domingo, 6 de junho de 2010

O PROJETO DE SE MANTER NO PODER



COM A PALAVRA O SENHOR CARLOS VEREZA

Assistindo ao bombástico depoimento de um homem literalmente da esquerda, como o artísta Carlos Vereza se insinua ser, descobrimos - até certo ponto com surpresa - que ainda existem vozes que não podem ser caladas. Vozes ouvidas, pois, são populares. do dia a dia. Daquelas que entram em sua casa, via as novelas, e se tornam familiares. Alegra-me tomar conhecimento que o grito de alerta de Regina Duarte, não foi um impar, dentro de um plurarísmo inconsequente, encenado por um governo que parece ter apenas um projeto em mente, desde que assumiu o poder: o de perpetuar-se no mesmo. E como no tempo do cardeal Richelieu, a necessidade de se manter no poder, justifica todo e qualquer ato a ser levado em diante. Seja ele licito ou ilícito.

Estou com medo, clamou a ex-namoradinha do Brasil. E ele não sabia, naquela oportunidade, ainda da missa, o terço. Pois é a coisa se transformou em uma novena e como nos papados, um ad-eternum.

Temos nossa parcela de culpa? Temos. Não votei em Lula e agora muito menos o faria. Mas como povo,  creio que mergulhamos numa atonia melancólica. A de ver as coisas acontecerem e não reagirmos da forma que deveríamos reagir. reagir de uma forma pacifica, com o poder maior de uma nação, teoricamente livre: o direito do voto.

Nunca preguei os métodos antigos que dona Dilma usou, quando era a oposição. Nunca me senti impelido a roubar um banco ou mesmo jogar bombas. Acho que as coisas podem e devem ser resolvidas pelo meio do voto. Mesmo na época da ditadura houve um racha nas esquerdas. Dividiu-se a mesma em dois grupos: um pensante e outro operante. A pensante tentava fazer as coisa mudarem de uma forma política. A operante, reagia, enfrentava com bombas, sequestros e demais delitos, que apenas aumentavam o distanciamento entre as facções.  Nunca foi com violência que as verdadeiras questões foram resolvidas. Na verdade elas foram agravadas.

Todos estes regimes, que hoje parte do PT, - a meu ver a que detém o maior poder - declama tiveram sua época e sua derrocada. O Peronismo, o Fascismo, o Nazismo, o Franquísmo, o Getulísmo, o Salazarísmo, o Comunismo e todos estes ísmos que mancharam a história de nações. Todos  sucumbiram.  Foi apenas uma qeustão de tempo. Acho que o Petismo, caminha para o mesmo abismo em um futuro a médio prazo.

No programa do Jô, corda foi dada ao Vereza e ele não se fez de rogado. Puxou-a até o seu final e colocou a boca no mundo. Pela primeira vez o brilhante Jô, muito conhecido em sua arte de interromper seus entrevistados, permaneceu calado e na escuta. E não poderia ser de outra forma. A situação e o assunto assim o exigiam. Melhor para aqueles que assistiam.

Concordo com o Vereza, os petistas, como os pedristas do tempo do moribunda monarquia, não representam a esquerda verdadeira. Aquela progressista que me parece estar mais para o Serra do que para a dona Dilma. Eles, pela maneira de agir, são até certo ponto retrógrados, salvo algumas ressalvas, pois, em todos os partidos existem as boas e as estragadas maças. Nunca fui de esquerda, muito menos de direita e uma coisa que a nunca me sujeitei, foi me colocar em cima do muro. Aliás, sempre detestei muros, fossem eles em Berlim ou no Irajá. Permaneci Flamengo e Salgueiro, desde que me dei conta das existências do futebol e do carnaval. E isto me bastou. Mas como todo cidadão que vota, acompanho a política, pois, querendo ou não é ela que impera sobre nossos destinos. Ou pelo menos o do país em que nasci e aprendi a gostar.

Acho que o presidente Lula tem muitos méritos. Não o da palavra e da escrita, mas o da obstinação e da comunicação. Outrossim, nunca o vi como estadista - como querem o pintar - e muito menos como um líder pensante de idéias próprias. Elas, as idéias bem como as ordens, chegam a ele já destilados por uma cúpula que representa, pelo menos para mim, o que é mais temido por alguém que preze a democracia; a cúpula dos revanchistas dos catastróficos donos da verdade. Das viúvas de Stalin e da queda do muro de Berlim. Dos eternos apaixonados por Fidel Castro, Che Guevara, Brancaleone e Don Quixote. Dos ferrenhos críticos que quando criticados reagem com violência e impudor. Daqueles que acreditam que se você não coaduna com o seu modo de pensar, não é um adversário ideológico, é sim um inimigo a ser eliminado. Aqueles que na ânsia da defesa de suas idéias de honestos Petistas passam a condição não tão honesta de PTralhas. Daqueles que negam o óbvio, mesmo que este óbvio seja o Mensalão, o rebanho virtual ou o dinheiro acondicionado em cuecas e meias.

Concordo também com o Vereza, que vê em nosso mais alto dignatário, um toque acentuado de megalômanismo. Como se ele, em sã consciência achasse ter mudado uma página da história do Brasil. O seu decorado, e repetido Nunca na história deste país, me lembra uma resposta que o Visconde de Ouro Preto, ora ministro da Monarquia, deu ao Marechal Deodoro quando este o destituiu do cargo dando como razão precípua, o fato do exército trabalhar sacrificando-se nos campos de batalha, muita vezes em pantanais, em prol da defesa da pátria, enquanto os políticos a delapidavam em prol de interesses pessoais. A resposta de Ouro preto foi imediata: "Não é só nos campos de batalha que se serve à pátria e por ela fazem-se sacrifícios. Estar aqui ouvindo o general neste momento não é somenos do que passar alguns dias e noites num pantanal".

Ouro Preto foi preso, e a monarquia caiu.

Ouro Preto representava na época, o lado retrógrado de uma nação que queria ir adiante, mas mantinha-se sufocada por uma monarquia moribunda. No entanto, isto não lhe tirou o mérito em responder a alguém, que se considerava a virada de página na história do Brasil e que como nosso presidente atual, usava de argumentos que não convencem a ninguém. A ninguém, que pelo menos tenha um nível um pouco superior ao do Mobral.

Parabéns Vereza, por sua coragem em dizer aquilo que pensa. Parabens Jô, por ter convidado e deixado o Vereza falar sem ser muito interrompido. Parabéns a platéia que corrompeu em aplausos. Parabéns a modernidade que nos permite ver coisas como estas, mesmo depois de acontecidas. Parabéns a vó Adelina que me ensinou, que embora em boca fechada não entre mosquito, não se pode ficar calado para sempre, quando coisas pouco normais aparecem à sua frente.

Volto a afirmar. Vejo no senhor Luis Inácio Lula da Silva um político de muitas qualidades e algumas virtudes. Com a grande capacidade de deixar, que pelo menos no setor econômico, as coisas evoluam nas mãos dos que entendem do riscado. Qualidades estas que infelizmente não consigo vislumbrar em sua herdeira ao trono. Talvez existam e eu esteja cego...