sábado, 26 de setembro de 2009

APOTEGMÁTICO OU APOSIOPÉSICO?

Apotegmático ou Aposiopésico?





Estariam estas mãos limpas?
O que você acredita mais? Na estatística ou na história?
Eu por exemplo acredito na primeira.
Confesso que acredito com certas reservas na segunda.
E o porque disto?
Porque os números dificilmente mentem, se o universo da pesquisa for fidedigno.
E muitas vezes a história não passa de algo que nunca aconteceu
e foi escrita por alguém que não estava lá.
E quando estava, pode tê-lo visto com outros olhos, distintos do seu.


Em se tratando de política aumenta em muito sua escala, pois, se torna muito fácil mistificar-se heróis, em um atividade alimentada por uma mídia que vive basicamente a procura dos escândalos e dos furos de reportagem que possam fazer ser veículo vender mais.

Antes que os detratores do óbvio venham com sete pedras, apresso-me a afirmar que não sou daqueles simplistas que acreditam que a história fala dos mortos e o futuro daqueles que hão de morrer. Acredito sim que não existe presente sem passado e nem futuro sem presente e um mínimo conhecimento do passado. Mas história tem que ser checada em três ou quatro fontes. E que ela não pode apenas estar baseada em opiniões pessoais. Há de se existir um fidedigno cabedal técnico para consubstanciar a opinião. Principalmente quando ela extrapola e se torna pública. Daí para a unanimidade pode ser um passo. E como todos nós sabemos, por Nelson Rodrigues toda unanimidade é burra, assim como o vídeotape.


Durante muitos anos trabalhei junto a mídia internacional. Não sou jornalista por formação, mas creio que muitos dos grandes colunistas que admirei também não o eram. Assim, escrevo. Outrossim, aprendi que a mídia vai do sangue aos louros com extrema freqüência. O que está localizado entre dois extremos, vende pouco jornais e não consegue manter a atenção do público por muito tempo. Não chego ao estremo de taxar os órgãos de grande circulação de necrófilos insaciáveis. Mas que um desastre, um crime de paixão e mesmo a quebra de um campeão, de vez em quando aumentam a circulação, disto não tenho dúvidas. Nem eu, nem vó Adelina, que acreditava em tudo. Até em político e assombração. Que na visão dela eram uma mesma coisa.

Na natureza nada se perdia, e nada se criava. Hoje tudo se perde, tudo se destrói, da mesma forma que na arquitetura nada se cria e tudo se copia.


Apotegmático? Aposiopésico? Não sei, escolham o que melhor lhe aprouver, todavia isto são verdades.

O problema no vida, aquela que vivemos longe das irrealidades históricas é que não existem verdades. Existem sim situações de momento, que podem se repetir em ativismos históricos. Mas os fatos permanecem e somados trazem seu conhecimento para mais perto da cultura que está se formando dentro de si.. Isto é uma lei básica de vida, que alimenta sua vivência e que afeta seu produto final; sua experiência.

O atavismo histórico é uma característica nacional. Vejam o artigo de Augusto Frederico Schmidt datado de 1947 sobre o nepotismo. Pra os menos informados, nesta data o hoje ilustríssimo presidente do senado e ex da república, José Ribamar Ferreira de Araújo Costa Sarney tinha apenas 17 anos. Era um menino. Outrossim, já devia estar prestando atenção no que acontecia no Brasil. Assim dizia Schmidt:


“Um homem no poder que outrora, há vinte anos passados digamos, tivesse a exclusiva preocupação de aninhar os seus parentes próximos ou distantes nos braços do que chamamos por hábito de Tesouro Nacional, pelo menos seria apontado como um reles aproveitador, perderia classe, diminuiria o espaço de seu prestígio: hoje ao contrário, os que tudo decidem porque são muitos não atentam nestas delicadezas, não prestam atenção a essas ridicularias, e no fundo reconhecem que tolos são os que não fazem render as oportunidades propícias, e que o primeiro dever de Mateus é cuidar dos seus... Que o tesouro do pais se transforme num poço vazio, lhe é indiferente, porque a vida é uma só e é urgente salvar a vida”.

Logo o nepotismo não é uma invenção moderna. É um fato histórico dentro do Brasil. Levado a extremos por aqueles eleitos pelo voto popular e cuja maior responsabilidade seria o de defender os interesses os que o elegeram e não os seus particulares. Autoridades estas que criaram suas próprias nações. Apenas que nestes últimos oito anos este nepotismo assumiu proporções alarmantes, dentro do quadro vigente defendido pelos senhores Sarney, Calheiros e outros do mesmo saco, aquele que prega abertamente a fraternidade explicita: coce minhas costas que eu coçarei as suas.

Apotegmático? Aposiopésico? Não sei, escolham o que melhor lhe aprouver, todavia isto são verdades.