domingo, 15 de novembro de 2009

ATÉ ONDE FUNCIONA A JUSTIÇA


COCE AS MINHAS COSTAS
QUE EU COÇO A SUA.






Outro dia falei de passado. Pois é, em certos casos ele volta quando gente de pouco escrúpulo usa velhos ardis para camuflar sua excessiva dose de ambição e gula.

Bernard Lawrence "Bernie" Madoff é o mais recente exemplo disto. Ele simplesmente copiou o modelo do inicio do século passado, elaborado por Charles Ponzi, um emigrado da Itália em 1903, mas que em 1920 deixou a todos perplexos com seu plano de enriquecer investidores com o dinheiro de outros investidores.  

O Ponzi scheme, como ficou internacionalmente conhecido é uma operação fraudulenta que paga aos investidores, um retorno não de lucro, mas sim de investimentos de novos investidores. É o que conhecemos como efeito pirâmide. Funciona enquanto novos investidores aderirem ao processo. O de ganhar dinheiro fácil. Aquele que nunca funciona. 

Porque estas coisas colam? Porque são oferecidos a novos investidores garantias a curto prazo, que nenhum outro investimento sério, o poderia fazer. O enxame de novos investidores faz com que a pirâmide cresça. E ela só tende a ruir, quando a turma de sua base, inicia um processo de recolhimento, muito usual em tempos de crise, como é o atual.

Parece um ovo de Colombo. Repaginando: é um ovo de Colombo até que alguém descobre e exige seu dinheiro de volta. Outrossim, a vida deste estratagema sobrevive da necessidade que sempre esteja entrando mais gente do que saindo. O que numa crise financeira, a primeira vista parece ser impossível. Todavia, na maioria das vezes o esquema é descoberto pelas autoridades competentes antes mesmo que o efeito Ponzi imploda dentro de sua inabilidade de continuar para sempre.

Quanto maior o investimento, maior as chances destas autoridades o detectarem. E sem duvida alguma o impetrado por Madoff foi a maior fraude financeira da história das fraudes. Imaginem, 64,8 bilhões de dólares.

Este esquema nem foi na verdade bolado por Charles Ponzi. Outro Chales, o Dickens, em uma novela escrita em 1857, chamada Little Dorrit. Lá é descrita esta ação.

Mas Madoff o copiou, o levou adiante a partir do inicio dos anos 90 e tão somente em Março de 2009, foi, descoberto, preso, julgado e condenado em 11 contravenções. Entrou em cana e vai cumprir a pena máxima determinada em lei de 150 anos. Igualzinho no Brasil, vocês não acham?

No exato momento que estou escrevendo estas linhas, esperando pelo próximo cavalo que tenho que lançar, todos os bens de Madoff, de sua mulher, de seu filho e de seu principal assessor estão sendo leiloados em New York. Garfo, faca, relógios de pulso, jóias, carros, barcos, jaquetas do Mets, enfim, tudo a ele relacionado que possa atenuar o montante de 18 bilhões de dólares que deve, à aqueles que investiram em sua trapaça.

Parecido com o Brasil, vocês não acham?

Pois é, esta é uma fase dos Estados Unidos. Você matou, roubou ou trapaceou e foi pego, sifo! Não tem dinheiro que o faça reverter a situação, pois, a opinião publica aqui é forte e ouvida. E a resposta é rápida. Imediatamente os bens são bloqueados e vendidos para ressarcir o preju.

Igualzinho no Brasil, não?

Muito fácil é malhar os Estados Unidos, principalmente por aqueles que nunca passaram de Niterói. O difícil é entender a forma como as coisas acontecem por aqui.

Existem muitas coisas erradas. Aqui e acolá. Mas a justiça, de uma forma ou de outra funciona. Doa a quem doer. Concordo que mais na área do baixo clero, pois a nível governamental barbaridades são impetradas pelos órgãos de defesa, que a gente não deve ter sequer conhecimento.

Mas que barbaridades foram cometidas na era staliana em prol daquilo que se dizia uma igualdade que só o comunismo poderia trazer. Lênin, Stalin eliminaram grande parte de seu povo pelos os mínimos motivos encontrados, mesmo o de seus mais fieis seguidores poderem estar de olho em suas posições.

Logo, não existe o sistema ideal. Que clame os escritores de novelas nuca exibidas o que quiserem. O que realmente há de se convir, é que o poder gera uma série de anomalias se mal administrado. Mesmo em democracias abertas e policiadas pela opinião pública, quanto mais em sistemas ditatoriais.

Gostaria de ver a justiça levada a sério no Brasil. De uma forma mais lépida e menos nebulosa. Sem paternalismos e com a total ausência daquela velha escola. Coce minhas costas que eu coço a sua.