DO IAPOQUE AO CHUI
Existe aqui o tal do Superball.
Uma finalzinha mixuruca que a turma daqui acredita ser de importância transcendental. Mais até que a final de uma Copa do Mundo, daquele que é o verdadeiro futebol. O que se joga com o pé (foot) e não com as mãos. Que por estas paragens eles inventaram chamar soccer.
Imaginem um esporte difundido por milhões, praticado em todos os continentes e regido por um órgão chamado FIFA, ter que se sujeitar a ser chamado de soccer. E eles comentam sobre o mesmo com o cinismo próprio dos grandes impérios. Regado a escárnio, desdém e pouco respeito. Afinal neste esporte são uns pernas de pau e se h]a uma coisa, que os norte-americanos não aceira e tomarem conhecimento de sua inferioridade em qualquer coisa.
Eles, desde pequenos que são doutrinados com o number 1. Se ganham um jogo de purrinha imediatamente o vencedor brada de pleno pulmões number 1. Nunca aceitaram perder e muito menos serem inferiores. Logo, o soccer para eles é algo que incomoda. Toda a sua seleção é formada de naturalizados ou filhos de naturalizados. E olha que aqui é esporte de elite.
Pois é, o norte-americano é um espécime engraçado. Só olha para o seu umbigo e acredita que o mundo vai da fronteira do México a do Canadá. E se acham donos da verdade. Vocês pensam que estou exagerando? Então vejam todos estas pequenas minúcia: Primeiramente pelo simples fato de se auto intitularem americanos. Porra! Americano não é um denominação que apenas a eles é concernente. Americano é todo aquele que habita as Américas, que até que provem ao contrario, são ainda três: a nossa do sul, a deles do norte e a de ninguém, a central.
Logo, eles são americanos do norte. Segundo que eles acreditam que quem não fala inglês é ignorante. E se fala com sotaque, semi alfabetizado. Imaginem eles, que só falam mal e porcamente um idioma. Terceiro que eles acreditam, que o baseball e o football, são world series (series mundiais), quando na verdade o primeiro é disputado apenas em uma meia dúzia de países (Cuba e Japão são os principais deles) e o segundo, que praticamente só é jogado por aqui. Como podem então se intitularem campeões mundiais. Ta na cara que pensam ser seu território, o mundo.
Para eles que acreditam que aquela festinha de São João mambembe em New Orleans, o mardigras, pode ser chamado de carnaval, há de se entender que eles possam acreditar que o superball seja realmente algo de importância mundial. E a cidade que recebe o jogo sofre. Pois, americano acha que se divertir é sinônimo de ficar bêbado e apagar no paralelepipido.
Miami foi novamente a cidade escolhida. Há poucos anos tinha sido também. Assim sendo, foi transformada no inferno nestes três últimos dias. Inferno de malandro agulha. De babacas. Desta feita foi invadida pela turma de New Orleans, que torce pelos Saints, que de santos não tem nada.
Na quinta-feira fui a South Beach e levei duas horas para chegar ao restaurante em que tinha reserva, uma hora e meia antes. A horda de bebuns se esparramava pelas estreitas ruas ao longo do mar. Não pensei duas vezes. Peguei um avião cedinho para Washington, onde tinha de há muito que visitar um cliente, mas me esqueci de conferir o weather channel. Moral da história, presenciei a maior nevasca dos últimos 100 anos na capital norte-americana. Não se enxergava um palmo sequer a frente de seu nariz. A sorte é que o cliente mora em Georgetown e lá eu me hospedei. Assim sendo pude caminhar até a sua casa.
Sábado pela manhã, saltei fora e fui para New York, que estava frio para burro, mas livre da neve. E em New York eu sei me virar. Tenho conhecimento onde o vento o pega desprevenido e os lugares onde você pode se abrigar.
Café da manhã no E.A.T ali na Madison, entre 80 e 81. Fim de noite no J. J. Melon na terceira na altura das 70. E muito museu e Bloomingdales, onde o aquecimento é bom e tem como se passar o tempo. O problema de New York a esta época do ano é a esquina. Você não pode parar nela para atravessar. Tem que ziguezaguear e torcer para pegar os sinais abertos para os pedestres. Parou, sambou. O vento o tritura.
Andei conversando com uns amigos de Wall Street. GENTE GRAUDA, QUE SÓ TRABALHA COM SETE DÍGITOS. Pouco conhecem do presidente Lula e nunca ouviram falar da ministra Dilma. Acham o Brasil um bom investimento, mas pensam que para se divertir é melhor. A China e a Índia são um saco, outrossim, mais confiáveis.
E no Brasil vende-se a imagem que o nosso presidente é respeitado nos quatro cantos do mundo. Talvez de nosso mundo, do Oiapoque ao Chuí.