CARTA DE VÓ ADELINA AO PRESIDENTE LULA
Caro Presidente,
Desculpe a ousadia, porém, volto a lhe escrever, temerosa do que li sobre seu recente discurso na Espanha e dos conselhos daquele outro barbadinho que o acompanha seu chanceller, o tal do Amorim. Simpático, mas não muito sagaz em minha humilde opinião de dona de casa e ex-beque central da turma da estação da Leopoldina.
O senhor sabe que o prezo e respeito não só pela posição que ocupa, mas por um dia ter sido pobre e hoje ser rico. Mas confesso que quando li no blog de meu netinho, que é bastante cotado aqui em cima diga-se de passagem - o blog, não propriamente ele - que o senhor disse que a negociação não podia estar em apenas uma mão, eram necessárias outras. Lembro-lhe que algum mal intencionado possa exigir que esta mão para ter direito de interagir (aprendi com meu netinho, esta palavra que não é do meu tempo) tenha o número completo de dedos. Ai presidente, ficaremos em uma posição ainda mais ridícula, perante a comunidade internacional. O senhor não acha?
Mas o que me mais me chocou na realidade, foi seu chanceler, que diga-se de passagem, parece ser uma pessoa hilária, aconselhar a um dignatário de outra nação o que esta deva fazer: Não acho positivo ficar fazendo ameaças. Acho que também, se o Iran for inteligente (ele parece ter bastantes dúvidas sobre esta possibilidade), não dará bola para isto e continuará fazendo o que TEM que fazer.
Agora o Brasil diz ao senhor mahmoud o que TEM fazer. O que deixa claro que o nosso chanceler acha que o que o Iran está fazendo é certo e deverá ser continuado. Durma-se com um barulho destes...
Quero ressaltar, que o TEM em maiúsculo e o mahamoud com letra minúscula, são meus. Desculpe-me a ousadia. Outrossim, confesso que não resisti, ante a prepotência do conselho de seu chanceler e a pouca respeitabilidade que nutro para com o dirigente do Iran. Eu, e creio que 90% da humanidade, o senhor não concorda?
Outro fato que me deixou surpresa, foi o do senhor achar que com este tratado assinado entre o Iran, a Turquia e o Brasil, o resto da humanidade acreditaria estar saindo da estaca zero. Senhor presidente, ninguém no mundo pensante acreditou neste fato. Nunca se saiu da estaca zero. Ali ainda estamos estagnados e não é de hoje. Logo, escute alguém que viveu um pouco menos que o dobro de sua existência: aconselho ao senhor a não afirmar que voltaremos a estaca zero, já que de lá nunca foi sequer aventada a possibilidade de sair, sem sanções punitivas. Como lhe disse na carta anterior, o senhor apenas ajudou na aceleração do processo. Sei que não deve ter sido sua intenção, pois, o senhor mahmoud faz parte do seu seleto circulo de amizades. Mas aconteceu, o que se pode fazer. Meu netinho lhe avisou, que o Obama era um gozador.
Presidente, volta para a casa. O senhor já passeou muito. Mais do que qualquer presidente de nossa história política. Nos poupe mais situações vexatórias como estas. Esta história que a turma do PTralhas inventa e vende por ai do senhor ser globalizado é mentira. Querem apenas adular seu ego e o fazer se sentir internacional. Confesso que o PTralhas, não é meu. Tirei de um comentário de um leitor do blog do meu netinho. Adorei, e a turma daqui mais ainda.
O senhor já saiu na capa do Times. O senhor, o Hitler, o Idi Amim Dada, o George W. Bush e até a Sarah Palim em mais de uma oportunidade. Sei que o cheque sueco do Prêmio Nobel é apetitoso, mas tem que ser conseguido de uma outra forma. Por que o senhor não tenta o de literatura, pode ser mais fácil que o da Paz? Indica o Sarney, para a gente se orgulhar de ter pelo menos um Premio Nobel em nossa história. O cheque vocês podem até dividir.
O senhor com seu apoio a Fidel, e taxando seus dissidentes de bandidos, perdeu boa parte da chance de ser presidente da OEA. Mas se a dona Dilma ganhar, ela não vai se esquecer do senhor. Ela não me parece uma pessoa que cuspa no prato que comeu. E aí, pelo menos o senhor arruma uma boquinha na Petrobrás, que infelizmente não foi criada em sua gestão, mas é uma das poucas coisas que estão dando certo atualmente no Brasil.
Vou plagiar o senhor, ao terminar esta missiva. Nunca na história deste pais estivemos numa situação diplomática internacional tão ridícula como hoje estamos.
Um bom dia para o senhor presidente, esteja onde o senhor estiver.
Adelina Gameiro