terça-feira, 22 de junho de 2010

MAIOR QUE O BRASIL

EXPERIÊNCIA

A literatura esportiva brasileira é exígua e muitas vezes nauseante. Logo não é fácil ler - e mais ainda - escrever sobre as coisas que adornam o futebol, fora de campo. Por isto,o futebol é polemico e apaixonante. Todos acham que estão certos.

Eu adoraria escrever com a sutileza de um Paulo Francis, ter a palavra exata para o momento exato de Otto Lara Resende, ou, quem sabe, a capacidade de chegar a aberração sucinta de Nelson Rodrigues. Todavia, Deus não me deu este predicados. Não posso reclamar, afinal só o fato de nosso Senhor ter me deixado descobri-los e apreciá-los, pelo menos no concernente a mim, estou eternamente agradecido. Tem gente que nunca os leu e muitos que nunca ouviram deles falar. Por isto a aceitação da atual gestão política no Brasil é de 84%. Felizmente faço parte dos 16%...

E para culminar, dos poucos que lêem, muitos não acreditam e  preferem se prevalecer da sorte ou do “palpitometro”. Preferem se manter em suas poses de Taedim Vitae a tentar descobrir porque isto ou aquilo possa ter acontecido. Nada tenho contra, muito menos a favor...

O nosso querido Dada Maravilha disse em 2004, aliás com rara propriedade, que ganhar da China era muito mais simples do que comer spaghetti. Pois, eu completaria em 2010, que ganhar da Coréia do Norte é mais simples do que se tomar água. Uns fazem de 7x0 outros de 2x1, numa Copa em que o saldo de gols tem alguma importância. E não vejo o treinador português arrogante, tratando a sua imprensa - que muito lhe critica - mal.

A falta de humildade e a arrogância são próprias daqueles sem experiência ou com resultados ainda diminutos. Ela é a maior auto defesa daqueles que ainda não se firmaram e por isto atacam, antes de serem atacados. E um conselho, atacar aqueles que o patrocinam, nunca foi uma política inteligente...

A imprensa é o maior patrocinador de um atleta profissional. Seja ele humano ou animal. A imprensa cria mitos e os destrói. E você, como desportista, só pode responder as criticas, sejam elas construtivas ou destrutivas, com resultados. Seja, no campo, na piscina ou na pista. Qualquer outra forma, é estúpida e completamente desprovida do racional.

Quando você assume o posicionamento público. Você deve respeitar aqueles que o criticam. Não digo que tenha que baixar a cabeça, ou colocar o rabinho entre as pernas. Mas deve responder a estas criticas com educação e se possível demonstrar que seus críticos estão errados com resultados. Nunca com insultos ou provocações. Mas isto requer experiência e conhecimento.

Não tenho noticia de nenhum clube treinado anteriormente pelo Dunga. Isto certamente lhe traria experiência e um aumento substancial de conhecimento humano e técnico. Diria que isto ajudou ao Felipão, que inclusive com menos tempo do que dado ao Dunga, classificou o brasil e estabeleceu uma família em torno de si. Tentar se prevalecer com o fato de no campo ter agido qual um sheriff, na atual responsabilidade que assumiu, não ajuda em nada. Ao contrario, atrapalha.

Achar que o Dunga tem um resultado positivo pelo simples fato do que de melhor tenha feito foi a classificação do Brasil, não prova nada. Classificar o Brasil para uma Copa do mundo se tornou obrigação. Afinal participamos de todas. Não faltamos a uma sequer. Logo, onde estaria o grande feito? Chegar a segunda fase igualmente nada prova. Pois, a exceção do desastre de 66 - numa participação que segundo João Avelange foi sabotada de todas as formas pela direção da FIFA - sempre lá chegamos. E diria que em outras oportunidades com muito maior facilidade e desempenho. Desta forma, me sinto no direito de afirmar, que o trabalho do dunga, ainda não foi testado em sua verdadeira extensão. Pelo menos para mim, é partir das oitavas, que veremos do que esta seleção é feita e se o Julio Batista foi a escolha certa, e não o Ronaldinho Gaúcho. Esperamos apenas que isto não precise ser provado e até lá nosso Kaká entre em sua verdadeira forma e nosso querido Julio se mantenha sentadinho no banco de reservas...

Inexperiência é tão perigoso como desonestidade, quando levada a alta responsabilidade. Vou a outro exemplo: o tal juiz de Mali, que apitava a primeira vez, errou contra os Estados Unidos. Moral da história: está basicamente fora da Copa. Outros juízes erraram, mas só ele está pagando o pato. Porque? Por que não soube administrar seu problema e contra os Estados Unidos, você errou tem que pagar. Seja a FIFA ou o Maddoff. Não importa. E o pobre coitado pagou. Os Estados Unidos em seus dois primeiros jogos se colocaram numa posição incomoda. Problemas que eles mesmo criaram. Mas conseguiram passar a posição de vitimas.

Vamos agora enfrentar Portugal sem Kaká. Expulso pela falta de malicia e experiência de um treinador, que embora arrogante e dotado de muita coragem atrás de um microfone, é incapaz de prever uma situação que estava evidente até para aquela granfina de narinas cadavéricas que ao chegar a seu primeiro Fla-Flu, perguntou: O que é a bola? E isto com um jogo já decidido, sacramentado, com seu principal atleta em frangalhos, e a menos de 20 minutos de seu termino.

Torcer, eu os repórteres da Globo e todo o Brasil estamos torcendo, estando o senhor Dunga dirigindo ou não, nosso selecionado. Quem agüentou Sebastião Lazaroni e Carlos Alberto Parreira, agüenta qualquer sofrimento. Pois para mim, como para todos os brasileiros com raríssimas exceções, o Brasil é ainda um pouco maior do que o senhor Dunga – embora por suas ações ele pareça duvidar deste fato.