segunda-feira, 14 de setembro de 2009

VOCÊS SE LEMBRAM DAS PORNOCHANCHADAS ?

VOCÊS SE LEMBRAM DAS PORNOCHANCHADAS ?



Houve uma época no Brasil,
Mais ou menos pelos anos 80
que o cinema brasileiro descambou
para um estilo que imediatamente
Foi rotulado pelo público
de pornochanchada.

De 50 filmes, nada menos que 45 eram ponochanchadas. Elas eram trazidas as telas em forma barata, simples e de fácil absorção. Me lembro de uma chamada Entra no meu que eu entro na sua. Eram dois episódios. O primeiro sobre uma mulher cuja vagina de um dia para outro começou a falar e o outro de um pobre coitado, cujo pênis nasceu em sua testa.

Cenas exotéricas, de forte e significativo simbolismo, mas que na verdade transcendiam a capacidade de absorção do raciocínio humano. Mas vendiam, sobreviviam e se proliferavam. Coisa que só no Brasil cola. Principalmente em um Brasil que acabava de sair de uma ditadura militar, que vivia uma arrocho financeiro e que ansiava por recuperar os 21 anos perdidos desde a implantação da redentora.

Eram filmes idiotas cujos títulos já sugeriam o que você estaria preparado a assistir: Quanto mais dentro melhor. Agite antes de usar. As trepadeiras. Banho de língua. Bobeou...entrou. Bacanal na Ilha da Fantasia. O convento das taras proibidas. E a coisa ia por ai.

Vínhamos de uma fase onde as companhias cinematográficas nos anos 50 declinaram e entraram em falência. A Vera Cruz que quando formada pretendia fazer frente a Hollywood, a Atlântida que durante três décadas conseguiu unir música, romance e um cast de gente que fez nome. E outras como a Cinedia e a Brsil Vita, todas,s em exceção foram para o brejo.

Mazzaropi, Grande Otelo, Oscarito, Zé Trindade, Cyl Farney, , Anselmo Duarte eram os nomes em voga. Outrossim apenas o Cangaceiro de lima Barretop conseguiu fazer algum nome fora de nossas fronteiras.

Assim nos anos 60 foi a vez do aparecimento do chamado cinema novo. Um movimento que trazia uma temática distinta da anterior. Não mais chanchadas românticas e sim um cinema que mostrasse a realidade brasileira e de seu povo.

Uma camera na mão
e uma ideia na cabeça.

Nelson Pereira dos Santos, Glauber rocha, Joaquim Pedro de Andrade, Caca Diegues, Rui Guerra, Luiz Carlos Barreto, Paulo César Sarraceni eram os principais nomes do movimento que de 1960 a 1964 teve seu primeiro momento.

A segunda fase, que foi de 1964 a 1968 teve em Terra em Transe e deus e o Diabo na terra do sol, ambos de Glauber Rocha e Vidas Secas de Nelson Pereira dos Santos, seus pontos altos. E no Pagador de Promessas de Dias Gomes, com direito a Palma de Ouro no festival de Cannes seu momento maior. Os erros dos governos brasileiros, os reflexos causados na população, principalmente aquela considerada de baixa renda, e os conflitos de fé religiosa, passaram a ser a temática preferida e eram dissecados de uma maneira dramática, quase “sureal”.

E seguiu-se uma terceira fase que foi de 1968 a 1972 que era determinada pelo exotismo brasileiro, culminando com a grande obra Macunaíma de Mário de Andrade trazida a tela por Joaquim Pedro de Andrade, com seu herói preguiçoso, safado e destituído de qualquer carácter, nascido na selva negro como Grande Otelo, e com o tempo virou branco qual Paulo José e passou a conviver com prostitutas e guerrilheiros. Dina Sfat mais linda do que nunca. Frases soltas a esmo. Um ingenuidade invulgar.

Sonhei que caiu meu dente,
é morte de parente

Ai a ditadura apertou e a grande maioria dos cineastas brasileiros dispersou-se entre as prisões, exílios, simples desinteresse ou fatal esquecimento. Era o fim de uma era. Que teve como epitáfio Dona Flor e seus dois maridos, o filme mais visto entre os brasileiros. Afirmam os estatísticos que mais de 10 milhões de espectadores.

Voltamos quentes as telas nas citadas pífias pornochanchadas que na realidade serviam como o embate de leões e cristãos nos circos romanos, para a diversão do povo.

Felizmente a febre deste tipo de filme cessou. Entramos nos últimos anos, na fase de um cinema moderno que tentava conquistar outros mercados que não fosse apenas o brasileiro.

Cidade de Deus, Carandiru, Tropa de Elite e Central do Brasil, foram as mais recentes tentativas de se reavivar uma atividade que sempre sofreu com o total descrédito tanto da parte do governo, quanto em relação aos espectadores.

O primeiro cinema inaugurado no Brasil foi na rua do ouvidor no rio de Janeiro e data de 1902. Um documentário sobre cenas do rio de Janeiro foi o espetáculo de abertura. Com o avanço da captação de energia a partir de 1907 as casas de apresentação da sétima arte se proliferaram.

Embora as obras estrangeiras fossem a grande maioria, fizemos os nossos primeiros filmes e a partir de 1915 nossa literatura foi explorada pelos cineastas da época. Este foi o começo de uma atividade que infelizmente até aqui nunca engrenou. Como o próprio Brasil...