E DEU NO QUE DEU
Luiz Lobo, uma vez disse que “um clube pode sobreviver sem vitórias, nunca sem ídolos”. Frase curta, direta e que diz simplesmente tudo. Pois, extrapolada à um maior dimensão - de seleções nacionais - fica ainda mais evidente. Torna-se um elefante visto em um binóculo. Vejam como isto é verdade. Dunga, já sem emprego, foi ignorado em sua volta. Maradona ao contrário ovacionado e pode até não perder o emprego. Qual a diferença, já que de treinamento os dois provaram não entender patavina? Maradona foi um ídolo, Dunga não. Nunca se contesta uma real liderança. Muito menos a modernidade.
Se Maradona fica e Dunga sai, estaremos muito bem por aqui em termos de futebol, pois, não existe nada pior que o primeiro e creio que tudo é melhor que o segundo. Estaremos, a curto prazo melhores, acreditem. Está na cara que as carpideiras de Dunga, vão defendê-lo, enumerando os êxitos numéricos conseguidos, à frente de nosso selecionado. Isto é típico do brasileiro, um povo piedoso, que parece ser suceptível a qualquer desaforo. Até o da dona Dilma. É aí então que pergunto: Onde chegamos nas duas mais importantes competições que disputamos em sua era - a do Dunga, não da dona Dilma - as Olimpíadas e a Copa do Mundo? A exatamente lugar algum!
O que nos faltou nesta Copa? Eu diria que várias coisas. Outrossim, a principal, que chega a irritar os olhos daqueles que querem prestar a devida atenção, foi a total falta de comando. Quando nos vimos pela primeira vez sujeitos a uma adversidade, amarelamos. E eu disse sujeito, pois, nem adversa era ainda a situação. Tínhamos apenas cedido ao empate. Ela ficou adversa apenas depois, quando aquele anãozinho careca fez um gol de cabeça, dentro de nossa pequena área. Aliás, não estamos dando sorte nas Copas com os carecas... Zidane, Roberto Carlos, Sneijder... aí o Felipe Melo (um quase careca) demonstrou do que era feito. Ou melhor do que não era feito, pois, não satisfeito depois de um gol contra e da falta de marcação a Sneijder - vejam que era ela o mais próximo ao atacante holandês naquele batida de corner -, simplesmente agrediu a um companheiro de profissão caído e sem defesa. E foi ai então, que a vaca foi definitivamente para o brejo. O pior é que negou o fato, horas depois em entrevista, não entendendo sequer porque fora expulso.
Não sou criança, mas longe de pertencer a pré-história. Me lembro de uma imagem que vi em um filme, do selecionado Brasil levando um gol em uma final da Copa. Naquele momento perdíamos de 1x0 e ainda carregávamos aquele trauma de 1950 e a perda da Copa para o Uruguai em pleno Maracanã. A cena foi a seguinte: o Didi indo no fundo de nossas redes, buscar a bola e trazendo-a em seus braços de volta ao meio de campo. E ele não o fez espavorido como um búfalo selvagem atrás de sua “bufula” no cio, mas renitente. O fez vagarosamente. Para que todo mundo tomasse conhecimento que ali estava um líder. E que aquela seleção não estava batida, apenas em momentânea desvantagem. Moral da história, ganhamos a Copa de goleada.
Quem fez isto nesta sexta feira passada? Ninguém. As imagens particulares da Globo, mostraram um Lucio batido, andando para a frente sem se preocupar com a bola ou mesmo com seus companheiros. Era ali que o grande capitão tinha que chamar seus colegas de time a seus brios. Infelizmente não o fez. Enquanto isto, Dunga limitava-se a espancar a haste de cobertura do banco de reservas. Logo, não houve comando. Não havia escapatória, pois, não tínhamos um líder.
Hoje vemos o que acontece. A tecnologia assim o permite. Não precisamos de alguém nos contar. Alguém como Raul Londras, Oduvaldo Cozzi, Luiz Mendes, Ari Barroso, ou mesmo Gagliano Neto, que não viu penalty de Domingos da Guia, sobre o italiano Piola, nas semi finais da Copa de 1938. Como não existem filmes sobre o lance e esta era a primeira transmissão de uma Copa que recebíamos via rádio, sempre acharemos que fomos roubados. Pelo menos era o que meu pai, e sua mãe - vó Adelina - assim o achavam.
Desde que a primeira transmissão oficial radiofônica se deu no Brasil, em 7 de setembro de 1922, com a antena transmissora colocada, onde hoje descansa a imagem do cristo Redentor, que passamos a estar ligados ao mundo. Veio a televisão. O vídeo-tape. A câmera lenta. As lentes de alto definição. O posicionamento múltiplo das câmeras. Logo, nada, ou quase nada, passa mais a desapercebido a aqueles isentos de segundas intenções. Exageraria, ou mesmo aos cegos. O lance é límpido a seus olhos e repetido em diversas oportunidades e em diversos ângulos. Não vê, quem não assim o quiser. Logo, a Inglaterra fez o gol e foi garfada. O Tevez estava impedido e isto derrubou toda a estrutura defensiva de seu adversário. O Brasil teve contra si, pelo menos três penaltys não marcados. Verdades estas que estarão marcadas para todo o sempre apontando aqueles que erraram ao não apitar o que devia ser apitado. Mas que não poderão ser revertidas, devido a um atraso mental da dirigência da FIFA. Uma verdadeira falta de comando inteligente, moderno, atual. Mas creio que até isto tem seus dias contados. O último a desafiar a importância e supremacia de uma tecnologia foi a cavalaria polonesa, contra os panzers nazistas em 1939. E agora o Maradona, com conversa fiada. E deu no que deu...
Nossa derrota era apenas uma questão de tempo. A falta de comando era notória, mas precisou-se da adversidade para que isto ficasse provado. E agora temos quatro anos, para juntar os pedaços e tentar resgatar aquilo que Parreira e Dunga, roubaram de nós. A liberdade de nosso jogo, a alegria de nossa maneira de jogar.
Felipão neles! Pois, perder outra no Maracanã poderá ser o nosso fim.