ATRÁS DO TOCO
Como as coisas podem mudar quando se tem fibra e se sabe o que se quer. Com um minuto, já na prorrogação os Estados Unidos caminhava para uma desclassificação, sem precedentes, no momento em que não havia perdido jogo algum. O gol do Donavan, não só os classificou, como os colocou de forma inesperada, em primeiro lugar em seu grupo. A frente da tradicional Inglaterra. Uma virada de mesa, indescritível, como indescritível foi a reação por aqui. Pode ser que agora as pessoas daqui passem a admirar e a seguir o soccer.
Com dois gols mal anulados nas duas últimas partidas, parece que pelo menos a justiça foi feita. Os Estados Unidos não podiam sair tão cedo desta disputa. Não digo isto por que aqui moro. Confesso até, que torço um pouco contra com os Estados Unidos no futebol. Aquela história de se considerar o numero 1 em tudo, realmente me dá um pontinho de irritação. No futebol – ou no soccer como eles se referem – vem a minha forra, nós, brasileiros, somos o numero 1. Ou fomos um dia, antes dos eventos Parreira e Dunga... Mas, aqui entre nós eles mereceram a classificação. O time é fraco, mas a coragem e a vontade de jogar está superando as deficiências. Brindaram em seus dois últimos jogos, com embates empolgantes. A Nigéria pode ser considerada uma seleção fraca, mas o que são a Coréia do Norte eCosta do Marfim? Eles trouxeram mais beleza de jogo que o Brasil, jogando para frente. E uma coisa tem que ser dita: They never give up!
Nada os ajuda. As arbitragens por exemplo os estão atrapalhando. Vi na Globo (aquela estação televisiva que não entende a falta de educação, de classe e o mau humor do Dunga), uma repórter entrevistar pessoas em New York, perguntado coisas simples, tais como: quantos jogadores um time de soccer tem. Em quantos tempos é disputado o jogo. Qual a duração dos mesmos e outras banalidades como estas. Pasmem, ninguém acertou. A única coisa que todos reconheceram foi uma foto do Pelé.
Assim defender as cores de um pais como este, me parece difícil, pois, são poucos que se interessam pelo esporte e não muitos que o querem jogar. Mas eles estão na segunda fase e os franceses não.
Perder faz parte do jogo. Agora saber perder é uma coisa que exige educação, classe e acima de tudo caráter. Coisas que parecem que este senhor Raymond, e seus jogadores, não as têm. Mas para quem se classificou com um gol com a mão contra a Irlanda, ter feito pelo menos um gol com o pé - em 3 jogos - já parece ser lucro. Um luxo!
Acho que a Espanha se redimiu. Mostrou que não está fora do páreo. Portugal jogou com uma alegria que nunca tinha visto antes. Pareciam estar curtindo o que faziam. Meteram 7 onde nós só conseguimos marcar dois, levando 1. A Inglaterra melhorou um pouquinho. O que não era difícil, pois, nada tinham apresentado, em seus dois primeiros jogos. A Itália, é a Itália. Aos trancos e barrancos sempre avança e cresce ao final da competição. A Holanda parece um relógio. Como os brasileiros, não estão jogando bonito, mas faturando seus 3 pontinhos. E que coisa o que aconteceu a Alemanha. Estreou, meteu 4 e parecia ser o bicho papão da competição. Dois jogos depois, lutava com desesperação por sua classificação nem que fosse ser segundo de seu grupo ao alcançar um empate contra Ghana. Todavia, Ozil, para mim o jogador até aqui mais talentoso desta Copa, fez um gol magnífico e garantiu a Alemanha em primeiro de seu grupo. A Alemanha que nunca foi desclassificada na primeira ronda, prevaleceu.
Somente na sexta feira, Portugal e Brasil vão ter a oportunidade de demonstrar do que são feitos. Esperemos até láNo mais a Argentina é que parece estar na boca de todos como agora a grande favorita. Jogam com alegria. Com sorriso em seus lábios.
Outra virada de mesa. De uma hora para outra Maradona, o mais criticado, goza da atenção e do respeito de todos. Ele que no campo foi infinitamente superior a Dunga, como uma Ferrari o é em relação a um Sinca Chambord (lembram dele, o carro, não o Dunga), fora das quatro linhas sofria a critica de todos. No inicio desta competição era dois volkswagens no meio de Porches e Ferraris. Com o andar da procissão, Maradona é hoje tratado como uma BMW e Dunga age qual um Romiseta com problemas em seu motor.
E tudo produto de suas ações fora do campo, pois, ambos os times estão classificados para a segunda faze e se Deus Quiser - e o Dunga deixar - ambos na primeira colocação de seus grupos, como o deveria ser. Não sei se a Argentina está jogando mais bola que o Brasil, como todos os experts estão afirmando. Eu particularmente os equiparo neste estágio da competição. Mas de uma coisa tenho certeza: a torcida argentina está hoje confiando mais no Maradona, que a brasileira no Dunga. E isto me preocupa.