sábado, 5 de junho de 2010

COM UM POUCO MENOS DE CLASSE E ESTOICISMO


TODO MUNDO TEM O SEU HERÓI

Isto mesmo, todo mundo tem o seu herói. Até Vovó Adelina o tinha, era o Domingos da Guia, que jogava na mesma posição que ela: beque central.

O herói do Robin, é o Batman; do Tonto o Zorro; do caro Watson, o Shelock Holmes; do nosso presidente Lula em sua megalomania crônica são cinco, o Chavez, o Fidel, o Evo, o mahmoud, e o Dirceu, não necessáriamente nesta ordem; da dona Dilma o Lula; do José Dirceu, o general Golbery... pensando melhor, acho que por razões politicas, seja mesmo o cardeal Richelieu. O meu? São dois: Nelson Rodrigues e Paulo Francis. Ambos colunistas. Ambos mestres no que faziam e da forma como o apresentavam.

Nelson tinha na aberração sua conduta. Francis preferia a picardia. Pois é, ser colunista não é fácil e eles tiravam de letra. Colocavam, de formas distintas, os pingos nos ís. Ambos acreditavam em algo que acredito e idolatro Pois é, a coisa que mais respeito neste mundo é algo chamado História. Não a antiga estória abolida dos dicionários e sim a verdadeira História, aquela que é o passado, o curriculum, o perfil de alguém ou mesmo de uma nação. Todos nós fazemos a nossa história. Bem feita ou não ela existe, e marca o seu destino para sempre. Todavia, o que mais me faz amar a História, é que ela embora antiga, nunca perde a sua modernidade, pois, se repete.

Há 120 anos atrás, quando ainda éramos uma monarquia numa casa portuguesa, haviam os Pedristas, aqueles que queriam o III Reinado, hoje temos os Petistas, também conhecidos como Ptralhas, aqueles que querem o II Reinado. Naquela época a disputa da sucessão estava entre a filha de Pedro II, a princesa Isabel, que aboliu a escravatura para ver se conseguia se manter no poder com o apoio dos partidos liberal e republicano e do filho da já extinta sua irmã, a princesa Leopoldina, e o principe Pedro Augusto de Saxe e Coburgo, madurinho na esperança de ser coroado Pedro III. Este sim de namoro com os liberais e republicanos para que um estado de presidência monárquica, pudesse ser constituído.

Os Pedristas acreditavam poder levar Pedro Augusto ao trono como uma forma de priorizar um estado pré-republicano. Ele era também o preferido do imperador. Uma espécie de Dona Dilma. Aquele que deveria ter o seu lugar, por herança, não por critério de qualidade.

Os monaquistas - na realidade uma aliança de partidos distintos com apenas duas idéias comuns, o de manter a governabilidade do imperador e não perderem as boquinhas que igualmente naquela época existiam - ao contrário dos republicanos, apoiavam a princesa que por direito sucessório, já reinara como regente, e tinha o seu José Dirceu a seu lado, na realidade em sua cama, o esposo, o Conde d'Eu. Que nunca deu nada a ninguém, apenas tirou! Todos cegos ao fato que o processo de transformação do Brasil em republica era uma realidade inadiável. favas contadas.

Vejam um editorial da época que se ateve ao herdeiro sentimental do imperador: "...comparados os seus modos com a brutalidade do Conde D'Eu, e com o estouvamento do Principe Don Augusto, não é de toda má pessoa. Mas que, a não ser por ser neto do imperador, ele nunca deu provas que pudesse governar, pois, nem inspetor de quarteirão foi ainda, nenhuma linha política viu-se dele escrita, que denotasse ao menos conhecer o que há de ruim neste chinês império dos seus ancestrais mandarins... "

Isto era o que melhor poderia ser dito sobre ele. Não parece coisa atual? Escrito pelo Francis, se vivo fosse?

O recebimento do poder pela puro e simples sistema de herança, a inexistência de uma experiência anterior de comando, o fato de nunca ter dirigido uma prefeitura de cidade do interior sequer, por parte daquele que herda e está nos sendo empurrado pela goela abaixo pelo imperador, me fascina pela coincidência com o acontecido em 1887. Desculpem-me, mas para mim o que hoje vivemos é um xerox do que aconteceu no final do século XIX em nosso país. Graças a Deus, o povo que parecia mais esclarecido naquela época e certamente muito mais cônscio de seus deveres cívicos, apoiou a Republica. E um passo a frente veio a ser dado. Aleluia! É verdade que na época não havia a cesta básica e a bolsa família, para garantir a fidelidade para com o Império. E ele caiu que nem uma banana madura e ultrapassada.

Os Ptralhas, ou melhor os Petistas, como os Pedristas, queriam a todo custo defender seus interesses pessoais, intransferíveis mesmo ao clamor do anseio popular. Hoje com um governo surdo, uma herdeira muda, uma imprensa muitas vezes silenciada, a apatia, o sonanbolísmo, o desinteresse, parece que tomou conta de grande parte de nosso povo. Em muitos aquele sentimento, vou votar para que, parece se mostrar cada dia mais fortalecido. A parvoíce parece ditar a tônica das ações.

O exibicionismo de nosso presidente tentando passar a imagem de estadista - que nunca foi e acredito que nunca será - de homem do mundo, de voz a ser ouvida nos mais altos escalões diplomáticos, infelizmente apagou aquela imagem do menino de Garanhuns que veio a São Paulo tentar a sua sorte, se fez homem e acabou em Brasilia. O que para muitos seria o mesmo que ganhar 12 loterias seguidas, para ele, é hoje tratado como uma figura de retórica. Coisa do passado. Sem muita importância, para o que ele sonha ser possível ter pela frente.

Pena, pois o Brasil em certos pontos está bem melhor e melhoraria ainda mais se houvesse uma continuídade. Se ao invés de uma herdeira, fosse eleito um administrador. Alguém com experiência de comando e o mínimo conhecimento de gerenciamento de crises e projetos. Ou que pelo menos se lembrasse do nome do livro que terminou rapidinho de ler na noite anterior. Que falasse coisa com coisa, ao invés de decorar textos técnicos que nem sempre se encaixam nas perguntas feitas e de interesse nacional. Que ao contrário de assaltar bancos tivesse, pelo menos, gerenciado um deles.

É isto aí meus queridos e parcos leitores. Não tenho a fluência da escrita do Nelson, muito menos o requinte do texto do Francia. mas de uma coisa tenho certeza: estamos revivendo 1887. Com um pouco menos de classe e estoicismo.