quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

À IMAGEM DO PT





AO DEUS DARÁ

Realmente a incidência de fatos que não coincidem é infinitamente superior a aqueles que coincidem. Quanto a isto, não há o que discutir. Outrossim, as séries históricas são montadas a partir de um universo pré determinado de pesquisa e sobre as surpreendentes coincidências de um determinado fato. Quando este percentuais de coincidências se torna significativo, você tem subsídios para defender a sua tese.

Tem gente que não acredita que um raio não possa cair em um mesmo lugar, outros que duvidam em percentuais, abaixo dos 50%, pois, o consideram minorias, todavia existem outros como eu, que se extasiam quando um fato torna a se repetir.

Sempre tive como tese que quando algo acontece uma vez pode ser sorte, duas coincidência, porém três ou mais, isto já o releva ao patamar estatístico. O sortilégio desta introdução tem na verdade uma razão de ser. Vou lembrar aqui de uma frase que uma vez li do grande Fernando Sabino: “Reconhecendo a pertinência com que hoje em dia se descobrem componentes psíquicos em qualquer manifestação patológica, percebo maravilhado, que já estou respirando, à simples evocação deste caso”. Que caso, perguntariam vocês, já tomados pela sonolência deste texto?  Ao que respondo, entre dois bocejos: a situação do governo de Brasília.

Hoje acabam de empossar um terceiro governador para a capital brasileira, em um período de apenas 12 dias. O cara já foi tudo. Um dos mais ecléticos currículos que já tive o ensejo de tomar conhecimento. E porque? Porque todos parecem preocupados com uma possível intervenção governamental. Vejam o que o Arruda arrumou.

Pois é, acredito que o governo de Brasília, esteja bem pertinho do governo federal. O que não entendo é porque se levou tanto tempo para que uma decisão fosse finalmente tomada. Na realidade, foi preciso a OAB se mexer, para que o senhor Arruda levantasse seu pesado busanfã de sua cadeira e fosse levado para o lugar que lhe era de direito. Não foi o governo, muito menos a policia federal que desencadeou o processo de sua queda. E eu me pergunto porque?

Será que temos governo ou desgoverno? Será que os responsáveis pela atual gestão não tinham conhecimento do que estava acontecendo? Não acreditaram nos vídeos? Não leram as declarações nos jornais? Ou sabiam e achavam que não deviam se meter, pois, em mar de lama, qualquer ondinha o faz engolir aquilo que não quer.

Miguel Cervantes escreveu uma vez: yo no creo en brujerías ni en tropelias de Satanás, pero que las hay, las hay...” Faço, minhas palavras. Para mim há muito caroço neste angu.

Porque de minha quase sacrílega indignação? Diria que existe um limite para tudo e a atual gestão excedeu-o com o cinismo próprio daqueles que acreditam em suas respectivas impunidades.

Sei que engolir sapos é uma das atividades mais exercidas por parte da população brasileira. Diria, sem estar melindroso em cometer uma leviandade, que por grande parte da classe política e penso que sem sombra de dúvida, pela totalidade daqueles que desfrutam hoje das benesses do Palácio do Planalto. O importante é não perder a boquinha...

Somos um pais em que os presidentes do senado, ou empregam toda a família, ou colecionam bois virtuais nas barbas do Planalto que a tudo assiste e a tudo se omite. Somos um pais que o filho do presidente passa de auxiliar de gerente de um zoológico a magnata financista, num piscar de olhos. Somos um pais em que a inflação aumenta e o dólar cai. Um dólar mantido pelo governo baixo que faz com que divisas se escoem e nossa produção não tenha um preço competitivo no mercado exterior. Somos um  pais que temos mais ministros que ministrados. Somos um pais que distribui sardinhas mas se recusa a dar as varas de pescar. Somos um pais de ínfimo saneamento básico, de pobre educação e sem nenhuma segurança. Somos um pais que dá o direito que movimentos invadam terras produtivas. Somos um pais que apóia governos execrados pelo resto da humanidade, como os de Fidel, Chávez e do Iran, onde não existem liberdades, mas bons negocinhos. Enfim, somos um pais que a cada dia mais está tomando a forma do PT. Uma imagem pequena, descaracterizada, inútil e sem valor algum. Uma nau sem dono, que navega ao Deus dará.

Mas até quando este Deus dará?