusive - usam canetas esferográficas ordinárias. À mesa, garrafinhas de plástico com água. Algumas pessoas têm à sua frente aqueles indefectíveis copos de papelão tampados. Há assessores com latinhas de refrigerantes, sem copo. Em resumo, nada daqueles garçons com paletós brancos servindo cafezinho e água em louça personalizada como ocorre em toda a Esplanada dos Ministérios, em Brasília.


Na segunda foto, a imagem é auto explicativa. A cena estapafúrdia parece ter saído de um livro de realismo fantástico escrito por Gabriel García Márquez. Um tapete vermelho para o presidente naquele ambiente chega a ser ofensivo. Em resumo, a forma como o poder é tratado e se apresenta é um traço um traço marcante do caráter e do estado de espírito de um país.

* Detalhe nessa visita de Lula no sertão de Pernambuco para visitar (fazer campanha) as obras do “sepultamento do Rio São Francisco”, foram gastos mais de  R$ 1milhão de reais para que o “ Sr. Lula”  pudesse dormir  no canteiro de obras, com seus “aspones”.

Como pode ser notado, existem vários parafusos que se devem ser apertados em todo e qualquer governo. O único problema é que no Brasil, fazemos nossos parafusos e principalmente os tapetes mais caros que a realidade, para de alguma forma tentar apagar a imagem de subdesenvolvimento que vivemos, mas que nosso presidente prefere não levar em conta.


Por favor, menos frescura e mais objetividade presidente Lula.