quarta-feira, 3 de março de 2010

O OTIMISMO QUE NOS CEGA


E COMO EM CONTINENTE DE CEGO
QUEM TEM UM OLHO É REI...

As vezes fica difícil se fazer entender. Principalmente em texto, onde uma frase pode ter distintos entendimentos. A verdade nua e crua é que quando você escreve, você se joga num buraco negro, pois, não imagina quem possa estar lendo. Você desnuda-se ante uma plateia invisível. Você na verdade dá sua cara a tapa. Melhor ser pintor ou músico. A pressão é bem menor.

Muitas vezes este leitor invisível interpreta seus pensamentos e suas palavras de uma forma totalmente distinta. É parte da responsabilidade que vem com a profissão, principalmente porque o que está escrito, está escrito. Não tem aquela coisa própria do disse me disse. Fica o dito pelo não ouvido. Mas, como diriam os bicheiros do Rio de Janeiro vale o que está escrito.

Nem sempre...

Pois isto parece que não se verifica no caso dos bolões lotéricos. Muito azar do dono da casa lotérica. Banca e o número dá! Mas a caixa econômica já tinha avisado, vale o que está escrito no recibo que ela dá. Não em um papel elaborado pela casa - que teoricamente a deveria representar. Logo, quem arriscou sabia do problema que poderia enfrentar. Não dá para chiar. Tem que ir em cima daquele que bancou. Grana do prémio, esquece...

Pois é, este é o retrato do Brasil. Daquele Brasil que quer levar vantagem em tudo. Do malandro agulha, do batedor de carteiras, do cego que vê, do mendingo que mora em um edifício do alto Leblon, do juiz que vende sentença em troca de apartamento em Miami. De um legislativo que não dá o exemplo. De um judiciário que não se dá ao respeito. De um filho de presidente que fica rico da noite para o dia. Desculpem a franqueza, mas aquele Brasil do amanhã, que ouvi desde os tempos de calças curtas, até aqui não chegou.

E tem gente que fala em imagem no exterior. Pode até ser, porque em cartão postal, dependendo do ângulo pode se fazer uma favela parecer bonita. É que nem o Rio de Janeiro. Lindo de se ver de cima, o problema é quando se desce. Teriam estes mesmos que admiram nosso pais, igual parecer se aí fossem e acabassem sendo assaltados, mortos, ou se simplesmente acompanhassem o noticiário do dia a dia? O que para nós já parece normal ler e ouvir nos noticiários, para certos gringos é aterrorizante. Enlouquecedor. Inadmissível.

Lembro a quem possa interior, que pior do que o exarcebado pessimista é o ilusório otimista

Evidentemente que numa análise mesmo superficial, tudo parece conspirar para o nosso sucesso. Tudo menos este eterno excesso de otimísmo em acreditar que aqui fora somos respeitados e admirados. Fato até fácil de se entender pois, sempre fomos um pais considerado não sério e com uma necessidade atávica de auto afirmação. Elegemos Collor, sem saber quem ele era, apenas pelo fato dele ter uma imagem que o Brasil queria ter: de confiança, de jovialidade, de beleza, de decisão e de poder.

Por razões diametralmente opostas levamos o presidente Lula ao poder. E o que ele faz, assim que assume? Assume a imagem do Collor, evidentemente guardada as devidas proporções, pois, gosta de abrir a boca e quando faz isto, difere...

Muitos de vocês não se lembram, mais seus pais e seus avós sim. Perdemos uma Copa do mundo dentro do recém inaugurado Maracanã por este mesmo excesso de otimísmo. Por esta nossa eterna negação de ver a verdade como ela é. De cantarmos a vitória antes mesmo do inicio do jogo. Não é se perdoando dividas com dinheiro que eu, você e todos que pagam imposto de renda contribuímos, que o presidente Lula vai atingir respeito internacional. Não é adotando países e abandonando o seu próprio com a saúde, a educação, a segurança e o saneamento básico que nós é omitida, que faremos desta nação algo de que as pessoas possam se orgulhar. Não é dando preferência ao menos capacitado intelectualmente, apenas por fazer parte de uma minoria, que melhoraremos nosso quadro de profissionais,

Se vocês querem uma lista de países que possuem hoje mais respeito que o Brasil na comunidade internacional, qualquer um analista internacional é capaz de fazê-lo em segundos. E a lista é grande.

Entre os da América do sul, existe uma boa chance de estarmos na cabeça juntamente do Chile, antes que este viesse a ser destruído. Mas há de se convir que num continente, onde os Chaves, os Evos, as Kichners, os tupamaros governam, é nossa obrigação mínima, sobresaírmos. Afinal em terra de cego, quem tem um olho é rei, já dizia minha avó Adelina. Imaginem em um continente...

Outrossim, se quisermos pelo menos manter esta imagem continental é muito simples. Basta apenas fazer o dever de casa e não eleger para nosso cargo máximo, um assaltante de bancos.