segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Não há “finalmentes” sem “entretantos”. Quanto mais “obstantes”.


Não há finalmentes”
sem “entretantos”.
Quanto mais “obstantes”.

O prefeito de Sicupira, Odorico Paraguaçu, tinha um objetivo.
Criar um cemitério em sua cidade.
Para tal estava afim de abrir mãos de todo e qualquer entretantos” e partir de forma firme para os “finalmentes”.

- Os “finalmentes” justifica os reais “obstantes”. Tenho dito! – diria de forma lapidar, o referido político. 

Isto não parece um pérola dentro da política brasileira? Hoje ainda mais acentuada pelas velhas raposas do tipo Sarney, Renan, Collor e Lula? Que quarteto... Unidos pelas causas próprias que tentam vender como comuns a todos.

Desculpem o meu singelo e atroz conservadorismo, mais não existe um real finalmente sem que haja pelo menos um abstrato entretanto.

Diz a lenda que Rui Barbosa, ao voltar a sua casa, ouviu um barulho estranho vindo do seu quintal. Chegando lá, constatou haver um ladrão tentando levar seus patos de criação. Aproximou-se vagarosamente do indivíduo, surpreendendo-o quando este tentava pular o muro com os patos e lhe disse:



- Oh, bucéfalo anácrono! Não te interpelo pelo valor intrínseco dos bípedes palmípedes, mas, sim, pelo ato vil e sorrateiro de profanares o recôndito da minha habitação, levando meus ovíparos à sorrelfa e à socapa. Se fazes isso por necessidade, transijo; mas se é para zombares da minha elevada prosopopéia de cidadão digno e honrado, dar-te-ei, com minha bengala fosfórica, bem no alto da tua sinagoga, e o farei com tal ímpeto que te reduzirei à quinquagésima potência que o vulgo denomina nada.


O ladrão, confuso, pergunta: - Dotô, resumindo, eu levo ou deixo os pato?


Outro exemplo do pouco caso dado aos entretantos”.

Mas este não é apenas o defeito de Odorico Paraguaçu ou do pobre ladrão de patos. Muita gente no Brasil age qual estes dois personagen. Não estão o mínimo a fim de saber dos “entretantos”. Querem mesmo chegar logo aos “finalmentes”, ou simplesmente não se preocupam com o mesmo. Deixamo-nos levar por aquela onda de desânimo que prega, não há como se mudar.

Não podemos assim agir. Não devemos assim aceitar. Não é à toa que nosso senado é reconhecido até por nosso atual presidente como a maior casa de pizzas deste planeta. Uma triste constatação, pois nossos representantes em ambas as casas de âmbito político deveriam espelhar a nós mesmos. Seriamos nós iguais aos vereadores, deputados, senadores, prefeitos e governadores que elegemos? Eu, pelo menos não gostaria de ser... Portanto, desculpem-me aqueles que querem ouvir tão somente os “finalmentes”, mas eu vou tentar de alguma forma, explicar aquilo que acredito ser os “entretantos”.

Considero o senhor Luiz Inácio Lula da Silva um fenômeno. Não só político como social. Não diria ser ele a evolução de um Odorico Paraguaçu, mas acredito que muito haja de ambos em certas formas de encarar a realidade que criam em volta de si. Por exemplo, nosso atual presidente se acha uma celebridade. E na verdade com o aceite popular que hoje detém, não o deixa de ser, apenas que a nível nacional.

Em termos continentais, ta ali brigando por uma liderança, já que nesta carreira seus adversários são fraquinhos. Analisem o perfil da maioria dos presidentes dos países de nosso continente e entendam o que quero sugerir. O nivelamento é por baixo. Todos querendo se eternizar no poder, todos a mudar suas respectivas constituições para conseguir este intento, todos afim de se afastar dos Estados Unidos, pois, isto em termos populares sempre colou.

Poucos são os que gostam de um visinho rico. Muitos poucos os que o aceitam. Afinal a inveja acaba cegando a razão. Isto não é um fenômeno brasileiro. É mundial. Mesmo não sendo este vizinho tão rico assim, como demonstra no atual momento.

Quando o presidente Obama afirmou que Lula era o cara, em uma de suas manobras políticas de tentar se manter simpático aos poucos não inimigos formado pelo presidente Bush contra o seu pais na America do Sul, Lula inflou qual um pavão em tempo de procriação. Inflou e acreditou.

Ninguém parece estar preocupado com os entretantos”. Por exemplo porque tantas falcatruas são geradas num pequeno espaço de tempo envolvendo uma gama  de pastores, políticos, industriais, policiais e até juízes? Porque estes finalmentes” podem constar de nosso dia a dia? Não haveriam uma serie de entretantos” que estariam facilitando a permanente motivação de tantos tristes finalmentes”?

Nossa abertura política gerou uma abertura ampla, irrestrita e geral. Inclusive de costumes. Levar vantagem sempre que possível em tudo, passou a ser a palavra de ordem. Cada dia um diferente escândalo, sempre esquecido com a a descoberta de outro. Quantos foram punidos? Creio que na contagem geral, apenas o ladrão de patos da casa de Rui Barbosa.
albatrozusa@yahoo.com