terça-feira, 23 de março de 2010

UM PAPO COM HÉLIO PELLEGRINO


COMO ERA LERDO NOSSO COLOMBO

COMO ERA LERDO NOSSO COLOMBO
Fico imaginando como era monótona
 a vida nos tempos das grandes descobertas.
Sozinhos, incompreendidos, sabedores que tudo estava errado 
e que apenas eles tinham a luz para enxergar
 o que a humanidade precisava...

Hélio Pellegrino não pensava assim. O psicanalista, revolucionário e escritor acreditava que tanto a psicanálise quanto o marxismo sofriam pelos tempos afora, o assedio do reformismo. Para ele Freud foi, fora de dúvida, um dos mais altos gênios que a humanidade já produziu. No fim do século XIX, e nas primeiras décadas do século seguinte, inventou uma ciência revolucionária, um corte epistemológico com respeito a todo conhecimento anterior. Ele foi acima de qualquer coisa, um navegador prodigioso, um Cristovão Colombo da mente que, com embarcações conceituais bastante frágeis, hauridas da ciência do seu tempo, conseguiu aportarem continentes novos. Freud tendo sido um extraordinário navegador, ficou, por assim dizer, limitado pelos recursos cartográficos de sua época. Usou, para formular sua descoberta, os instrumentos epistemológicos que tinha à mão.

Ponho-me a pensar. Quão estranha era a forma como estes descobridores de continentes e dos problemas da mente humana, que tinham para conduzir suas respectivas tarefas.

Creio que Eisntein tenha sido a maior personalidade do século XX. Diria que foi a segundo maior de todos os séculos. Só suplantado por Jesus. Ambos tinham suas teorias e muitas dificuldades em prová-las. Tanto que Jesus foi crucificado aos 33 anos de idade. Einstein, quase também o foi, por volta da mesma idade querendo provar que as teorias de Isaac Newton não estavam certas.

Para a felicidade de Albert Einstein depois de 15 anos e três negativas por parte da banca selecionadora para o Premio Nobel da Paz, ele teve seu ponto provado e levou o cheque sueco. Não diria que levou, pois este foi para a sua primeira esposa, que a separar-se e levando consigo os dois filhos do casal acertou que se o físico alemão um dia ganhasse o afamado prêmio este seria dela, para a sustentação de sua família. Apostar no intelecto sempre será a melhor solução.

Assim sendo tanto Sigmund Freud quanto Albert Eintein tiveram seus probleminhas no concernente a tentar modificar conceitos pré-estabelecidos. Isto faz parte da natureza humana. Somo em grande maioria reacionários a mudanças.

Helio Pellegrino no livro que reúne a coletânea de alguns de seus trabalhos, intitulado Lucidez Embriagada, versa por distintos tópicos e demonstra um Brasil que nos anos 70 parecia imbuído em sonhos.
Um livro que deveria estar na cabeceira de muitos, pois, disseca de forma até certo ponto cruel, nossas maiores fraquezas e nossos mais recônditos pensamentos. Só não concordo muito em relação a analogia feita por Pellegrino de Freud com o Cristovão Colombo. Acho que o alemão foi muito mais esperto do que o espanhol. E certamente muito mais rápido.

Vocês imaginam que Christovão Colombo içou velas no ano de 1492 no dia 03 de Agosto e tão somente desceu ancoras no novo continente a 02 de Outubro. Cerca de setenta dias para percorrer pouco menos de 4,000 milhas marítimas. Hoje por avião, o mesmo translado leva menos de 7 horas. Isto em sua época lhe deu uma média inferior a 2,4 milhas náuticas por hora. Como uma milha náutica tem 1,852 metros, nosso querido Colombo avançou cerca de 4,4 quilômetros por hora. Menos do que uma pessoa em normal condição física, que seria capaz de fazê-lo a seis quilômetros por hora. Como era lerdo o nosso Colombo... 

Ai descobriram que queimando madeira ou carvão, as velas poderiam ser substituídas. Todavia, apenas depois que James Watson inventasse o sistema de máquinas a vapor que a navegação se tornou verdadeiramente comercial. George Stephenson desenvolveu as primeiras locomotivas e por terra o transporte igualmente modernizou-se.

Somos modernos, queimamos mais carvão, descobrimos a importância da gasolina e extraímos o óleo bruto da terra a que chamamos de petróleo. poluímos o ar e criamos fendas na terra. Não seriam estas as razões de tantos tremores de terra e tsunamis?

Não seria também hora para prestarmos mais atenção a nosso planeta? Ele é pequeno, azul e depende do sol. Será o lar de gerações futuras se algo deixarmos para elas. Algo como florestas, oceanos, geleiras e também importantes serem viventes como baleias, focas e aves. Imaginem a aridez de um mundo sem o que acabamos de citar? Vai parecer a caatinga desenhada pelo Henfil. Eta! Este era outro gênio.