O ATO DE ENGATINHAR
O cérebro é uma coisa incrível. De vez em quando algo vem a sua cabeça. Você lembra, mas não consegue achar onde realmente está. Levei algum tempo desta feita, mas finalmente achei o que me atraia voltar a ler. Estou me referindo a um escrito de Paulo Francis, onde ele dá uma conotação exata de métodos e atitudes, usando como base duas correntes religiosas. Ele assim escreveu:
“...o Deus beneditino era compreensivo, de amor e compaixão. O jesuítico reviveu traços do velho Jeová, implacável e incendiário. Os beneditinos eram caras iguais. Os jesuítas sutis manipuladores... não é segredo que tanto Dzerzhinsky, o chefe da Cheka soviética e Himmler da SS, estudaram os métodos de organização de Santo Ignácio (de Loyola)...”
Entendo bem o que ele quer dizer, pois, meu pai estudou no Colégio São Bento, dirigido por beneditinos. E a mim coube o Colégio Santo Ignácio, de gerência jesuítica. Durante 13 anos, tomei conhecimento de seus métodos.
Não sei em qual cartilha o nosso ex-ministro José Dirceu se formou. Sei apenas que ele tem um método semelhante ao do Cardeal Richelieu, bem mais sofisticado que os aqui primeiramente implantados pelo general Golbery. Existe também hoje, uma adaptação bem mais aprofundada daquele lema atribuído a um ex-governador do estado de São Paulo, o senhor Adhemar de Barros que dizia: roubo mas faço.
Este governo está embargado em escândalos financeiros, apoios políticos remunerados, mas em contrapartida ele realmente faz alguma coisa, apóia projetos sociais implantados em outras gestões, tornam-se pais dos mesmos de uma forma desonesta, outrossim, de uma maneira bem mais objetiva, conseguindo com isto angariar votos para a sua própria manutenção no poder. E evidentemente isto faz com que sua popularidade seja grande.
Nada tenho contra ou favor, muito pelo contrário nem bola dou. Esta atitude evasiva e alienada o leva ao desinteresse e muitas vezes ao voto nulo. Não vejo a ausência de voto ou o voto nulo como protestos. Os vejo como uma transferência de responsabilidade sua para os outros. Que os outros decidam o que será melhor para mim e para eles. Se não existem candidatos a altura, votemos no menos pior e depois tentemos descobrir ou formar um que nos traga aquilo que aspiramos: as melhoras de nosso pais.
O Brasil ao contrário de outras nações desenvolvidas, ainda procura por um pai. Foi assim com Getúlio é assim com o Lula. A necessidade de pensar e tomar decisões irrita a uma vasta porção de nossa população. Preferem o script já feito por alguém, a sardinha jogada sobre a mesa e a praia e o futebol do fim de semana. Nunca se esquecendo que todo ano, pelo menos por uma semana, tem carnaval. E de quatro em quatro anos, uma Copa do mundo, que de vez em quando a gente leva uma para casa. Pouquíssimas ambições.
Aqui nos Estados Unidos, não tenho muitas opções para conseguir noticias do Brasil, a não ser a Globo Internacional e a internet com as páginas eletrônicas. Não sei aquilatar em todos os detalhes a que contas andamos por ai. Sei apenas que os comentaristas que mais admiro, não parecem satisfeitos com a atual gestão e andam sentando a ripa. Os que repudio, parecem estar satisfeitos com a situação. Olho para o meu Freud, o cão não o seringueiro do cérebro alheio, e posso sentir igualmente em seus olhos. Como igualmente sei, que não se precisa ser um gênio para se notar que o José Dirceu, o PT e a Dona Dilma, tem um sonho de transformar o Brasil, num socialismo quase comunista e se possível com um só partido, o deles. Diferem neste ponto ao presidente Lula. Não parecem pessoas abertas ao diálogo e muito menos sensíveis às criticas. O que me sugere ser o inicio do fim. Quando Dilma ganhar, José Dirceu irá finalmente assumir. Um fenômeno social que chegou até o nosso futebol. Dunga me parece o maior exemplo.
Da mesma forma para crescermos como pais necessitamos de dialogo e pouca vaidade, nossa seleção deveria seguir da mesma forma, e talvez ser o exemplo, como o Felipão o fez, transformando a sua, em uma grande família.
Por incrível que possa parecer, o futebol por ser uma das maiores expressões populares, acaba se moldado dentro das características de cada pais. Ele se torna a sua cara. E como diria o Cazuza, o Brasil, mostra a tua cara! Ta na hora de fazermos isto dentro das quatro linhas de um campo de futebol hoje contra aqueles que nos descobriram e também dentro dos limites da esfera global, onde estamos devendo, pois, as ações de nossa diplomacia nos episódios das greves de fome em Cuba e do avanço nuclear do Irã, demonstraram que nesta área nem engatinhamos, estamos.
E quem engatinha, não se levanta...