sábado, 24 de julho de 2010

A NAÇÃO QUE CONVIVE COM AS MAIORES DESIGUALDADES


IRRELEVANTE. PENSO QUE NÃO!

Temos uma inexorável capacidade de perdoar ao ausente. Está em nossa índole. Pois é, Jorge Amado, o grande escritor baiano explicou isto, logo no inicio de uma de suas grandes obras, a intitulada A morte e a morte de Quincas Berro d’Água: “Quando um homem morre, ele se reintegra em sua respeitabilidade a mais autêntica, mesmo tendo cometido loucuras em sua vida. A morte apaga, com sua mão de ausência, as manchas do passado e a memória do morto fulge como diamante”.

Porque assim o acontece? Talvez pelo respeito que tenhamos para com ela, a morte, o único fator que não podemos modificar em nossas vidas.

Outrossim, vejo no Brasil, que a morte passou a ser uma coisa corriqueira. Perdeu-se o respeito para com a sua dor. Parece que esta dor, esta angustia, este vazio, foram substituídos pela resignação à sua inevitabilidade. A gente não se assusta mais ao pegar o jornal e tomar conhecimento de tudo que acontece a nossa volta. Contanto, que não nos afete diretamente, não venha a acontecer em nosso quintal, passa a ser apenas a noticia e algumas palavras e imagens em algo que você não pode tocar. Ou melhor, não quer tocar. Existe, mas não o afeta. Não entendo esta passividade para com o infortúnio. Um infortúnio que se avoluma e que um dia pode, igualmente o afetar.

Temos um governo que acha que as coisas estão indo no caminho certo, como se educação, saneamento básico e segurança fossem coisas supérfluas. O importante é o PIB ou quem sabe nossa ascensão dentro do quadro econômico mundial. Creio que isto nos faz voltar ao sistema feudal. Onde uns ganham muito e outros vivem de esmolas. O famoso cala boca!
Mas a verdade não consegue se manter coberta para todo o sempre. Existem pesquisas que não podem ser simplesmente manipuladas ou pressionadas em alguma direção. Como as internacionais e nesta última, somos colocados na posição líder como nação que convive com as maiores desigualdades.

Um dia um grupo de caras pintadas foi a rua e acelerou a renuncia de um presidente. Em uma outra época um grupo de senhoras saiu em procissão e criou a possibilidade que um outro presidente viesse a ser destituído de seu cargo. Porque as pessoas não se unem mais, para dar um basta nesta seção perene de violência que impera em todas as brandes cidades de nosso pais?

Irrelevante? Penso que não.