quarta-feira, 30 de setembro de 2009

EXERCICIO AO ASCETISMO

EXERCICIO AO ASCETISMO






Uma característica humana é a de temer aquilo que não se conhece. 
Isto é o inicio de um exercício ascético. 
Então, ao invés de se tentar compreender o que realmente está acontecendo, simplesmente  apela-se para o caminho mais fácil sempre que possível: 
os fatores circunstanciais.

Existe coisa mais subjetiva que os fatores circunstanciais? Ou quem sabe teríamos que nos abster de uma física quântica regressiva? Como entender? Basta apelar como fizeram outros presidentes.

Jânio Quadros apelou para as forças ocultas, para tentar justificar um golpe demagógico com sua pseudo renuncia. Esperava que o povo o trouxesse de volta e ficou esperando que isto acontecesse, até o final de seus dias. Ou Getulio que apelou para o tiro que tinha direção a seu coração e não ao major Vaz, que protegia Lacerda. O primeiro tiro saiu pela culatra e ele teve que se utilizar um segundo, de sua própria arma e com isto deixou os militares e a UDN mais uma vez sem chance de assumir o poder, num golpe de mestre. Ou quem sabe Collor que pediu que o povo fosse para a rua defender seu mandato e ao contrário viu muita gente de cara pintada de verde e amarelo, exigindo sim, por seu impeachment?

Será que fatores circunstanciais como estes, validariam algumas opiniões emitidas por nosso presidente. Ou estaríamos presenciando outro exercício ao ascetismo?

O Brasil, apesar de todos os pesares está vivendo um momento de calmarias. São 15 anos de uma travessia sem tsunamis e maremotos, logo, quanto menos se falar, melhor. Em boca fechada não entra mosca. Mas a discrição não parece ser o forte da atual administração. Viaja-se muito! Fala-se muito! Aparece-se muito!

Acredito que não devamos nos comprometer, da maneira que o fanfarrão Hugo Chaves - a melhor coisa que aconteceu na America do Sul, juntamente com Evo Morales”, segundo palavras textuais de nosso presidente - o vem fazendo e comprometendo a imagem de seu pais. Isto seria uma regra básica de diplomacia, a ser levada a sério.

Na verdade regras no nosso Brasil varonil, de céu cor de anil são erigidas com a plena consciência que não deverão ser cumpridas, apenas compridas. Quanto mais extensas, mais importantes o são. Coisa para inglês ver. Observem a diferença de números de páginas entre as constituições norte-americana e a brasileira. Um simples adendo levado a efeito por um parlamentar na constituição brasileira, possuí o dobro de volume que toda a constituição norte-americana.

A verborragia parlamentar tupiniquim é críptica, estonteante, repleta de adjetivos e citações históricas, mas no frigir dos ovos, altamente inócua. Repleta de lacunas, onde oportunidades têm seu espaço garantido se houver necessidade de uma distorção estratégica. Tudo feito conforme a necessidade para tal. Garanto que seus zigomas irão enrubescer ao ouvi-las atentamente. Porém, o verdadeiro teor, muitas vezes está invisível e certamente inaudível.

O político brasileiro não tem o dom da síntese. Ao contrario quando se apega a um microfone, nunca mais o quer deixar. Ver o presidente do senado discursar é um ato de contrição e penitencia. O que pode ser dito em duas linhas, leva vinte e duas. Neste ponto prefiro ouvir nosso presidente, mesmo levando-se em consideração que a concordância entre os verbos não seja o seu forte.

Recebi de uma amiga Facebook uma opinião bastante forte em relação aos dotes do presidente Lula, atribuída ao ex-governador de Santa Catarina, Esperedião Amim:

“O pior atentado que se pode cometer contra Lula, além de alvejá-lo com um mortífero dicionário, é atirar-lhe um carteira de trabalho”.

Não acredito que seja esta a forma correta de se dirigir ou emitir uma opinião sobre um presidente da república. Qualquer que seja a republica. Pois, na verdade, independentemente quem esteja exercendo o cargo, a presidência de um pais é uma instituição, que deve ser respeitada como a bandeira, a moeda e o hino. Houveram brasileiros, que nele votaram e a maioria o levou ao poder. Se o seu português não agrada ou se ele deixou de exercer a sua profissão há mais de duas décadas, isto é um outro problema.

Mas o que vamos fazer? Nascemos  crescemos assim ao som de gritos de independência fajutos, mirando impérios passados de pai para filho, vivendo republicas café com leite e outras de valor político nulo. Seguiram-se Novas Republicas, duas ditaduras duradouras e uma democracia que parece facilitar escândalos e a transformação de tudo em grandes pizzas.

Somos brasileiros e nossa miscigenação acredito que tornou-nos mais complicados. Somos a prova viva que o exercício do ascetismo existe.
albatrozusa@yahoo.com