quarta-feira, 21 de abril de 2010

ENTRE A CRUZ E A ESPADA



EM QUEM VOTAR?

Me perguntaram em quem eu vou votar. Respondo com uma linha de raciocínio, e não com uma escolha de cunho apenas pessoal.

A política não é e nunca foi, o forte do povo brasileiro, o que eu não acho de todo mal, pois, política por mais cuidadosa que seja aplicada, por mais correta que seja desenvolvida, na verdade, sempre deixa em seu caminho, aquele odor de coisa podre. Pois, de há muito deixou de ter em seu embrião, aquela antiga fleuma diplomática: graça nas maneiras e distinção nos menores atos.

Qualquer mudança de contexto – de situação a oposição – tem uma incidência significativa sobre o comportamento humano. É a perda ou o ganho do poder. E poder faz toda uma diferença. Por métodos coercitivos ou pelos chamados politicamente corretos, temos que aceitar uma ordem hierárquica, no qual se deixa ou se passa a ser o mandante da questão. Ao vencedor toda uma corte de bajulação e apoio, ao vencido o inevitável isolamento.

Soldam-se interesses, esvaecem ideologias. Para o povo, apenas a mudança de um nome.

Para quem perde o poder, o temor do imaginário. Para aquele que assume, o medo da incerteza. Vocês já tiveram a oportunidade de ler As intrigas dos Príncipes do Cardel Richelieu? Se ainda não o leram, deveriam, pois, é uma obra que demonstra como a manipulação se desenvolve em função do ganho do poder e a perda do mesmo.

Cauterizar feridas, após uma acirrada campanha eletiva, mesmo para o ganhador, é algo difícil de se conseguir. Dói e deixa marcas. A intriga, as acusações, o disse me disse, enrodilham os candidatos qual um réptil, de tal forma, que asfixiam todo aquele que tenha caráter de uma forma fria, lenta e assustadora. Logo, quanto maior o caráter, maior a dor. Para os sem caráter, é como comer pipoca.

Hoje o Brasil passa por uma fase distinta, pois, dorme em berço esplêndido, por algumas condições que o mundo financeiro nos propiciou. Declina-se o poder da diplomacia interna e emerge o fator financeiro  de uma nova burguesia de poder econômico, advinda de uma gestão que fez os ricos ganharem mais dinheiro do que em governos anteriores. Nunca os bancos ganharam tanto dinheiro. Fez parte da necessidade da governabilidade. Em momento algum de nossa história nossos industriais, fazendeiros e profissionais liberais estiveram vivendo um momento tão propicio. E mesmo os pobres nunca estiveram de barriga tão cheia. Outrossim, o que muitos não notam é que o espaço entre estas classes sociais, está ainda maior. Logo, um dia a corda vai estourar, e como sempre acontece com o lado menos forte...

A atual gestão, parece repetir o exemplo de Pedro II: abolicionista em conversa com os estrangeiros e escravocrata em conversa com os cumpanheiros”. Como escrevi, em outra oportunidade, tenta-se agradar a gregos e a troianos, e esta nunca foi a forma de se chegar a um estágio superior, pois, você a cada etapa, se está obrigado a ceder. Somatiza o poder da entrega. Sumariza a desvantagem de uma divisão de interesses. Divide-se o que deveria ser somado.

Uma idéia, um pretexto, uma ação e tudo sem um fim confessado. Sem um planejamento ditado. Rejeitando a realidade. Corporificando o imaginativo. Como Alice no Pais das maravilhas.

Estejamos preparados para uma campanha eleitoral dura, onde de um lado será defendido o continuísmo como a única chance de se manter o “status quo”,  e de outro a defesa de que com um estado mais leve, existirá ainda muita mais área para o crescimento. Em quem acreditar? Isto caberá a cada um de vocês decidir.

Nenhum dos candidatos, tem carisma. Nenhum deles tem a capacidade de persuasão verbal. Ambos representam ideologias opostas. Logo, cabe a nós descobrir quem pode melhor fazer o Brasil crescer, independentemente da linha política de cada um. Falo de dois candidatos, pois, não acredito que os dois ou três outros, percentualmente demonstrem até aqui, qualquer importância.

Provavelmente votarei em Serra, embora tenha plena certeza que é necessário mais do que um honesto administrador, para fazer este Brasil pesado e corrompido funcionar. Temos hoje um legislativo pouco confiável e um judiciário que me dá calafrios. E querendo ou não a democracia, exige que os três poderes funcionem em uma mesma direção.

E aí é que reside todo o problema...