quinta-feira, 18 de março de 2010

AS VESPERAS DO PANTANAL.




OUTROS AROMAS  SABORES DO RIO DE JANEIRO

Sempre que entro num avião me vejo em um mundo novo. Um mundo distinto que tem uma duração pré determinada. Horas, não dias, meses ou anos. Funciona como um pequeno vilarejo habitado por pessoas que não se conhecem,  vindas de diversas localidades, com distintos backgrounds culturais, sociais e econômicos, mas que tem algo em comum; o destino

E até este destino é passageiro, como todos o são por alguns momentos, pois ao chegar ao primeiro aeroporto para seu pouso, todos se dispersarão em diferentes direções. Uns para ficar, outros para transladarem-se para outros pontos, iniciando assim uma nova convivência e vivendo um outro mundo, por mais algumas horas. Isto me lembra um história que vou contar para vocês, numa outra hora sobre o meu percurso de vôo Santiago, Rio de Janeiro

O Rio tem muitos outros aromas sabores, a começar do taxista. Lhe dou uma nota de 50, para pagar e ele diz que não tem troco. Eu puxo uma de dez e comento ainda bem que não deu onze, pois, trocado só tenho dez. Ele sorrindo responde: aí tu ficava me devendo e sorri com aquele sorriso 1001.

Isto só acontece em lugares como o Brasil e principalmente no Rio de Janeiro. Nos estados Unidos nenhum  taxista me livraria a cara por 1 dolar se assim acontecesse. No banco uma fila imensa, coisas do Itaú. Ai eu vou na fila dos velhinhos. Aquele de 61 anos para cima. Não estou longe, pois, tenho 59 e ao ser atendido, a moça vê na minha ficha que sou de Outubro de 1950 e comenta, o senhor está na fila errada. Sem jeito peço desculpas, ao que ela sorrindo completa. Foi bom, já estava meio enjoada com o cheiro de naftalina. Isto é o rio de Janeiro da ponta do dedão ao último fio de cabelo.

Tomei meu café da manhã no Garcia Marques do Leblon, que agora abriu uma varandinha que é um charme. Tipo francesa. Daquela que a gente senta e vê o povo passar. A moça que me atenda pergunta o que eu quero, eu digo e ela continua me olhando. Pergunto o que ela precisa, e ela responde ter dinheiro para um dia comprar um óculos como este. Pode?

Quando cheguei as 7.00 da matina no hotel, sabia que só me deixariam entrar as 14.00 horas. A não ser que pagasse meia diária, para entrar antes. Ai explico para a moça que tinha viajada a noite toda noite que sentei do lado do Adriano do Flamengo e o avião todo, inclusive pilotos vinha e pedia autógrafos e fotos, e eu é que tinha que tirar as fotos.

Ela sorri me dá a chave e piscando o olho me diz, fica calado e não conta para ninguém se não, perco o meu emprego. Sabe a chance disto acontecer nos Estados unidos: ZERO

Esta irreverência, esta complacência é típica daquele que vive no Rio de Janeiro. Isto aqui não é um estado normal. É um estado de espírito. Onde o negão é chamado de negão e não dá bola. Ele pouco está se lixando se alguém vai rotulá-lo de afro-brasileiro. Se o fizer, aí sim ele acha que é xingamento. Da mesma forma que a prostituta tem orgasmo no pleno ato de seu trabalho.

Vou para o Pantanal amanhã. Fico seis dias fora do ar. Mas deixo nestes dias algumas crônicas  antigas que escrevi logo que este foi ao ar em Agosto de 2009. Muitos de vocês não leram. Espero que gostem.

Prometi aos mais chegados que vou tomar cuidado com a piranhas do rio, estou falando dos peixinhos, não dos peixões da orla marítima do Rio de Janeiro, que funcionam com taxímetro. Não vou comer Pacu, porque acho o nome pouco sugestivo. Já me armei com dois Nolls e um Nuno Ramos. E seja o que Deus quiser. Vocês imaginam um cara criado a vida inteira na park Avenue em New York, acampando a primeira vez aos 59. Pois, é sou eu pescando.

Esperando que a dona Dilma não seja eleita até eu voltar, peço a todos que não fiquem muito felizes com minha ausência, pois, sei que vou voltar.