Anomalia sentimental
Qualquer opção no momento me parece melhor que dona Dilma. Acho que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso está certo quando não usou de meias palavras e colocou os pingos nos is. Pois, já é hora de alguém se levantar e deixar de lado esta diplomacia política idiota e lembrar que o destino de nosso pais não pode se valer de um gosto meramente pessoal do atual presidente. Não podemos ainda nos dar ao luxo de termos um elefante branco sentado sobre nosso país.
“O governo atual tem um líder. O meu (governo) teve um líder. O (José) Serra é um líder de São Paulo. Infelizmente pela história da ministra Dilma, ela não teve esta oportunidade. Simplesmente estou dizendo que para mim, Serra é competente, é um líder e inspira confiança. A outra (a ministra Dilma) ainda não”.
Dona Dilma, tendo-se muita, mas muito boa vontade mesmo, pode ser considerada quando muito um reflexo embaçado de um líder populista. Um elemento sem liderança, sem comando, pré fabricado por uma máquina eleitoral e erigido por um gosto meramente pessoal. Aliás para quem gosta de Chavez, de Morales de Fidel e do presidente do Iran, entende-se este exagerado gosto pela dona Dilma. Me respondam sinceramente: se você tivesse que defender seu território contra o inimigo escalaria para chefiar seu exército um general com experiência de comando, ou um que nunca comandou nada, mas é seu amigo particular por rezar por sua cartilha?
Logo, temos que analisar uma a uma das opções, para saber em quem votar. Em um artigo escrito pelo jornalista Fernando Barros da Silva da Folha de São Paulo, é traçado um leve perfil da candidata Marina Silva (os Silvas estão com tudo), uma ex-ministra, ex-PT que acordou e deu o fora, mudando para o PV. O partido verde.
O que mais me chama a atenção para o paralelo de vida entre ela e o presidente Lula, é que embora ambos venham de origem humilde, ela estudou, cursou universidade e se formou. Enquanto o presidente Lula, preferiu contornar a educação e ir direto ao trabalho. Talvez por isto, nosso presidente erre tanto em tudo relativo a educação. Do limite de cotas étnicos para as chamadas minorias, às verbas de incentivo à educação.
O problema é que a educação faz as pessoas evoluírem, pensarem e um dia decidirem por si próprias. Quando pensam e decidem, nem sempre são mantidas cativas à currais eleitorais. Logo, não parece ser um bom negócio para o atual presidente nem para o partido do qual - eu diria ele ser dono - que exista esta evolução. É mais lucrativo para eles, os eleitores se manterem escravos das cestas básicas e das bolsas famílias.
Mas vamos ao artigo citado, que me parece pertinente dentro do estado de atual vigência eleitoral.
FERNANDO DE BARROS E SILVA
FOLHA DE SÃO PAULO –
5 DE FEVEREIRO 2010
SÃO PAULO
O programa do PV, exibido ontem à noite em rede nacional de TV, marcou à estréia de Marina Silva como candidata à Presidência. O grande público pôde vê-la pela primeira vez neste ano. Ao final de 10 minutos, fica-se com a sensação de que o PT teria com o que se preocupar se as condições da disputa não fossem tão desiguais.
O que fez o PV? Um programa em grande parte dedicado à importância estratégica da educação. Mas associou a defesa dessa bandeira à biografia da sua candidata, de tal forma que as coisas se confundissem num enredo comum. Marina aparece na tela como a melhor personagem da sua mensagem.
A identificação e o contraponto com Lula não poderiam ser mais cristalinos. Nascida no interior do Acre, negra, pobre, analfabeta até os 16 anos, Marina também é uma legitima "filha do Brasil".
Mas, contra todas as adversidades, depois de ter sido humilhada pela professora diante dos colegas no primeiro dia de aula, reuniu forças para se alfabetizar: "A minha vontade de aprender era tamanha que em 15 dias eu já estava alfabetizada". Concluiu o supletivo, passou no vestibular, cursou história e se especializou em psíco pedagogia.
"Tudo o que aconteceu na minha vida foi graças à oportunidade que tive de estudar, ainda que tardiamente", diz, orgulhosa. É como se dissesse: Lula nos trouxe até aqui, para dar o próximo passo é preciso estudar -apresentando-se, ela própria, como o espelho do futuro.
Merece atenção a referência elogiosa que Marina faz a Lula e a FHC, de maneira equânime. Ao mesmo tempo em que se coloca como herdeira dos dois, ela vocaliza a ideia de que representa uma ruptura. Sem se definir, o programa oscila habilmente entre mensagens de continuidade e mudança, evolução e revolução, passado e futuro.
Ouvimos de Marina expressões como "virada histórica", "grande transformação", "nova consciência" e "utopia". Mas ninguém precisa ter medo. A fala mansa está ali para nos sugerir que ela é só um Lula que estudou até o fim, direitinho.