quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

O BLOCO DA IMPUNIDADE PARLAMENTAR


O CARNAVAL DE NOSSAS VIDAS

Estamos oficialmente há um dia do carnaval. Eu disse oficialmente, pois, oficiosamente ele já está comendo solto por várias cidades do Brasil há vários dias. É bloco para todo lado. Em Brasília, mais precisamente no Planalto, nossos congressistas já colocaram o estandarte no ar há mais de sete anos e o bloco da impunidade parlamentar desfila subsidiados pelos mensalões, e sobre o patrocínio de um governo que não vê, não escuta e muito menos fala.

Outro grande desfile está sendo programado. É um carnaval a parte estabelecido por nosso presidente para eleger sua Rainha. Tem data marcada, será em Novembro e até lá muito desfile vai rolar nas passarelas televisivas do horário eleitoral. A Rainha das escolas de samba de Brasília já colocou sua peruca, retocou sua excessiva maquiagem e de botox em campo vai tentar convencer a nós brasileiros, que é o que pregam ela ser, por direito. Acredite, portanto quem quiser. Trata-se de uma grande escola que tem até presidente de honra, o sobrenatural arcanjo Arruda.

E toma tamborim, bumbo  e cuíca. A turma do dinheiro da cueca e nas meias, tem como responsabilidade a segurança do bloco do planalto. Desfilam, armam, desarmam, enfim, apronto do bom e do melhor e quando chegar quarta feira de cinzas, apelam para a Bíblia para a remissão de seus pecados.

Na verdade meus amigos, o Brasil sempre foi um carnaval. De 15 anos para cá, deixamos de ser um circo e passamos ao estágio carnavalesco, com mais organização, mais luxo e como nas escolas de samba, sempre andando para frente. Mas temos um tempo de desfile que não pode se esgotar. Apelo menos acertamos o passo na direção certa com duas gestões que no teor econômico se ajustaram de forma seqüencial. Nossa comissão de frente, principalmente na segunda gestão teve que ser várias vezes substituída por impropriedades administrativas. Mas não se preocupem. Estão todos por ai, trabalhando na surdina, para o enriquecimento próprio. Pois, em termos de seriedade administrativa, ainda preferem a passarela de um sambódromo para deixar a coisa rolar, nunca pelas raias naturais de um tribunal, já que aqui na terra do carnaval, do futebol e do café – e porque não dizer do Pelé – reza sempre pela mesma cartilha do Palácio do Planalto. A do chipanzé: não vi, não ouvi, não li.

A pantomina circense de outrora diminuiu, disto na existe mais o menor resquício de dúvida. Mas não acabou, pois, no Brasil tudo é eterno. Não o eterno enquanto durar, como apregoava o mestre Vinicius sobre o amor. No Brasil o eterno da corrupção política é eterno de verdade. No duro. Aquele que é para sempre.

Mas o que interessa é que os dias que vem por ai, são de alegria popular. Representam a alma de um povo feliz, que aceita desaforo, mas não guarda mágoa. De um povo que sobreviveu a duas ditadutars, a governos cafés com leito e outros espúrios. Sobrevivemos ao Sarney como presidente, que é um feito digno do livro dos recordes. Conseguimos agüentar o Jánio e o Collor, mas por eles terem saído antes da hora, estes dois recordes não podem ser computados de uma forma oficial.

Somos a terra das calmarias, desde os tempos de Cabral. Nosso descobrimento – que os portugueses vendem até hoje, como um caso do acaso – foi uma festa. Tinha até índio para nos receber. Mas o importante é que tudo se extravasa no sambódromo, com a devida vênia do Rio de Janeiro, pois, Escola de Samba em São Paulo, é ainda um xarope.

Em um dia o pobre se torna príncipe, rei dos mares, senhores das coisas. Vale mais do que bolsa família e cesta básica, e bota para quebrar na avenida. São os seus 90 minutos de glória que se dissipam, tão logo ele deixa a praça da apoteose e passa a trilhar a realidade de sua vida.

Custamos o nosso carnaval. É a nossa festa popular. É a representação de nossa alma e o sentido de nossos anseios. É o dia que os dragões de nossa independência desfilam na passarela de nossas vidas. E igualmente a forma de alguns menos afortunados, definitivamente esquecer por quatro ou cinco dias, a realidade de suas existências.