segunda-feira, 7 de junho de 2010

A BOLA NUNCA ATRAPALHOU O ROMARIO


QUEM É A BOLA ?

O Brasil é um pais complicado. Eu acho que disse isto ontem, ante ontem e creio que a três e quatro dias atrás. Pois é, volto a dizer hoje. E não estou exagerando, nem sendo repetitivo, embora repetitivo eu sempre tenha demonstrado ser. Mas esta semana teremos a abertura da Copa.

Falemos então hoje de futebol. Que na verdade no Brasil, confunde-se com a política, pois, cartola nada mais é que um político sem imunidades parlamentares. Mas fazem o que querem e ninguém os cobra absolutamente nada. E o incrível. Ganhando uma Copa, como pretendemos ganhar nos próximos 20 dias ou nos fazendo passar pelo vexame que fomos obrigados a passar há 4 anos atrás.

Creio que já suplantamos o estágio da granfina de narinas cadavéricas rodriguiana que ao chegar as cadeiras especiais do Maracanã em um dia de Fla Flu, pergunta a seu acompanhante: Quem é a bola?  Porém, juro de vez em quando, penso estarmos regredindo ao estágio comentado acima.

Vejam o que o progresso nos trás. Quando você nasce índio, mora numa floresta e vive daquilo que caça, pesca, colhe e produz, você não precisa consultar o wether channel para saber se vai chover o fazer sol. Você sente pelo ar, o que irá acontecer. A modernidade nos faz ir para a frente da televisão a invés de simplesmente abrir a janela e tentar sentir o que pode vir a acontecer.

O mesmo acontece com uma simples bola. Eu não teria receio em afirmar que 99% dos grandes jogadores brasileiros advém de comunidades pobres. Comunidades sem o dinheiro para gastar na compra de bolas oficias. Muitas vezes aprendem a jogar futebol, descalços, em campos sem grama e com bolas de borracha e até em alguns casos, com umas feitas de meias.

Ai o cara evolui, se profissionaliza, passa a ser um craque, é exportado atinge o cume de sua profissão e passa a reclamar da bola oficial da Copa. Que ela parece um Patricinha, que não quer chutada. Que ela se recusa a ir na direção em seus chutes de longa distância, quando então toma direções estranhas como se fosse fantasma. Desculpe, mas me parece excesso de frescura. Nesta eu estou com o Romário que ao ser perguntado se a bola poderia ser um problema para a seleção brasileira, sorriu e respondeu: Não sei, mas para mim a bola nunca foi um problema. Como não o foi para o Pelé, para o Garrincha, para o Zico e muito menos para o Maradona. Mas o é hoje, para alguns de nossos jogadores, que na época dos acima citados, certamente nem lustrariam os bancos de reservas das seleções que estes craques serviram. Até quando a modernidade vai fazer do homem um escravo dela?

Imaginem um jovem dos dias de hoje, entrando em uma máquina do tempo e acordando em uma época onde a internet era coisa impossível de sequer, ser concebida mesmo pelas mentes mais privilegiadas. Sem celulares, sem televisão. Imaginem se estes multimilionários jogadores brasileiros de hoje, tivessem que entrar em campo com chuteiras convencionais e terem que controlar aquilo que os antigos chamavam de o balão de couro? Seriam eles estrelas, como se acham ser, hoje? Parece que as lições de 2006 não foram ainda totalmente assimiladas, mesmo tendo Dunga tentado imprimir o seu estilo de suor e sangue, frescura zero.

Nossa seleção é media. Difícil de ser vencida, mas com pouca genialidade para vencer. Seu meio de campo destrói, mas não constrói. Como o próprio Dunga quando jogava. Ele montou este grupo à sua imagem. Curta, grossa e direta. Ou vocês acham que Dunga poderia ser titular em 70, ou mesmo naquela seleção que perdeu na Espanha, executada por uma fraca mas obreira Itália? Nem na de Felipão acredito que ele teria chance.

Coletivismo, Solidariedade e pouca criatividade são os legados deste grupo. Receita que hoje o leva a taça. Lembro sempre da definição que Nelson Rodrigues deu quando o Brasil perdeu no Maracanã para o Uruguai em 1950: O Uruguai era uma pátria, nós um time. Na Espanha a Itália era a pátria. Espero que na África do sul, seremos nós a pátria.

Na realidade não sei o que leva uma pessoa que lutou tanto, com tanta dificuldade, para conseguir chegar onde sempre sonhou, quando consegue, deita na moleza e se vê atacado de toda e qualquer frescurinha que o afeta. A bola nunca atrapalhou a Garrincha, pois, ela ia onde suas pernas tortas a mandavam. Como diria o Nelson Rodrigues a bola vem lamber a chuteira daqueles que o merecem.

Funciona de maneira distinta em relação a nossa presidência?