domingo, 4 de abril de 2010

KOBOLD, O ANÃO DE JARDIM


O anão de Jardim
Recebo um número excessivo de e-mails.
Entre os e-mails que recebo, existem cinco grandes tipos: 
os humorados, os inteligentes, os sem graça, os gratuitos e os capciosos.

Em certa data, recebi um do tipo capcioso que para mim expressa bem o tipo de antagonismo que impera hoje entre os seres ditos humanos.

Ele reflete que o mundo vive há milênios, mas que não parece querer se entender desde os tempos de Caim e Abel. Compara que a raça muçulmana deve hoje estar constituído ao redor de mais de um bilhão e duzentos milhões. O que equivale a 20% da população mundial. Enquanto no parecer desta internauta, os judeus contam com não mais 14 milhões, ou seja um percentual de 0,02% desta mesma população.

De posse destes dados demográficos, a distinta senhora demonstra que enquanto a raça muçulmana é até aqui responsável por apenas sete Nobel Prizes, a raça judia em contrapartida o é por 129. Justifica-se à sua maneira as razões desta disparidade e conclui com uma frase de Benjamin Netanyahu que se os árabes baixarem suas armas, haverá paz no mundo. Enquanto se os judeus fizerem o mesmo, não haverá Israel.

Será isto realmente verdade? Seria todo elemento de descendência árabe um terrorista em potencial? Não gosto de rotular coisas, que dirá seres humanos. Pessoas, são pessoas, não garrafas de refrigerantes

Indagada por mim, descobri que esta senhora norte-americana e moradora do estado de Kentucky, não é judia, mas republicana. E como o brasileiro não sabe o que é ganhar um Premio Nobel, sinto-me a vontade de perguntar: Alguém em sã consciência acredita que com este tipo de e-mail, poder-se-á chegar a um acordo e a uma paz definitiva? Temo que não.

O racista por covardia própria, tenta imputar a raça estrangeira todas os problemas, imperfeições e crises, que não suporta como uma falha de seu igual. Isto infelizmente é uma constância nas áreas tipicamente norte-americanas no Middle East e West. Os Estados Unidos raciocinam ainda pelas bordas. Suas duas costas, principalmente em cidades como New York, Boston, Los Angeles e São Francisco, têm a capacidade de distinguir o joio do trigo. O centro pasteuriza tudo em um só produto.

Não consigo enxergar raças superiores ou inferiores. O que há são raças com mais oportunidades e outras com menos. Não acredito que o capitalismo seja um regime mau. Ele não implica injustiça como base de sua cerne, como era apregoado pelo comunismo. Que era tão bom que não deu certo. Acho que Fidel, Chavez, Morales e a turminha dos aiatolás, não estão com nada. Arbitram o que acham certo e as pessoas tem que se adaptar a seus desígnios e alucinações. O pior é que o brasil está caminhando para esta mesma vereda. Aquela construída pelos militantes, que de antolhos, apenas acreditam naquilo que lhes é pregado e pedido a obedecer e divulgar.

O capitalismo implica em aproveitamento de oportunidades. Logo, cabe ao governo que se utiliza deste sistema a criar estes oportunidades para todos os seus habitantes. Não apenas para uma pequena gama. Não é colocando sardinha sobe a mesa que você poderá resolver os sérios problemas de educação, segurança e saneamento básico.

Ligia Fagundes Telles, têm um conto chamado o Anão de Jardim. Nela ela descreve a sensação de uma peça de pedra ornamentaria de um jardim que vê aqueles que o possuem bem como a casa e tudo aquilo que está a sua volta ser destruído. E nada pode fazer. Afinal é apenas um anão de jardim.

Na vida este fato passou a ser corriqueiro. Existem problemas e sempre é mais fácil de se acreditar que não aconteceu em seu jardim. E sim no de seu vizinho. O final de Kobold foi igual a tudo que o cercava: a picareta, e este é o final de todo habitante deste planeta se as coisas continuarem a ir, para a direção que está sendo tomada: a do enfrentamento. A do sentimento que seu voto não irá fazer a menor diferença.

Sinto muitas vezes os governos brasileiros agirem conosco nos imaginando um bando de Kobolds. Se omitem para os grandes problemas de nossa população. E são estas populações que serão dizimadas pelas picaretas.

Não sou um Kobold. Ou pelo menos acho que não sou... Escrevo quando não concordo, mesmo sem ter certeza que haja alguém que leia e pense no que está escrito. Esta é a minha maneira de posicionar-me. Preocupo-me muito mais por exemplo naquela falação em garantir o voto do analfabeto com cestas básicas e bolsas famílias do que realmente alfabetizá-lo, para que conquiste seu voto fora de uma forma debilóide congênita. Sou contra as dissensões de um grupo de sem terras, que parece ser hoje incontrolável e até manipulável, em detrimento de gente que de alguma forma cria empregos, divisas para a união e de uma hora para outra se vê privado de seu patrimônio.

Se existe terra improdutiva, que o governo tome a responsabilidade de desapropriá-las. É de uma prístina pureza se acreditar que invasões irão resolver nossos problemas de uma possível reforma agrária. Com que financiamento? Com espiritual do "padinho" padre Cícero?????????????


Outubro está aí e não podemos agir qual Kobolds e ver a casa à nossa frente, o jardim à nossa volta e nós mesmos, sermos destruídos pela picareta que nada constrói. Seja ela a réplica de uma antiga foice e martelo, sob um fundo vermelho como o sangue.

O Brasil é um pais grande, de coração grande que acolhe judeus e árabes, pretos e brancos, ricos e pobres, que lá convivem como apenas um povo. Este é o grande valor de nosso povo. De nossa índole. Nunca houve aquela ladaínha de que "Nunca na história deste pais..." Cascata. e da grossa! Sempre fomos assim, pois, assim Deus nos fez. Neste pais, todos são iguais até que se prove ao contrário. Vejam um Maracanã cheio. Não existe local no mundo com tão distintas matizes. Isto não representa conformismo submisso. Isto representa abertura de mente e amor no coração. Vá a uma praia e verá o mesmo. O que difere talvez, seja a qualidade da sunga ou do biquini.

Que possamos continuar assim e não nos transformarmos em anões de jardim...