Inchado qual um anfíbio Anura da ordem Bufonidae
Estava sentado na sala de meu apartamento a assistir mais um belo por de sol aqui em Hallandale, quando da televisão ouvi via Globo Internacional, nosso presidente à frente das câmeras dizer, inchado qual um anfíbio da ordem Anura, da família Bufonidae: “Nunca, na história deste pais, o povo teve tanta disponibilidade e poder de compra...” Graças ao bom Deus, estava eu sentado, pois, desfaleci.
Imaginei, por estarmos perto do natal, que num ataque de sinceridade ouviria algo como “Nunca, na história deste pais, as instituições financeiras ganharam tanto dinheiro...”, pois a 58% de juros anual, o que eu vejo são estas instituições enchendo a burra de dinheiro e o povo se endividando cada dia mais até o gogó. Eu disse 58% e carros a um prazo de 72 meses. O que poderá acontecer em 72 meses, em um pais como o Brasil?
Afinal nossa moeda além de não ser estável, não é ainda aceita em lugar nenhum ao norte do Amazonas. Somente ao sul do Rio Grande do Sul. O dólar flutua e perde valor no Brasil, apenas pelo fato que o governo assim o quer. Quando ele sobe, abre as comportas e o encharca nova mente. Não sou economista, mas como qualquer criança de 4 anos pode notar o fato, eu o noto igualmente.
Isto não é terrorismo psicológico. Isto é apenas juntar dois com dois e ver que sempre dará um quatro. Vou a um exemplo recente. Aqui nos Estados Unidos, antes que a crise tomasse vulto, os cartões de crédito fizeram as pessoas se endividaram, distribuindo-os a granel, sem a menor preocupação de se garantir que as pessoas tivessem um lastro para pagar o que deviam, se necessário fosse. E isto a juros abusivos, que aqui não passam de 20% ao ano.
Carros em 72 meses a 6% ao ano e apartamentos a 30 anos, com 5% de entrada, com juros anuais de 5,5% e até financiamento em escrow accounts, das taxas de propriedade. Um paraíso. Nunca se construiu tanto no sul da Flórida.
Gente se fartou - como no Brasil de hoje - a comprar. Todos tiveram direito a sua casa própria, a seu individual automóvel e mais do que isto, a tudo aquilo que o cartão de crédito podia adquirir. E eles podiam tudo! Só esqueceram-se que nem a casa era própria, nem o carro era o seu. Todos estavam como colaterais ao banco.
A manicure de minha mulher comprou um apartamento do dobro do tamanho do meu, em meu prédio e disse: “achei melhor investir e se a situação apertar, vendo”. Esqueceu-se apenas de um detalhe. A situação quando aperta apenas para você, dá até para sair perdendo pouco. Mas no caso de uma crise mundial, aperta para todos, é aí a vaca vai para o brejo. Cessa a atividade do mercado. A oferta se torna solitária, pois, a demanda simplesmente inexiste. Ela desaparece. Se acanha. E aí o banco e as instituições financeiras exercem o seu direito e simplesmente se apossam daquilo que você um dia acreditou ser seu. Seja um apartamento, um automóvel ou mesmo uma TV a plasma.
Não existe melhoria de poder de compra, quando o crêdito está com o juros na casa dos 58%. Existe sim uma coisa chamada endividamento. Qualquer marola de cunho financeiro, se torna um tsunami em sua vida.
Hoje para a economia fluir no pais mais rico do universo, carros japoneses estão sendo oferecidos a 72 meses sem juros e sem entrada. Computadores e eletrodomésticos em 18 parcelas sem juros. E nos malls – e garanto-lhes que de Kendal a West Pall Beach existem no mínimo uma dúzia – só quem compram são latinos. Muitos dos quais que aqui aportam, pagando pacotes de viagem com juros.
Não existe milagre. Tudo tem que ser pago de uma forma ou de outra. A pessoa que se deixar atrair por estas facilidades estará correndo um risco de quebrar a cara logo na primeira esquina de uma crise, vinda de não sei lá onde.
Espero que o Brasil cresça em 2010, o que não cresceu em 2009. Contornamos a crise, mas ela está ainda forte no quintal de nossos principais clientes. E se eles não pagarem? E não obstante aplicarem uma moratória como o fizemos em diversas oportunidades. Quem paga a divida?