terça-feira, 6 de abril de 2010

QUIETO QUE NEM UM QUERO-QUERO


“Sim senhor presidente”

Todo ser pensante tem algo a ofertar. Na verdade a horda dos mesmos tem idéias próprias que nem sempre se ajustam e coadunam com  outras hordas, mas que acabam por objetivar resultados dignos de nota. Seria uma espécie de unidade pela diversidade, que já li em algum lugar, só não me lembro exatamente onde.

São fatores como estes que solidificam os alicerces de um democracia. Quando alguma coisa, seja ela um ser, uma horda ou um partido, querem pelo ato da censura ou da imposição, impor suas próprias idéias, é o que chamo o inicio do fim.

É isto que não aceito na atual gestão do PT e acredito que se tornará ainda mais crucial se por acaso, o povo brasileiro por falta de conhecimento ou mesmo simplesmente para agradar este ou aquele, decida pela dona Dilma.

Não a cito como um exemplo único, mas creio que qualquer extremista que um dia tenha feito uso de uma arma ou de uma bomba para provar seu ponto, não me serve para dirigir com equilíbrio e senso de liberdade, sequer o condomínio de um edifício. Que dirá uma nação.

Em qualquer grande empresa, aquele que a preside, nem sempre é o mais inteligente nem mesmo aquele que melhor a conheça. Tem que ser aquele que melhor sabe conviver com os egos e excentricidades de seus vice-presidentes e diretores, estes sim, os craques da bola.

Einstein falharia com qualquer empresa que dirigisse, mas seria um grande diretor de qualquer uma que quisesse ter os serviços de um gênio. O presidente Lula pode até ser enquadrado neste patamar. Desculpem, não o de gênio, mas sim entre os que sabem conviver com os egos e excentricidades de seus ministros e assessores. E talvez por isto se justifique por ter aumentado o numero de nossos ministérios para 36 ou 38.

É evidente que ele tinha em mente que para governabilidade, o retalhar de um poder teria que ser levado a efeito. Postou o Brasil como um grande boi, o desfiou e dividiu suas partes entre os partidos que o apoiavam, tentando assim como sua única alternativa a unidade pela diversidade.

Distintos credos, filosofias e crenças ideológicas, foram acondicionadas no edifício dos ministérios.  Nos tornamos uma colcha de retalhos e ao mesmo tempo uma nação pesada e cara, pois, estes ministros tem como único ponto em comum, o de, além de apoiar o governo, trazer seus familiares e respectivos apoios políticos para raspar uma beiradinha do leite derramado que esta grande bovina, chamada nação tem a distribuir a seus filhos.

Não existe mais parente de ministro que seja pobre, neste nosso amado Brasil. Nem o ministro, nem o parente, nem aqueles que o dão apoio e sustentação política, estão desprovidos de suas necessidades maiores. Das básicas, aqui nem se discute. Como no senado romano, aos que dirigem, tudo, ao povo que neles votam, o circo e algumas migalhas de pão.

O Brasil cresceu, mas engordou. É o peso da submissão do poder ao apoio que o mantém. Nunca na história deste pais, isto se tornou tão evidente. Hoje vivemos nos limites de nossas possibilidades. Ganha-se muito, mas gasta-se muito. Se a ondinha se transformar em um calhau, o barco vira e evidentemente que as forças ocultas serão novamente responsabilizadas.

A inconseqüência deste aumento de ministérios, uns até sem função especifica, apenas determina a proliferação de distintas ideologias, mas que ao peso de uma compra feita por aquele que as governa, age ficticiamente como uma unidade pela diversidade. Trata-se da turma do: “sim senhor presidente”! A maioria nem “cumpanheiro” é. Não importa. O importante é que o bolo está sendo dividido e todos tem a sua fatia.

Mas será que a mudança do “sim senhor” para um “sim senhora” vai funcionar? Será, que se eleita, Dona Dilma saberá ceder e manobrar tão distintas correntes partidárias? Será que esta senhora perderá aquele seu autoritarismo próprio, e herdará a maleabilidade de seu antecessor? Alguém nascida em berço esplêndido normalmente não consegue calçar as sandálias de um sobrevivente. E ela terá que o fazer, já que o equilíbrio desta massa distinta de ingredientes, se não bem dosada, pode solar o bolo. Pois, acreditem, não será com seus usuais meios de armas e bombas, que dirigirá uma colcha de retalhos tão complexa como a rede de mistérios desta nossa nação, que as vezes a faz perder a noção.

Somos na verdade aquilo que Duque Estrada nos rotulou em versos: Um gigante pela própria natureza. Nosso atual presidente, que notadamente não teve infância, se sentiu como Alice, no pais das maravilhas e comprou um avião maior, desembestou a viajar, coisa que mais criticava ao seu antecessor. Triplicou o número de cargos públicos, aumentou de forma desbragada o número de ministérios e até na faixa presidencial que usa, anexou adereços, como um bom cacique de escola de samba o faria.

Fico que nem um quero-quero, a pensar, pousado na cerca alheia: O presidente Lula deu a sorte de pegar um mar de almirante, enquanto outros navegam em águas turbulentas. Retalhou o bolo e tem dividido o mesmo com aqueles da turma do “sim senhor presidente”. E desta forma atingimos a unidade pela diversidade, desfilando pelas passarelas dos corredores de Brasília, com um samba de crioulo doido, cantado a viva voz e cuja primeira estrofe é: Nunca na história deste pais...”