sábado, 5 de setembro de 2009

A LUZ PRÓPRIA DO RIO DE JANEIRO




A LUZ PRÓPRIA DO RIO
Existe para mim uma grande diferença
entre saudosismo e respeito,
principalmente quando a paixão que envolve qualquer que seja a atividade
esteja inserida no contexto

Antes de mais nada afirmo: não sou um saudosista renitente. Falo do de qualquer assunto como poderia por exemplo estar falando da cidade onde nasci e me criei: o Rio de Janeiro. A cidade que aprendi a amar. Mas isto não faz de mim um cego aos problemas que ela enfrenta hoje e na verdade sempre enfrentou. Por isto, não tenho pelo Rio uma visão estereotipada, mítica e sim uma de dois pólos distintos que possam visualizar não só benesses como problemas, suas virtudes e seus vícios, seu encanto e seu desencanto, enfim o paraíso e o inferno.

O Rio de Janeiro sempre enfrentou problemas. Aquele fictícia áurea dos anos dourados é apenas uma fração da história. Evidentemente que a memória tende a reter na mente as coisas boas e diluir as más. Apenas as experiências traumáticas podem se manter lá no fundinho de seu cérebro. Mas para isto existem os psiquiatras.

Trata-se de um defesa própria do ser humano tentar incutir no saudosismo um perfil inexistente de felicidade e beleza.  Os rapazes da alta sociedade que surram as empregadas domésticas nos pontos de onibus dos dias de hoje, são um espelho dos membros do Clube dos Cafajestes que anos 60 depredavam bares e acabavam com festas. Gente fina agindo de forma grossa. Os estupradores de hoje, refletem as mesmas imagens, espelho do que aconteceu a 51 anos atrás no episódio Aida Curi, Ronaldo e Cácio Murilo. Inclusive, a sorte da vitima e dos culpados parece ser sempre a mesma. A venalidade politica e policial não me parece distinta. Assim como o terror do tráfego nas ruas e nos narizes daqueles que aspira drogas, continuam de acordo à sua extraordinária contundência. Como avestruzes fugimos a nossa realidade, e partimos para aquela missiva: no meu tempo era muito melhor...

Minha avó Adelina, sempre esteve certa: 
nem todo passado é só felicidade, 
nem todo presente sugere apenas desgraça”.

O mesmo acontece quando uma crise se instala. A atual crise econômica iniciada nos estados Unidos, pegou a todos nos quatro cantos do mundo. Mesmo aquele discurso para inglês ver de nosso presidente não está colando mais. O doente de tifo tem que saber que está doente e a população deve ser alertada que existe uma epidemia no ar. Tentar engabelar o público e achar que ele gastando mais manterá a economia equilibrada é coisa de artista de circo mambembe. Eu diria que aos poucos se transformará em um suícidio coletivo. Da mesma forma que tentar vender a pueril idéia que o Brasil não será afetado pela crise me parece um total descalabro. Em países sérios estas defesas demagógicas seriam vistas como criminosas. No Brasil, são pintadas como otimistas. E fica o dito pelo não dito...

Bush foi querer inventar a existência das armas de alta destruição para colocar a mão no petróleo do Iraque e derrubar o Saddam Husseim e veja no que deu. Ele sim sifu”, como diria o nosso presidente em seu linguajar político para atingir seu público: o da cesta básica.

Mas enquanto little George saiu pelas portas do fundo de seu governo com uma aceitação de menos de 25%. A menor de um presidente norte-americano em mais de um século. O nosso presidente cada vez mais cresce nas pesquisas populares. Bom para ele, não sei se será tão bom para o pais.

Hitler dizia que uma mentira repetida em diversas oportunidades por distintas pessoas, acaba se tornando uma verdade, aos olhos dos que escutam e não tem discernimento de raciocínio. É possível que ele estivesse com a razão, aliás, ele próprio engrupiu” uma nação e enganou um mundo por algum tempo.

O saudosismo apaga de nossa mente muito da realidade. Deixa  apenas as lembranças boas e nos induz a pensar que antes as coisas eram melhores. E nós sabemos que não é bem assim. A modernidade trás também melhorias na vida de cada um.

O Rio de janeiro não é melhor nem pior do que antes. Apenas está diferente, com gente nova e querendo ou não, é sempre gente que faz uma cidade moldar o seu perfil. O espírito carioca sempre traçou o modus vivendi da ex-capital. É aquela vontade imensa de viver que todo habitante desta cidade maravilhosa transparece que faz o Rio de Janeiro ter a sua luz própria.

A luz que esquenta o coração de quem lá habita e também daquele que o visita.

Saudades do Rio de hoje e de ontem. O Rio de Janeiro de todo o sempre.

albatrozusa@yahoo.com