domingo, 18 de abril de 2010

CAMALEÃO A BORDO



O HOMEM QUE TENTOU AGRADAR 
A TUDO E A TODOS

Não é fácil se agradar a gregos e a troianos, quanto mais a sulistas, nortistas, nordestinos e todas os distintos matizes, que povoam nosso território, apenas ligados pela TV Globo. Gente que fala um mesmo idioma, mas que possuem ideias e ideais diversos. Gente que vive em climas diferentes e realidades diametralmente opostas. Logo, para se agradar aos 50% + 1 necessários para chegar ao trono, muito jogo de cintura deve ser levado aos palanques. Jogo este que tanto a dona Dilma, quanto o senhor Serra não parecem ter, pois, ao nasceram não foram brindados com esta característica.

Aqui entre nós, ambos parecem estar de mal com a vida.

O presidente Lula provou ser um camaleão. Após as primeiras derrotas onde aparecia como um revolucionário, entrou na de Lulinha Paz e Amor, aparou a barba, se vestiu um pouco melhor e acabou achando o seu lugar no horizonte. Ganhou pelo cansaço, mas também pela metamorfose que sofreu, produto provavelmente dos marqueteiros que o cercavam. E quando assumiu o poder, alem do banho de loja adotou uma postura de fazer aquilo que todos queriam. Consolidou sua governabilidade, unindo-se a Deus e ao Diabo, deixou a corrupção rolar a solto e saiu em busca de seu sonho: viajar.

A urgência de desterritorializar, de conhecer outros mundos, outras civilizações, de estar longe de seu ambiente de trabalho, o fizeram o presidente que mais viajou em nossa história. Comprou um avião novinho em folha e passou a fazer aquilo que mais criticara FHC: desandou a ficar o mais tempo possível, fora de Brasília.

Viajar é uma experiência primitiva que todo ser humano tem calado em seu peito. Aquela experiência de desbravar o desconhecido, de conhecer outros povos, de se sentir a cada dia num mundo novo. Para, o ex-operário que segundo ele próprio chegou a São Paulo de caminhão, iria experimentar o avião. Um só seu, cheio de mordomias, lacaios e puxa sacos a rir constantemente de suas piadas. O viajar que é natural em qualquer ser humano, tornou-se para ele imperativo. O sonho sublime até então nunca sonhado.

Os esplendor das cortes, a bajulação da diplomacia, a troca de presentes, a liberdade de estar em solo alheio, não tão sujeito ao escrutino de seu povo, libertou dentro de si, aquele ser que nunca gostara de ser um torneiro mecânico, que não quis educar-se e nunca se preocupou a ler um livro sequer. As gafes, o tornaram subgénero da fauna politica, e ele foi tocando o seu barquinho e angariando gente a seu redor, como os bobos da corte o faziam na época das monarquias.

Evidentemente que houve o lado positivo, pois, sua gestão, seja por destino ou sorte, caiu em um momento propicio. O mundo ruía financeiramente, e o Brasil florescia. As estruturas de crescimento estavam sólidas, já que foram implantadas por seu antecessor e ele deixou que a casa fosse construída sem maiores problemas. Sua equipe cometeu pouquíssimos erros e o Brasil saiu da posição duvidosa em que se encontrava, vitima dos desgovernos Sarney e Collor, hoje seus maiores aliados.

Pois é, quem diria: Lula, Sarney e Collor juntinhos, abrigadinhos, risonhos... Justamente os dois políticos que ele, presidente Lula, mais criticou quando ainda não havia chegado onde iria querer chegar e finalmente chegou. Hoje os reverencia, os elogia. Foram os ex-presidentes que mudaram? Absolutamente. Eles continuam os mesmos, cercados de escândalos por todos os lados. Quem mudou? Foi na verdade o cidadão Luís Inácio Lula da Silva, ao se empossar como presidente da republica. Mas porque esta metamorfose? Perguntaria Freud em seu tumulo, boquiaberto com um cérebro que dificilmente conseguiria desvendar.

Luís Inácio Lula da Silva, embora se auto considerasse um filho do Brasil, estava inseguro do que esperavam dele, mesmo aqueles que designava serem seus cumpanheiros” de luta. Esteve tanto tempo ansiando por seu brinquedo, que esqueceu-se de ler as instruções de como montá-lo. Ai entrou em um dilema. Batia de frente ou “cumpunha”. Optou inteligentemente pela segunda opção, pois, em caso contrário, os militares teriam mais uma chance de assumir o governo. Esperavam apenas por um deslize de alguém, naquela época, ainda tão temido.  

O presidente Lula, desde o inicio de seu governo, procurava intensamente agradar a tudo e a todos. Queria formar alianças para poder governar. Ou melhor, para que pudesse viajar e alguém na retaguarda levasse o pais adiante. Com esta maneira de ser, acabou por perder a sua individualidade. Perdeu o senso de quem era e passou a seguir os ventos, qual uma vela içada, fossem estes ventos aqueles que fossem. "Desbussolousse..."

Hoje o vejo um tanto perdido. A escolha de dona Dilma, como sua sucessora, é um exemplo disto. Se ela perder as eleições, a culpa será exclusivamente dela. Não tem carisma e muito menos aceite popular. esta sndo imposta, como aquele que o cara gosta! Se colocasse outro, mais carismático e menos negativo aos olhos do povo, poderia igualmente perder, todavia, ai toda aquela parafernália de 73% de aceite popular em função de seu nome, desmoronaria e ele sairia do governo desprestigiado.

O que me deixa triste é que somos a imagem de quem elegemos, logo, não podemos mais ser considerados um gigante adormecido, como Osório Duque estrada assim o acreditava e sim um camaleão vivo a bordo de um avião. 


Que tal um novo hino elaborado pelo Gilberto Gil?